Papa vem a Angola

Fotografia: Mota Ambrósio
O Presidente da República regressou ontem ao país, depois de uma visita de quatro dias que o levou a França e, até quinta-feira, ao Estado do Vaticano, onde foi recebido pelo Papa Francisco. Nas deslocações a Paris e ao Vaticano, José Eduardo dos Santos, acompanhado da Primeira-Dama e de membros do Executivo, abordou a cooperação bilateral e a paz em África e no mundo.
No Vaticano, última etapa da visita, além do convite para o Papa Francisco visitar Angola em 2016, ficou o compromisso de, ainda este ano, ser assinado um acordo geral de cooperação entre Angola e a Santa Sé. “Vamos evoluir. Já não se fala muito de concordata, mas vamos fazer um acordo normal de cooperação.
Este encontro entre o Presidente da República e o Papa Francisco permitiu aproximar os dois Estados”, disse o ministro das Relações Exteriores, realçando que a relação é antiga.
No encontro, as conversações centraram-se na contribuição dada pela Igreja Católica em Angola à educação e à saúde, e na avaliação de alguns desafios, como a desigualdade social, o desenvolvimento integral das pessoas, a reconciliação, a justiça e a paz. O Papa e o Presidente angolano dedicaram uma atenção especial aos conflitos no continente africano.
O encontro serviu para os dois líderes reafirmarem o compromisso de promoção da paz e da estabilidade no continente africano e no mundo.
Na véspera do encontro e perante membros do corpo diplomático africano acreditado na Santa Sé, o Presidente da República reconheceu o papel importante e a “cooperação tradicional” entre os dois Estados. José Eduardo dos Santos destacou o apoio da Igreja nos sectores da saúde, da educação e da assistência social, e no resgate dos valores éticos e morais.
Cooperação com a França
Antes do Vaticano, o Presidente da República esteve em Paris, na terça e quarta-feira, onde manteve um encontro privado com o seu homólogo francês, François Hollande. José Eduardo dos Santos, que é também o Presidente em exercício da Conferência Internacional dos Grandes Lagos, discutiu com o líder francês questões relacionadas com a paz e a segurança em África.
Sobre a situação na República Centro Africana (RCA), saudaram o apoio internacional ao governo de transição, particularmente de Angola e França, que permite a retomada gradual dos serviços públicos naquele país.
Os dois países estão empenhados em ajudar a RCA a encontrar a paz e os caminhos para o desenvolvimento. A França tem em Bangui um contingente militar a apoiar as forças de paz, enquanto Angola garante apoio financeiro e humanitário.
Durante a visita a Angola da Presidente interina da RCA, no início do mês passado, Luanda e Bangui assinaram três instrumentos jurídicos, no quadro da cooperação bilateral: um Memorando de Entendimento, um Acordo de Cooperação Indicativo e um de Cooperação Financeira.
O protocolo financeiro consiste numa doação avaliada em dez milhões de dólares, que a República de Angola concedeu à RCA, para o funcionamento do Governo e também para atender questões relacionadas com a crise humanitária.
José Eduardo dos Santos e François Hollande congratularam-se com os resultados da Missão da União Africana e da força francesa na República Centro Africana, sublinhando a necessidade de prosseguir os esforços para proteger os civis.
Intervenção na RDC
Os dois Presidentes apelaram ao resto da comunidade internacional para que a RCA possa receber apoio adequado para lidar com a crise humanitária, que aflige há mais de um ano, e pediram medidas à ONU, para garantir capacidade operacional à missão de paz, que deve começar as operações a 15 de Setembro.
Em relação à República Democrática do Congo, os dois Chefes de Estado expressaram satisfação pelos progressos observados no Leste daquele país, na sequência da entrada em cena da Brigada de Intervenção Africana, criada no ano passado, com mandato das Nações Unidas, para a estabilização do país.
No comunicado lido após o encontro em privado, José Eduardo dos Santos e François Hollande reconheceram haver uma tendência positiva no projecto de operações de manutenção da paz e a situação no terreno prova a eficácia da Brigada de Intervenção Africana.
Diversificação económica
O Presidente da República aproveitou a estada em Paris para convidar os empresários franceses a investirem em Angola, em parceria mutuamente vantajosa para os dois países. O processo de diversificação da economia angolana abriu a possibilidade de um aumento do investimento conjunto das empresas de ambos os países, num espírito de reciprocidade.
“Consideramos de suma importância que na posição de investidores estrangeiros estabeleçam com investidores angolanos verdadeiras parcerias com benefícios recíprocos, envolvendo, além da aplicação de capitais, transferência de conhecimentos, tecnologias e cruzamentos de participação”, sublinhou.
Para promover a parceria entre as empresas de ambos os países, vai ser realizado um trabalho técnico conjunto, para facilitar a mobilidade profissional, assinala o comunicado final. Os dois Chefes de Estado felicitaram a boa cooperação no domínio do ensino superior, da investigação científica e formação em gestão, e saudaram a assinatura de um acordo entre os dois governos sobre este assunto.