Pequenas empresas mais fortes

Fotografia: Domingos Cadência

Fotografia: Domingos Cadência

O ministro da Economia, Abraão Gourgel reiterou ontem em Luanda o seu compromisso com a promoção do desenvolvimento da economia real, através da criação de emprego, fontes de rendimentos, fortalecimento e capitalização do empresariado nacional, com realce para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME).

Abraão Gourgel falava no encerramento de um fórum sobre investimentos, realizado pelo Fundo Activo de Capital de Risco Angolano, e referiu que a criação de postos de trabalho e o fortalecimento do empresariado representam as metas do sector.
Sobre a diversificação da economia e a industrialização, o ministro disse que são opções irreversíveis porque resultam de uma política deliberada do Estado. É inconcebível acelerar a acumulação do capital necessário sem o aprofundamento e a diversificação das fontes de capital.
“Diversificar as fontes de capitais e desenvolver as bases para o surgimento do capital de risco como alternativa aos financiamentos convencionais, é condição evidente para o crescimento económico sustentável”, sublinhou o ministro na presença de entidades dos vários sectores.
O ministro da Economia reconheceu que o perfil de risco dos empreendimentos no país apresenta acentuada dispersão e variabilidade, o que faz com que as soluções convencionais e padronizadas de financiamento se revelem, muita vezes, pouco adaptadas aos projectos de investimento.
“O capital de risco é uma fonte de financiamento de longo prazo para as Micro, Pequenas e Médias Empresas e com elevado potencial de desenvolvimento”, disse. Acrescentou que ao apoiar as iniciativas ligadas ao capital de risco, o Executivo teve em mente as inúmeras vantagens associadas a este tipo de financiamento.

Experiência internacional

Abraão Gourgel falou das experiências internacionais de várias décadas nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), na Ásia e na América Latina. “As companhias de crescimento rápido apoiadas por capital de risco tendem a criar um número maior de novos empregos bem remunerados e qualificados, comparativamente a outras empresas que são financiadas convencionalmente”, disse.
Abraão Gourgel afirmou que ao permitir o acesso a recurso de terceiros, de forma não convencional, o capital de risco contribui para aumentar o investimento da economia, acelera o crescimento das MPME e promove também a formalização do sector privado. O capital de risco estimula também a boa governação das empresas.
“A experiência internacional com o mercado de capital de risco reconhece que, na fase inicial de desenvolvimento deste mercado, é imprescindível o apoio das políticas públicas, inclusive sob a forma de apoio financeiro”, disse o ministro. Os fundos de Capital de Risco podem atrair investimentos privados. Na fase actual da nossa economia, o mercado de capital de risco defronta-se com desafios que incluem a falta de capacidade na preparação de planos de negócios, a reduzida dimensão dos mercados de capitais e a falta de serviços comerciais e profissionais de qualidade.
O Ministério da Economia desenvolve iniciativas em apoio ao capital de risco, que incluem a criação do Fundo de Capital de Risco e legislação correspondente, apoio à capitalização do Fundo em 100 milhões de dólares, dos quais 85 milhões já foram realizados, faltando 15 milhões.

Projectos financiados

Actualmente, o Fundo de Capital de Risco capitalizou um projecto no sector da indústria transformadora com dois milhões de dólares. No segmento do processamento alimentar investiu em dois projectos com um valor de 3,6 milhões de dólares e nas Tecnologias de Informação investiu em dois projectos com um montante de 10,6 milhões.
O Fundo de Capital de Risco investiu ainda em projectos para o sector dos serviços médicos com um valor de 1,6 milhões, um em Tecnologias de Informação e Comunicação com um valor de oito milhões, um outro na indústria farmacêutica com um valor de um milhão de dólares. No domínio das Biotecnologias investiu quatro milhões e no domínio dos serviços, investiu num projecto com o valor de 8,1 milhões de dólares.
No total, encontram-se em análise e em fase final de contratação dez projectos com investimentos previstos de 38,9 milhões. Destes, seis projectos foram aprovados e quatro estão em análise avançada.

Bolsa de empresas

O ministro anunciou que está em análise, no Ministério da Economia, a criação de uma “bolsa de empresas”, através do processo de certificação de empresas do Instituto Nacional das Pequenas e Médias Empresas, capacitadas para serem possíveis alvos de investimento do Fundo de Capital de Risco.
“Não basta instituir os mecanismos que disponibilizem o capital às empresas. É preciso também que estas se capacitem para estruturar os seus projectos e apresentá-los de forma adequada aos potenciais investidores”, disse o ministro, afirmando que neste sentido, os programas do Ministério da Economia prevêem a capacitação dos micro, pequenos e médios empresários.
O objectivo é que apresentem projectos de investimento e planos de negócios bem estruturados e fundamentados, o que reduz os riscos dos investidores na aquisição de participações societárias.
O ministro Abraão Gourgel disse que o Executivo está empenhado em promover o desenvolvimento deste mercado. Mas tudo deve assentar na formulação de um quadro legal e regulatório apropriado.

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