PR NA INAUGURAÇÃO DO HOSPITAL GERAL RAÚL DÍAZ ARGÜELLES
DECLARAÇÕES À IMPRENSA
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PR – Para promovermos a saúde pública em Angola, nós precisamos não apenas de construir infra-estruturas, coisa que temos vindo a fazer, infra-estruturas dos três níveis (primário, secundário e terciário) – e essas grandes unidades são do nível terciário – como também precisamos de dar mais formação aos nossos profissionais de saúde. E esta é uma acção que estamos a fazer paralelamente aos nossos projectos de construção de infra- estruturas. Ao mesmo tempo que estamos a construir, estamos a apostar seriamente na formação, na especialização dos nossos profissionais de saúde, não apenas com vista a termos o número correspondente ao investimento que estamos a fazer nas infra- estruturas, mas, sobretudo, para termos a qualidade de profissionais que vão estar à altura de tirar o melhor rendimento possível dos equipamentos de ponta que nós estamos a instalar nas unidades, sobretudo as do nível terciário.
Não basta comprar equipamentos. Precisamos é de procurar tirar o maior rendimento possível desses mesmos equipamentos que estão a ser instalados. De outra forma não teria valido a pena o investimento que está sendo feito.
Para responder à sua pergunta, era isso. Há dois caminhos a fazer, sobretudo infra-estruturas bem equipadas e capital humano, como se diz. Portanto, formar e enquadrar o maior número possível de profissionais da saúde.
Sem perder de vista também que há uma outra componente que concorre para a saúde pública e que não tem muito a ver com o sector da saúde em si, que é a questão do saneamento básico das nossas cidades.
As nossas cidades, em termos de saneamento básico, se estiverem bem, não haver acumulação de lixo, de água, fontes de criação de mosquitos e de outros bichos que são prejudiciais à saúde humana, com certeza estaremos a concorrer para o bem-estar dos angolanos na vertente da prevenção. Portanto, evitar que as doenças surjam reduz a pressão sobre os hospitais.
PORQUÊ RAÚL DÍAZ ARGÜELLES
Ao inaugurar este Hospital Geral do Sumbe, que ganhou o nome de um grande combatente pela liberdade, o Comandante Raúl Díaz Arguelles – é importante destacar este facto -, não apenas do hospital em si, mas do por quê demos o nome do Comandante Raúl Díaz Arguelles a esta unidade.
É que o nosso país conheceu ao longo dos anos várias batalhas. Há uma, a primeira que antecedeu a nossa independência nacional
- estou a referir-me à Batalha do Kifangondo – que graças à bravura dos nossos combatentes, se conseguiu evitar o pior, porque, caso contrário, a nossa Independência não teria sido proclamada, pelo menos naquela data, 11 de Novembro de 1975.
E há uma segunda batalha que aconteceu pouco depois da nossa Independência, mais ou menos um mês depois, aqui na Vila do Ebo. Aconteceu, então, esta grande Batalha do Ebo, em que o Comandante Raúl Díaz Arguelles esteve à frente das forças angolano/cubanas que enfrentaram o inimigo, o exército sul africano, do regime do Apartheid sul africano, e que poderia também <matar> a Independência que ainda estava no berço.
Era um bebé que tinha acabado de nascer, tinha um mês de vida sensivelmente e, portanto, ainda muito frágil e que os nossos inimigos da altura pensavam ser possível ainda reverter a situação.
Angola tornou-se independente a 11 de Novembro e, um mês depois, eles tentaram reverter esta situação, retirar dos angolanos a grande vitória sobre os 500 anos de colonização.
Depois disso, houve outras batalhas pelo país fora, batalhas que são conhecidas e que não interessa referir neste momento. Mas eu destaquei propositadamente essas duas, porque uma foi dias antes da proclamação da Independência, e a outra foi dias depois da proclamação da Independência. Qualquer uma delas, se nós não tivéssemos vencido, quem sabe não seríamos independentes, ou seríamos, mas não naquela altura.
Seria muito mais tarde e à custa de muito mais suor, mais sangue, que os angolanos teriam de verter. Daí a importância do Comandante Raúl Díaz Arguelles, que junto dos angolanos, de um pequeno contingente cubano, muito pequeno, conseguiram enfrentar a unidade blindada dos sul africanos, que não passou da Vila do Ebo, como foi dito aqui. Caso tivessem passado, encontrariam o caminho aberto para mais facilmente chegarem à capital do nosso país, Luanda.
Ao darmos o nome do Comandante Raúl Díaz Arguelles, nós quisemos não apenas homenagear ele próprio como pessoa, mas quisemos homenagear todos os combatentes cubanos que verteram o seu sangue, deram a sua vida aqui no nosso solo pátrio, em Angola, ao longo de muitos anos.
Eles estiveram presentes não apenas em 1975, mas estiveram presentes durante anos em Angola, a combater lado a lado com os combatentes angolanos para garantir a nossa Independência, garantir a nossa soberania nacional.
Portanto, este nome simboliza todos aqueles cubanos que verteram o seu sangue em Angola e não especificamente o Comandante Raúl Díaz Arguelles”.