Turismo é uma fonte de receitas adormecida
A ministra do Ambiente, Fátima Jardim, garantiu, na comuna do Missombo, 18 quilómetros da cidade de Menongue, que a província do Cuando Cubango constitui a principal aposta do Executivo para o desenvolvimento do ecoturismo de referência no país, devido ao seu grande potencial em fauna, flora e recursos hídricos.
Fátima Jardim, que falava no acto de abertura da primeirasessão extraordinária da Comissão Multissectorial para o Ambiente, afirmou que o Cuando Cubango, além de ser uma província ecológica com recursos naturais “absolutamente visíveis e invejáveis, é aquela que pode assegurar a diversificação da economia de Angola nos próximos tempos, tendo em conta o seu potencial”.
“O Cuando Cubango, pela sua potencialidade, pode ser a referência, não só no país mas sobretudo no mundo, porque aqui se encontra a maior área transfronteiriça de conservação ambiental e mais de 70 por cento dos recursos hídricos de Angola”, destacou Fátima Jardim.
A ministra realçou que o Cuando Cubango é ainda a maior zona húmida do país e que a Comissão Multissectorial, que integra vários sectores do Executivo, vai assegurar a sustentabilidade do seu desenvolvimento. A Comissão Multissectorial vai continuar a apreciar a forma como os parques nacionais e áreas de conservação devem ser uma alternativa segura para a diversificação da economia, sublinhou.
Fátima Jardim felicitou o esforço do Governo Provincial do Cuando Cubango, liderado pelo governador Higino Carneiro, pelo rápido desenvolvimento da província, “que passou de terras do fim do mundo para as terras do progresso”. A ministra recordou que 2015 é o Ano Internacional da Gestão de Solos e o primeiro Ano Nacional de Educação para a Separação do Lixo e Arborização Massiva, que nesse período se pretende “transformar a qualidade de vida dos angolanos e garantir um ambiente puro e melhor futuro”.
Programas em acção
A Comissão Multissectorial apreciou o Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas de Angola, Plano de Monitorização Ambiental para o Sector Petrolífero e Indústria Petroquímica, Programa de Qualidade Ambiental de Angola, Programa de Defecação ao Ar Livre, Programa Angola Contente e Programa Novo Rumo.
Entre 2012 e 2014, a Comissão Multissectorial para o Ambiente e Biodiversidade decidiu elevar à categoria de parques nacionais os ecossistemas doMaiombe (Cabinda), do Luengue e da Luiana (Cuando Cubango) e criar o Projecto Regional Transfronteiriço para a Conservação Ambiental Okavango Zambeze (KAZA), que integra Angola,Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.
Foi ainda avaliada a comparticipação técnica, financeira ou humana na implementação de projectos através de memorandos de cooperação com objectivos bem definidos, a incorporação das políticas de desenvolvimento e os programas sectoriais de investimentos públicos, bem como acções que visam a conservação e o uso sustentável da biodiversidade.
Para os próximos anos, a Comissão Multissectorial para o Ambiente tem como estratégia a promoção do uso sustentável dos componentes da biodiversidade, reforçar a representação dos ecossistemas de Angola nas áreas de protecção ambiental, investigar e divulgar a informação sobre a biodiversidade, e educar e consciencializar as comunidades para o desenvolvimento sustentável.
Tem ainda como meta reforçar a aplicação das convenções e acordos internacionais ligados à biodiversidade e reforçar o papel das comunidades na gestão da biodiversidade.
Uma maravilha
O governador provincial do Cuando Cubango, Higino Carneiro, disse na ocasião que apesar de não se conhecer ainda a quantidade da população animal existente na província, fruto do atraso na contagem, está seguro que “em termos de abundância, beleza e diversidade ela constitui uma maravilha”. Higino Carneiro realçou que o Cuando Cubango “é coberto por mais de 80 por cento de flora, com muitos recursos hídricos e naturais para se ver e falar no desenvolvimento do ecoturismo.
Na província está a ser concluído o programa aprovado para equipar os destacamentos de fiscais ambientais instalados nas localidades doLuiana, Luengue e Mucusso, cuja actividade tem sido relevante, apesar das insuficiências resultantes daconjuntura, do abate indiscriminado de árvores para a produção de carvão e da caça furtiva de animais selvagens, sobretudo de elefantes para o comércio de marfim.
“A presença de caçadores furtivos para o abate de elefante é mais visível nas regiões que fazem fronteira com a Zâmbia e a Namíbia, constituindo uma preocupação que impõe a aplicação de medidas específicas para neutralizar estes actos nocivos ao ambiente e à biodiversidade”, disse Higino Carneiro.
O governador provincial apelou à criação de programas radiofónicos, televisivos e o uso da imprensa escrita para informar a população dos efeitos negativos do abate indiscriminado da fauna e da flora, para o ambiente e a vida dos seres humanos na Terra. A reunião da Comissão Multissectorial para o Ambiente decorreu na Semana Nacional do Ambiente e contou com a presença, como convidado, doministro das Infra-estruturas e Recursos Naturais e do Ambiente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vilanova, do ministro da Hotelaria e Turismo de Angola, Pedro Mutinde, do representante em Angola do Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento (PNUD), Samuel Abo, secretários de Estado, vice-governadores, directores nacionais e provinciais, entre outras individulaidades directamente ligadas ao Ambiente.