Papel das Mulheres em debate na ONU
A ministra Filomena Delgado intervém hoje, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para pedir maior participação das mulheres na prevenção e resolução de conflitos no mundo.
A intervenção decorre durante o debate aberto sobre o tema “Mulheres, Paz e Segurança: O Papel das Mulheres na Prevenção e Resolução de Conflitos”, proposto por Angola, enquanto presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para este mês de Março.
Filomena Delgado vai pedir, durante a sua intervenção, mais espaço para as mulheres nas negociações de paz. “Notamos que quanto maior o envolvimento das mulheres na prevenção e solução de conflitos, melhores são os resultados”, disse a ministra, sublinhando que as mulheres angolanas pretendem juntar a sua voz ao grito das africanas que querem ser tidas como companheiras e não como armas de guerra, principalmente em casos de terrorismo, violações sexuais e discriminação.
Além de exigir uma mudança de atitude dos países, a ministra entende que o próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas deve ajustar as suas políticas em prol do reforço do papel das mulheres no diálogo e outras iniciativas para a paz mundial. Com a presença de mulheres de algumas áreas em conflito, como é o caso do Burundi, as mulheres africanas pretendem aproveitar o debate aberto para apresentar as suas ideias, no âmbitos das reformas pretendidas para o Conselho de Segurança da ONU.
O debate de hoje segue-se ao realizado no dia 21, a nível ministerial, sobre “Manutenção da Paz e Segurança Internacional: Prevenção e Resolução de Conflitos na Região dos Grandes Lagos”, orientado pelo ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, e que teve a participação de todos os chefes da diplomacia dos Estados membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas e da Região dos Grandes Lagos.
A presidência angolana do Conselho de Segurança pretende aproveitar a presença na sede da ONU de várias organizações e delegações femininas que participam nos eventos sobre o Estatuto da Mulher para colher contribuições e tornar o debate mais proveitoso. Ao justificar a proposta do tema, o representante de Angola nas Nações Unidas e presidente do Conselho de Segurança sublinhou que em Março Nova Iorque se transforma em cidade das mulheres.
Numa altura em que faltam menos de três dias para o termo da presidência rotativa do Conselho de Segurança, Ismael Martins reiterou o desejo de Angola em continuar a dar o seu contributo na busca de soluções, por via do diálogo, para a estabilidade dos países constantes na agenda do Conselho de Segurança, como o Burundi, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, República Democrática do Congo, República Centro Africana, Mali, Sudão, Sudão do Sul, Saara Ocidental, Líbia, Israel, Palestina, Síria, entre outros.
A assumpção da presidência do Conselho de Segurança é o ponto mais alto de qualquer Estado membro das Nações Unidas, responsável por zelar pela paz e a segurança internacional, e requer grande responsabilidade e esforços redobrados.
Como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU desde Janeiro do ano passado, Angola quer valer-se da sua experiência nacional e da liderança do Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, na Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos.
Em Janeiro, durante a cerimónia de cumprimentos de ano novo ao corpo diplomático, o Presidente José Eduardo dos Santos garantiu fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que o país corresponda às expectativas depositadas na gestão dos assuntos que constam da agenda das Nações Unidas. “Vivemos num mundo global e plural, onde a concertação, o diálogo e a negociação motivados por uma firme vontade política devem ser o principal factor de aproximação e de relacionamento entre os Estados e as nações”, disse o Chefe do Estado angolano, para acrescentar: “Acredito, com efeito, que o espírito de abertura para o diálogo, a tolerância e a prevalência da razão ou bom senso são a chave para a resolução dos problemas que hoje afectam a Humanidade.”
José Eduardo dos Santos disse que o mundo i atravessa um período de crise económica e financeira agravada pela proliferação de conflitos e guerras locais e sub-regionais, de que decorrem consequências humanitárias muito graves. “Os conflitos no Médio Oriente, por exemplo, e a intensificação do terrorismo, em particular, são aqueles que, pela sua dimensão e envolvimento, têm merecido maior atenção mundial”, disse, para sublinhar a urgência de uma solução abrangente e inclusiva, capaz de pôr termo aos problemas e assim viabilizar a estabilidade de toda a região e remover a causa principal do crescimento do número de refugiados que se dirigem para a Europa.
“Os conflitos candentes, que continuam a existir em África, são a principal preocupação dos povos deste continente. Tanto as Nações Unidas como a União Africana devem dedicar especial atenção às crises na Líbia, no Mali, na República Centro Africana, no Sudão, no Sudão do Sul, na Somália e no Burundi”, disse o Presidente angolano.
José Eduardo dos Santos afirmou que a paz deve ser a primeira prioridade de todos os países e em todos os continentes, de modo a não se comprometer o destino comum. “Esse destino não pode ser outro senão o do progresso, desenvolvimento e harmonia entre os povos.”
Angola, que cumpre o seu segundo mandato no Conselho de Segurança, foi eleita a 16 de Outubro de 2014, na 25.ª sessão plenária da Assembleia Geral da ONU, membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para um mandato não renovável de dois anos, a contar de 1 de Janeiro de 2015.
No ano passado, paralelamente ao cumprimento do seu mandato no Conselho de Segurança, Angola teve participação activa nos trabalhos das seis Comissões da Assembleia Geral das Nações Unidas. Durante as 245 reuniões públicas e privadas, bem como as 151 sessões de consultas realizadas pelo Conselho de Segurança, de Janeiro a Dezembro de 2016, Angola advogou a via do diálogo para a solução dos conflitos que ciclicamente ocorrem em vários países do mundo.
O ponto mais alto foi a participação no Debate Geral da 70.ª Assembleia Geral da ONU, em Setembro do ano passado, com uma delegação chefiada pelo Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, na qual estiveram presentes mais de 150 Chefes de Estado e de Governo.