Vendas à China podem reduzir impacto da crise

Fotografia: DR

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As exportações angolanas de petróleo a longo prazo para a China podem reduzir os efeitos da queda do preço daquele produto, noticiou a agência Macauhub, com base em fontes do África Monitor Intelligence .

A agência de notícias refere que Angola, devido à queda das receitas petrolíferas, é obrigada a recalcular as contas públicas e repensar o modelo económico, reforçando a diversificação, mas que tem “uma almofada” nos contratos de fornecimento à China.
A China, devido a contratos de fornecimento de longo prazo, que começaram a ser desenvolvidos sobretudo a partir de 2002, é o maior comprador de petróleo de Angola, tendo absorvido cerca de metade das exportações em 2013, último ano completamente apurado.
Um relatório da Africa Monitor Intelligence, que menciona “altos funcionários do Governo angolano”, salienta que “a queda abrupta do preço do petróleo preocupa as autoridades nacionais”, que referem “uma série de factores atenuantes” a nível interno, que permitem alguma margem de manobra na gestão da situação.
Entre aqueles factores conta-se o tipo dos contratos de fornecimento futuros à China e a forma como o preço é definido, favorável a Angola em momentos de turbulência no mercado.
O África Monitor Intelligence,  reconhece que Angola dispõe de confortáveis reservas cambiais e de grande capacidade de acesso ao crédito para enfrentar problemas pontuais que eventualmente se manifestem.
Angola assegurou na semana passada um financiamento de 500 milhões de dólares, repartidos em partes iguais pela Goldman Sachs e pela britânica Gemcorp Capital depois de ter assegurado em Dezembro um financiamento de dois mil milhões da China, para o sector petrolífero. O Africa Monitor Intelligence realça igualmente que as autoridades angolanas acreditam que a crise nos preços é curta duração.
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, deixou transparecer na mensagem de fim de ano algumas preocupações quanto ao impacto do preço do petróleo no plano orçamental e na economia.
A nível económico, a situação  inerente à queda do preço do crude veio tornar mais prementes os esforços de diversificação da económia, que passam pelo desenvolvimento de vários sectores, doa quais se destacam a a agricultura e indústria. A Economist Intelligence Unit (EIU) diz num relatório que “a actual situação vai acelerar a diversificação económica” e que “há sinais de esperança sobretudo na indústria, que representa menos de 10 por cento do PIB angolano, mas está em franco crescimento, em boa parte devido ao novo sistema de tarifas aduaneiras, mais proteccionista”. O ministro da Economia afirmou em Outubro que a baixa do preço do petróleo no mercado internacional é uma oportunidade para o país diversificar a economia em relação ao sector do crude.
Abrahão Gourgel disse ser “fundamental que o país enfrente este momento com eficácia e determinação, tendo em vista o desafio da diversificação da actividade económica”.
Como sectores potenciais para a diversificação, mencionou agricultura, alimentação, agro-indústria, a actividade extractiva, bem como a cadeia produtiva do petróleo, a que se juntam habitação, água, energia, transportes e logísticas.
Novas zonas industriais, a maior dos quais é a de Viana, “tendencialmente geram mais emprego, incluindo trabalhadores não qualificados, e o seu desenvolvimento “pode ajudar Angola a reduzir a dependência de bens importados”, refere uma análise recente da EIU sobre o impacto da queda das receitas petrolíferas.
O Executivo angolano continua interessado em investimento estrangeiro e oferece inclusivamente benefícios fiscais bastante favoráveis. O relatório da EIU salienta que se Angola melhorar o abastecimento de energia e eliminar burocracias está numa “posição privilegiada” para desenvolver as exportações regionais, principalmente devido “às recentemente reconstruídas linhas de caminho-de-ferro”.

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