Portugal satisfeito com nível das relações

Fotografia: Kindala Manuel

Fotografia: Kindala Manuel

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete, disse ontem, em Luanda, que sai de Angola com o sentimento de que as relações entre Angola e Portugal ficam reforçadas.

Rui Machete, que prestou estas declarações após o encontro com empresários portugueses, disse que tal constatação assenta na afirmação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, de que as relações melhorariam doravante.
“Saio muito satisfeito daqui, porque já tinha relações sólidas de entendimento com o ministro Georges Chikoti e tive a oportunidade de ser recebido pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, com quem tive uma conversa em que afirmou que o clima nas nossas relações melhoraria daqui em diante. Saio satisfeito, progredimos e foi dado um impulso necessário nas nossas relações”, sublinhou.
Sobre os negócios, Rui Machete disse que existem muitos sectores nos quais se podem aplicar o investimento de empresas portuguesas em Angola, afirmando que além da construção, as empresas lusas podem investir noutras áreas.
Em jeito de balanço, o ministro disse estar satisfeito por ter alinhavado, com o seu homólogo angolano, os pilares a seguir nos próximos tempos, com realce para a criação, no âmbito económico, do observatório empresarial, que deve ser constituído com a vinda do ministro da Economia de Portugal. “Estamos em condições de o pôr a funcionar”, assegurou.
Outro aspecto relevante que abordou com o ministro Georges Chikoti é a realização de uma reunião empresarial, no início de Maio, para discutir oportunidades de negócios. Um terceiro aspecto tem a ver com a necessidade da institucionalização anual de uma reunião bilateral ministerial.
Na reunião com os empresários, foram abordados aspectos relacionados com o dia-a-dia dos homens de negócios, constrangimentos e sucessos. Mas foi a questão dos vistos de trabalho que mais uma vez dominou a reunião.

Ambiente empresarial

“Temos uma impressão realista sobre o que se passa em Angola, para as empresas portuguesas e não só. A actual conjuntura económica angolana, derivada da queda do preço do barril de petróleo, afecta a economia e todos os sectores”, disse o administrador da Visabeira Angola, Gil Silveira. Gil Silveira disse estar consciente das dificuldades a enfrentar, sendo que elas se podem reflectir em diversos domínios. “Sabemos que não estaremos num período folgado com ventos favoráveis, mas estamos aqui para enfrentar as dificuldades. Não vamos abandonar o barco. Vamos à viagem”, referiu, numa alusão a actual conjuntura económica de Angola.
Ontem, no seu segundo dia de visita, Rui Machete visitou o local onde decorrem as obras para a substituição da ponte Molhada, a cargo da empresa portuguesa Tecnovia. O ministro visitou também a escola de formação da construtora Duarte Teixeira, que pretende promover a transferência de tecnologias para dotar os profissionais angolanos para os desafios neste segmento.
Rui Machete considerou a empresa portuguesa Tecnovia um bom exemplo na qualidade de engenharia e também da interacção de empresas portuguesas e angolanas, entre os técnicos dos dois países.
“As empresas portuguesas devem contribuir para a superação técnica dos angolanos. Isso é importante. A Tecnovia é um exemplo disso, tem muitos estagiários e tem dado formação, além de criar empregos”, referiu. Se a baixa do petróleo pode ou não condicionar pagamentos às empresas portuguesas que operam em Angola, o ministro acredita que tal não aconteça ainda. “É natural que isso venha a pôr-se. É uma coisa que toda a gente sabe que pode acontecer. Porém, há soluções que vão minimizar o problema e na medida das nossas possibilidades estamos dispostos a ajudar. Temos experiência do que é a austeridade e reconhecemos que é preciso ajudar”, disse, sustentando que essa ajuda pode ser processada não só numa lógica de relação Estado a Estado, mas também entre sociedade civil, e entre empresas.

Comércio bilateral

O representante da Agência de Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Moura, falou dos números que resultaram do comércio bilateral entre Angola e Portugal, tendo considerado 2013 um ano recorde nesse ponto de vista.
O somatório das trocas comerciais superou os sete mil milhões de euros. Portugal exportou para Angola bens avaliados em 3,1 mil milhões de euros, ao passo que no segmento dos serviços foram exportados 1,4 mil milhões.
Quanto a Angola, os registos indicam que as exportações para Portugal atingiram 2,6 mil milhões de euros. Até Outubro, as exportações portuguesas aumentaram três por cento.
“Mais importante que as exportações é o volume de investimentos. Nós promovemos Angola como um grande mercado de exportação, mas promovemos também o investimento das empresas portuguesas em Angola, que permita transferir tecnologias e equipamentos, formar quadros e substituir importação por produção local, e vemos com bons olhos que tal continue a decorrer”, disse Luís Moura, lembrando que Portugal, em 2013, voltou a assumir o primeiro lugar como investidor estrangeiro em Angola no sector não petrolífero.  Em 2014, Portugal foi segundo investidor estrangeiro.

 

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