Sonangol é empresa sólida
A situação financeira, comercial e operacional da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) é estável e com perspectivas futuras animadoras, garantiu ontem à imprensa o presidente do conselho de administração da petrolífera, Francisco de Lemos.
Ao reagir em conferência de imprensa a rumores sobre uma “falência técnica” ou “bancarrota”, da empresa Francisco de Lemos assegurou que a estabilidade e robustez resulta “principalmente” da redução do seu endividamento à volta de 13,786 mil milhões de dólares, e a um nível de capitais próprios superior a 21,988 mil milhões de dólares.
O responsável referiu que estes indicadores confirmam um índice de solvabilidade financeira de longo prazo inferior a 63 por cento. “Qualquer estado de falência ou de bancarrota poderia provocar num só ano à Sonangol prejuízos acima de 22 mil milhões de dólares”, declarou Francisco de Lemos.
Realçou que após quase um ano do anúncio da queda do preço do petróleo no mercado internacional, “a Sonangol ainda não fez qualquer recurso ao crédito externo”.
Só no primeiro semestre deste ano, a Sonangol comercializou, como parte da sua quota na produção petrolífera nacional, 112.797.277 barris de petróleo bruto, avaliados em seis mil milhões de dólares. “Estes valores resultam da comercialização dos nossos escritórios em Singapura, Londres e Houston, que tiveram o seu ponto mais alto de vendas em Abril, com o preço de 65,8 dólares por barril contra os 41 dólares registados em Janeiro último”.
O gestor disse que a média ponderada para a realização das vendas da empresa para este primeiro semestre situou-se em 55 dólares por barril. É com esta dinâmica de comercialização, afirmou, que a empresa estima um lucro na ordem dos 3,3 mil milhões de dólares este ano. A produção da petrolífera no país ronda actualmente 1.796.000 barris diários contra 1.633.000 barris diários do ano passado, uma margem acima de 12 por cento. A petrolífera possui reservas de combustíveis e de gás butano acima dos mínimos exigíveis pela regulamentação, não havendo em todo o país qualquer registo de constrangimento logístico ou operacional. A Sonangol mantém o seu programa de investimentos em todos os segmentos para este ano, estando programados investimentos avaliados em 6,7 mil milhões de dólares para a exploração e produção de petróleo, refinação e distribuição e logística.
Em função da estabilidade que se verifica neste momento na empresa, Francisco de Lemos não espera um agravamento substancial na estabilidade conjuntural no segundo semestre. “A empresa vai incidir o seu foco na conclusão do processo de licitação e concessões petrolíferas na plataforma terrestre”, disse. As operações internacionais decorrem com normalidade através das subsidiárias Sonangol Limited, em Londres, da Sonusa, em Houston, EUA, e da Sonasia, em Singapura, com prioridade para a manutenção da quota da Sonangol nos mercados da China e da Índia.
A Sonangol mantém simultaneamente as operações petrolíferas no Brasil e na Venezuela, além das actividades que vão conduzir à perfuração do primeiro poço de pesquisa em Cuba em 2016.
Investimentos a nível da banca
Francisco de Lemos garantiu que, apesar do risco do investimento realizado no Banco Económico de Angola, a empresa não vai obter resultados negativos, devido à sua experiência em aplicações na banca. “Todas as intervenções que a concessionária tem feito a nível da banca produziram bons resultados a longo prazo. Temos o caso do Banco Angolano de Investimento (BAI), que é um exemplo de sucesso, do qual a empresa já retirou parte das suas acções”, declarou.
Francisco de Lemos considerou que os investimentos externos, na Galp e no Millenium BCP, em Portugal, são estratégicos para a empresa e que não tenciona retirá-los. “A situação na Galp é estável e temos estado a receber dividendos. Quanto ao Millenium, aguardamos os resultados da reestruturação em curso”, disse o presidente do conselho de administração da Sonangol.