Pescas projecta melhores condições para investigação científica

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A ampliação das infra-estruturas e aquisição de novos equipamentos para o Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (INIP), com vista a dar melhor conforto ao capital humano, em geral, e aos cientistas, em particular, constam das prioridades do Ministério das Pescas e Recursos Marinhos.

Segundo a titular da pasta, Carmen Neto, que não adiantou a data de início das obras, o sector está a trabalhar no sentido de se construir um novo edifício e expandir as infra-estruturas de investigação marinha, para melhorar as condições de trabalho dos profissionais do segmento das pescas.

Em declarações à imprensa este sábado, no final de uma visita de constatação às infra-estruturas do INIP e do Centro de Apoio à Pesca Artesanal (CAPA), ambas situadas na Ilha de Luanda, a ministra reconheceu a existência do aumento considerável da procura dos serviços do INIP, facto que obriga ao departamento ministerial trabalhar no sentido de ampliar os espaços de trabalho e dotar a instituição com novos meios tecnológicos.

A governante deu nota positiva ao trabalho que está a ser desenvolvido por esta instituição de investigação, que tem demonstrado um padrão de qualidade alto na investigação aplicada ao sector pesqueiro.

Questionada sobre a existência de várias embarcações inoperantes ou barcos afundados ao longo da costa marítima angolana, Carmen Neto fez saber que o sector vai trabalhar no sentido de se acelerar o processo da retirada destes obstáculos no mar, por representar um perigo à navegação e ocupar espaços onde deviam atracar outros navios em actividade.

A título de exemplo, avançou que o sector vai precisar do espaço adjacente ao INIP (Ilha de Luanda), onde se encontram vários navios fora de serviços e destroços de embarcações que devem ser removidos deste espaço, para permitir que o navio angolano de investigação científica “Baía Farta” possa atracar naquele perímetro, brevemente.

Por sua vez, a directora do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira, Filomena Vaz Velho, afirmou que, além da necessidade de reabilitação e expansão das áreas de trabalho, o INIP também precisa de um novo laboratório de biotoxinas automatizado, para descongestionar o actual equipamento manual.

Adicionalmente, a responsável sublinhou que o instituto necessita de pelo menos 30 novos profissionais, para dar resposta à demanda dos serviços prestados e substituir as vagas que serão deixadas pelos antigos funcionários que vão brevemente à reforma.

Com um efectivo actual de 60 funcionários, o INIP, construído em 1957, está vocacionado para a pesquisa científica, manutenção e conservação dos ecossistemas aquáticos, assim como a qualidade higio-sanitária dos produtos de pesca e seus derivados.

Quanto ao Centro de Apoio à Pesca Artesanal (CAPA), a ministra das Pescas e Recursos Marinhos referiu que esta infra-estrutura também precisa da intervenção do departamento ministerial, no sentido de dar “corpo” ao novo mecanismo de descarga do pescado, consubstanciado na descarga das espécies marinhas com maior segurança fitossanitária.

“O pescado trazido do mar não pode continuar a ser descarregado em qualquer ponto ou local. No entanto, vamos dar a melhor utilização desse CAPA, para absorver o volume de recursos marinhos daquela localidade”, acrescentou.

Degradação da ponte cais deixa mercado inoperante

Conforme disse a coordenadora-adjunta da comissão de gestão da Empresa Distribuidora dos Produtos da Pesca (EDIPESCAS), Matilde Viegas, o CAPA continua a funcionar de forma tímida e sem a presença ou adesão das vendedoras de pescado, devido à degradação da ponte cais que “não está em condições para suportar as embarcações artesanais ou de pequeno porte”.

Referiu que o mercado adjacente à ponte cais tem capacidade para albergar 149 comerciantes, mas até ao momento nenhum comerciante acede ao espaço, por falta de pescado.

Perante este cenário, avançou, o CAPA tem prestado apenas serviços mínimos, centrados no fornecimento de combustível e água às embarcações artesanais, bem como as descargas de pescado das embarcações de maior porte (até 15 metros).

Além do mau estado da ponte cais, apontou também a escassez de equipamentos frigoríficos como outro constrangimento que dificulta a presença das comerciantes no mercado.

Para Matilde Viegas, a solução para os problemas identificados passa, essencialmente, pela construção de uma nova ponte cais, reparação dos equipamentos frigoríficos e da fábrica de gelo.

Destacou que o CAPA possui duas câmaras frigoríficas de conservação (30 toneladas cada) e um túnel de refrigeração, equipamentos que se encontram inoperantes desde a data de inauguração desta infra-estrutura.

Inaugurado em 2016, o CAPA foi entregue à EDIPESCAS em 2018, para a sua exploração e gestão.

A visita teve como objectivo avaliar o estado operacional do património pesqueiro do Estado, assim como aferir os reais benefícios que as infra-estruturas têm proporcionado aos operadores do segmento da pesca.

De acordo com a ministra, a actividade de campo serviu ainda para elucidar que o sector precisa continuar a trabalhar, fundamentalmente, no sentido de melhorar as condições de trabalho de todos os operadores da cadeia de valor da pesca.

Além da visita deste sábado, na última sexta-feira (dia 9), a comitiva do Ministério das Pescas e Recursos Marinhos constatou, igualmente, o estado funcional das infra-estruturas das zonas pesqueiras dos Ramiros e da praia do “Buraco” (município de Belas), bem como do Cabo Ledo, município da Quissama, em Luanda.

Na próxima terça-feira (dia 14), este departamento ministerial vai prosseguir com a actividade de campo à EDIPESCAS.

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