Petróleo angolano equilibra mercado

Fotografia: AFP

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Maiores exportações angolanas contribuíram para o aumento do volume de produção da OPEP em Agosto, revela um relatório daquela organização.

O documento afirma que o aumento das exportações angolanas e a recuperação da produção na Líbia compensaram o corte na Arábia Saudita e subiram a produção da Organização dos Países Exportadores do Petróleo (OPEP) para 30,35 milhões de barris por dia (bpd).
A Arábia Saudita reduziu a produção de Agosto em 400 mil bpd, corte que coincide com uma queda dos preços do petróleo para cem dólares o barril.
O relatório, que também cortou as previsões da procura por petróleo da OPEP este ano e no próximo, aponta para um excedente de mais de um milhão de bpd em 2015 se aquela organização mantiver a produção aos níveis actuais.
Os preços do petróleo caíram devido a preocupações com o enfraquecimento da procura e amplos fornecimentos, levantando a questão sobre se a Arábia Saudita, detentora da maior capacidade de produção e reservas do mundo, vai refrear a oferta. O Brent caiu na segunda-feira abaixo de cem dólares, o que sucedeu pela primeira vez em 14 meses.
A Arábia Saudita, apoiada pelo Kuwait e Emirados Árabes Unidos, tem impulsionado a oferta informalmente para cobrir interrupções não planeadas nos últimos meses noutros membros da OPEP, entre os quais a Líbia, que recupera a produção. A Arábia Saudita declarou à OPEP ter produzido 9,597 milhões de bpd em Agosto, abaixo dos 10,005 milhões de barris por dia em Julho.

Cartel confiante

Os representantes da OPEP não manifestaram preocupação com a queda dos preços, vendo-a como algo temporário que se ajusta ao aumento da procura do Inverno. A OPEP prevê uma procura global do seu petróleo de 29,20 milhões de bpd – 160 mil menos do que se pensava – mas o relatório mostra que a oferta supera no próximo ano a procura em 1,15 milhão de bpd se a organização continuar a fornecer à taxa de Agosto. Uma crescente oferta de produtores de fora da OPEP, particularmente os Estados Unidos, devido ao seu boom de gás de xisto, suprimiu a quota de mercado do cartel sedeado em Viena.
A produção norte-americana de crude foi de 8,6 milhões de bpd em Agosto, o maior desde 1986, referem dados do Governo. A próxima reunião em que a OPEP revê a sua política de oferta é em Novembro.

Meta inalterável

Angola recupera os níveis de produção de petróleo, com a reanimação de alguns campos e o início de actividade do projecto Clov (Cravo, Lírio, Orquídea e Violeta) no bloco 17, garantiu o ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos. Com a tendência de retoma e de crescimento da produção, o Executivo mantém a meta de atingir uma produção diária de mais de dois milhões de barris de petróleo a partir do próximo ano.
Devido ao impacto da redução da produção do petróleo registada no primeiro semestre por causa da paralisação de alguns campos ,  as reservas internacionais  angolanas voltaram a descer em Julho pelo quarto mês consecutivo para 28,6 mil milhões de dólares contra 29,5 mil milhões contabilizados em Junho, mostram dados recentes do Banco Nacional de Angola. O projecto CLOV prevê atingir uma produção diária de 160 mil barris “ao longo dos próximos meses”, através de quatro campos petrolíferos, em águas profundas entre 1100 e 1400 metros, na bacia do Baixo Congo.
Com reservas calculadas em mais de 500 milhões de barris, trata-se de uma produção com potencial para 20 anos e engloba 34 poços e oito colectores ligados por 180 quilómetros de tubagens submarinas a uma unidade flutuante de produção.
As perspectivas para a exploração e produção de petróleo e gás em Angola, segundo o ministro, são “positivas e animadoras”,  tendo em conta a previsão do aumento dos investimentos em exploração, desenvolvimento e produção em áreas tradicionais. mas sobretudo no pré-sal.

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