UNIÃO AFRICANA ASSINALA 62ª EFEMÉRIDE CONTINENTAL COM MENSAGEM DO PRESIDENTE JOÃO MANUEL GONÇALVES LOURENÇO

O Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, proferiu hoje, 24 de Maio, às 8h00 de Luanda (10h00 de Addis Abeba), uma mensagem para assinalar o 25 de Maio, Dia de África.

A mensagem, apresentada em vídeo, foi emitida na Sede da organização, em Adis-Abeba, num evento de confraternização preparado para o efeito, com várias intervenções, que culminou com a mensagem do Presidente em exercício da União Africana e Chefe de Estado angolano, João Lourenço.

Na ocasião, o estadista angolano começou por destacar o papel determinante de figuras cujos ideais permitiram construir os primeiros alicerces da unidade continental, entre elas Kwame Nkrumah, Haile Selassie, Julius Nyerere, Gamal Abdel Nasser, Sekou Touré, Agostinho Neto, Amilcar Cabral, Njomo Kenyata, Robert Mugabe.

O Presidente da União Africana sublinhou que os esforços contínuos da organização continental, para reforçar a governação democrática, promover o desenvolvimento económico sustentável e garantir a paz e a segurança em todo o continente, correspondem à materialização de ideais compartilhados por cada cidadão do continente.

A busca pela materialização deste desiderato, destacou o estadista angolano, obriga a que todos os filhos de África, principalmente os que têm a responsabilidade de conduzir os destinos do continente, a empenharam-se a cada dia com toda a energia e saber, na edificação de uma África com valores, com realizações e conquistas, em que todos  se possam rever.
“África não quer continuar a ser apenas um continente à espera de apoio, mas sim um actor estratégico em construção, que oferece soluções para si próprio e para o mundo”, destaca-se na mensagem do Presidente da União Africana.

O Presidente João Lourenço defendeu a necessidade de acreditar e renovar a fé num futuro africano, assente na solidariedade, na paz e na cooperação entre os povos, mas, também, na construção de uma organização continental com bases institucionais sólidas.

O Chefe de Estado angolano lembrou que a luta pela emancipação política do continente africano é uma bússola para as gerações actuais face aos desafios contemporâneos, tais como a fragmentação política, os conflitos internos e outros flagelos que, infelizmente, assolam o continente.

Por essa razão, defende o respeito pelos princípios da solidariedade, da cooperação e do respeito mútuo, para que se possa continuar a construir uma África mais integrada, onde as fronteiras se tornem pontes e não barreiras.

Na mensagem, apresentada depois de várias outras intervenções, o Presidente da União Africana apelou para a necessidade de se reavivar, hoje e sempre, o objectivo de todos os filhos de África, que tombaram na luta pela realização do sonho de um futuro em que cada país africano disponha dos meios necessários para satisfazer as necessidades dos seus cidadãos, recorrendo, principalmente, aos seus próprios recursos e talentos.

Na visão do estadista angolano, honrar a visão destes heróis deve traduzir-se no investimento na educação, na boa governação, no reforço da integração económica e no apoio às gerações mais jovens na sua aspiração a um futuro mais digno.

Para que este facto impulsione e dinamize a acção comum do continente, o Presidente Joao Lourenço considerou importante que se tenha, sempre, presente que África enfrenta uma série de desafios complexos que atrasam a sua plena renascença, não obstante o seu imenso potencial.

Sobre este ponto, o Presidente da União Africana realçou, entre outras, a questão da paz e da segurança, tendo manifestado preocupação pelo facto de em algumas regiões do continente continuarem a viver situações de instabilidade devido ao terrorismo transnacional e ao extremismo violento, aos conflitos armados e às tensões inter-comunitárias, entre outros fenómenos que considerou nefastos.

Neste quesito, o estadista angolano mostrou-se particularmente preocupado com as pessoas que vivem em zonas de conflito, frequentemente forçadas a fugir das suas casas, tornando-se em deslocados internos ou refugiados em países vizinhos e a quem é negada a vida com um futuro seguro.

A este quadro, disse juntarem-se, também, as crises políticas e institucionais, muitas vezes caracterizadas por mudanças inconstitucionais de governo e transições contestadas, situação que representa um enfraquecimento do Estado de direito e uma governação frágil.

O Presidente da União Africana reconheceu que, no plano socioeconómico, África está a fazer tudo o que está ao seu alcance para enfrentar o desafio do desenvolvimento inclusivo num contexto mundial incerto.

Mas, apesar disso, aflorou que ainda sobressaem vários desafios, entre os quais realçou o desemprego dos jovens, o acesso limitado à educação, à saúde e à habitação, a insuficiência de infra-estruturas essenciais ao desenvolvimento, como estradas, caminhos-de-ferro, portos, aeroportos.

Além destes itens, destacou, igualmente, as fontes de produção e transportação de energia e, consequentemente, uma muito baixa taxa de industrialização dos países, a dependência de economias pouco diversificadas e os efeitos das mudanças climáticas, como obstáculos à consecução de uma prosperidade sustentável no continente.

Ao lado destes problemas, referiu-se a dívida crescente de certos países e a sua vulnerabilidade aos choques externos, as crises sanitárias ou as perturbações económicas mundiais, que, no seu conjunto, acentuam as desigualdades e a fragilidade social.

O Presidente da União Africana reconheceu haver, hoje, a noção clara de que estes desafios exigem respostas concertadas, instituições fortes e uma vontade política renovada, em consonância com as aspirações dos povos do continente.

Não obstante os desafios que se tem pela frente, o Presidente João Lourenço apelou para a necessidade de se manter uma fé inabalável no futuro de África, que, hoje, mais do que nunca, encarna um continente de esperança e optimismo, impulsionado por uma juventude dinâmica, por recursos naturais abundantes e por uma criatividade constantemente renovada.

Diariamente, destacou, sectores como as tecnologias digitais, as energias renováveis, a agricultura sustentável e a indústria cultural revelam o potencial de África para se reinventar, criar valor e contribuir activamente para a economia mundial.

O estadista angolano disse que este olhar sobre um futuro próspero assenta, também, numa crescente consciência colectiva da necessidade de integração, de governação responsável e de desenvolvimento endógeno.

A implementação este ano da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) e a realização de uma grande conferência sobre infra-estruturas como factor de desenvolvimento em África e outras que contribuam para a dinamização de políticas de desenvolvimento do nosso continente são alguns dos desafios apontados pelo Presidente da União Africana.

“Ao olharmos para o futuro nesta data que hoje celebramos, tenhamos presente o compromisso de servir o desígnio de um continente livre, próspero e unido”, lê-se, ainda, na mensagem do Chefe de Estado angolano.

Para Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço, celebrar África significa renovar a nossa fé no seu potencial e capacidade de superar as adversidades, de afirmar a nossa responsabilidade colectiva e reforçar o nosso empenho numa cooperação sincera, respeitosa e ambiciosa.

“Que este dia seja mais do que uma comemoração, que constitua uma âncora para uma nova era de esperança e de construção comum, lembrando sempre o lema do ano da União Africana, “Justiça para os Africanos e Afrodescendentes, através de Reparações”, enfatizou, no final, o Presidente da União Africana.

SECRETARIA PARA OS ASSUNTOS DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E IMPRENSA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, 24 de Maio de 2025.

 

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