Téte António apela à mudança de narrativa na região dos Grandes Lagos

O ministro das Relações Exteriores, Téte António, apelou esta terça-feira, em Luanda, à mudança da narrativa sobre a região dos Grandes Lagos, passando, assim, a ser sobre as suas potencialidades humanas e riquezas em recursos naturais.

As declarações foram feitas durante a abertura do seminário sobre o Ensino Superior e Segurança Humana da região, que decorre de 21 a 23 de Junho, na capital do país, cujo propósito é o de desenvolver um roteiro de educação superior e segurança humana através da construção do ecossistema de investimento no capital humano.

Segundo o ministro, para uma solução duradoura dos conflitos é essencial o desenvolvimento de estratégias capazes de pôr em relevo as oportunidades económicas com o objectivo de reorientar a educação superior e os sistemas de treinamento do conhecimento a nível da região.

Assim, avançou que a região dos Grandes Lagos tem menos de sete milhões de estudantes no ensino superior inscritos em áreas como as da ciências e tecnologias, engenharias e matemáticas, um número considerado menor que 20 por cento, sublinhando que estas estatísticas precisam ser melhoradas.

O governante considera pior a situação das raparigas e mulheres neste campo, com um número elevado de sub-representação.

“Devemos agir rápido e com qualidade a nível da região para incluir e providenciar maiores oportunidades para as mulheres, especialmente cientistas, e acelerar a matrícula delas na ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, referiu.

Neste sentido, disse ser necessário que se faça mais para a juventude, a nível da região, uma vez que não será estável, segura e desenvolvida se forem deixados para trás.

“Precisamos de criar programas que visam a promoção de uma cultura de inovação, bem como de valores patriótico”, referiu.

Por sua vez, o Secretário Executivo da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), João Caholo, considerou que o ensino superior oferece um forte potencial para a segurança, estabilidade e desenvolvimento da região.

João Caholo referiu ser necessário aproveitar o seminário para reflectir sobre os desafios e  impactos do ensino superior na sociedade, desde os aspectos económicos, sociais, políticos e ambientais.

Defende, de igual modo, o desenvolvimento de metas e objectivos focalizados na contribuição e transformação da região numa esfera de paz, segurança e desenvolvimento, no sentido de melhorar o ensino superior e o aumento das oportunidades económicas para os jovens e mulheres.

“Esta transformação exigirá mudanças no sector da educação e desenvolvimento de competências na região a uma escala e velocidade sem precedentes na história da humanidade”, sublinhou.

Actualmente a insegurança na região dos Grandes Lagos, sobretudo a tensão que se regista na parte oriental da República Democrática do Congo (RDC), tem merecido o acompanhamento do governo angolano, desencadeando várias acções diplomáticas no sentido de cessar a situação.

A CIGRL foi criada após os conflitos políticos que marcaram a região dos Grandes Lagos, em 1994, cujo resultado marcou o reconhecimento da sua dimensão e a necessidade de um esforço concentrado com vista a promoção da paz e do desenvolvimento na região.

Integram a organização Angola, Burundi, República Centro Africana (RCA), República do Congo, República Democrática do Congo (RDC), Quénia, Uganda, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia.

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