Mundo dos negócios exige melhores regras

Fotografia: Mota Ambrósio
O ministro da Economia, Abraão Gourgel, disse ontem em Luanda, no I Fórum Económico dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), que os Estados membros devem acelerar os mecanismos legais que visam melhorar o ambiente de negócios na comunidade.
O ambiente de negócios na comunidade “ainda continua a retrair o investimento estrangeiro\”. Ao discursar na abertura, o ministro disse que “é preciso tornar cada vez mais atractivo o ambiente de negócios nos nossos países, libertando-nos de amarras burocráticas e desnecessárias que impedem o nosso crescimento\”.Para o governante, deve-se criar condições para a protecção do “investimento directo estrangeiro\” e acelerar os processos de circulação de pessoas, bens e capitais a nível dos PALOP. O objectivo só se materializa com o surgimento e a consolidação de uma ampla base empresarial “efectivamente interactiva\” que assente sobre os pilares do dinamismo e da competência.
Esta classe empresarial deve ser criada com base na participação das micro, pequenas e médias empresas, com o objectivo de dinamizar as economias dos PALOP e consequente aumento do emprego. Os recursos humanos e as matérias-primas são imprescindíveis em todo esse processo.
Para tal, o ministro sublinhou que é preciso uma exploração racional dos recursos que os países da comunidade oferecem e que sejam feitos de modo a estabelecer ligações entre os Estados membros.
“Temos de tirar os maiores benefícios e vantagem comparativa resultantes da dotação de recursos da maioria das nossas economias e assim concretizar as boas oportunidades para construir uma economia e uma sociedade próspera e equitativa\”, disse.
A agricultura e o agro-negócio podiam ser um destes recursos a aproveitar a nível dos PALOP. “A agricultura e o agro-negócio são os melhores exemplos de potencial de valorização dos nossos recursos por via da criação de riqueza de postos de trabalho, sobretudo se propiciarmos a agregação de valor nacional e a valorização das cadeias produtivas\”, referiu.
Desenvolvimento
O Fórum, que encerrou ontem em Luanda, numa promoção da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) e a Confederação Empresarial dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (CE-PALOP), debateu sobre os mais diversos assuntos relativos ao desenvolvimento económico dos Estados membros.
O antigo Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, ao apresentar o primeiro painel sobre “Independência política versus independência económica\”, sugeriu a criação de um fundo para promoção da actividade empresarial a nível da comunidade.
Pedro Pires disse que é uma iniciativa “ímpar\” para potenciar principalmente os empresários que não tenham garantias físicas para aquisição de financiamentos através dos bancos. Os empresários dos PALOP continuam a enfrentar diversos obstáculos no que concerne à aquisição de financiamento para desenvolverem os seus negócios.
“Esta quarta-feira foi criada a Confederação Empresarial dos PALOP (CE), que vai ter a responsabilidade de ser intermediário entre os empresários e os bancos\”, indicou. O secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, disse que com mais investimentos já é possível elevar os níveis de produção dos países membros. “Como se pode compreender que em África, onde cerca de 60 por cento da sua população se dedica à agricultura, apenas dez por cento deste valor é aproveitado?\”, questionou.
O antigo primeiro-ministro angolano, Lopo do Nascimento, disse que os governos devem criar mecanismos para incentivar a produção local e apostar nas cadeias de valores, como a industrialização.
Além destes temas, o Fórum analisou a situação da “Capacitação das micro, pequenas e médias empresas africanas\”, apresentada por José Severino, presidente da Associação Empresarial Industrial (AIA), a “Cooperação económica e internacionalização\”, cujo orador foi Raphael Bassama, administrador executivo da GMT, e \”Instrumentos financeiros de apoio ao empresariado africano, oportunidades e constrangimentos\”, que foi abordado pelo antigo ministro das Finanças, José Pedro de Morais.
Confederação Empresarial
Ontem, à margem do Fórum, foram apresentados os novos membros da Confederação Empresarial dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (CE-PALOP) que é dirigida pelo empresário Francisco Viana.
A organização ora constituída tem como missão aproximar o empresariado dos seis países africanos e fortalecer a sua rede de contactos. Fazem parte da CE-PALOP Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, mais a Guiné Equatorial, que integra oficialmente a CPLP na cimeira que se realiza na próxima semana, em Díli.
Francisco Viana disse que um dos principais objectivos da organização é promover o desenvolvimento equilibrado da cooperação entre os agentes económicos públicos e privados dos países participantes.
No leque de programas a serem desenvolvidos durante o seu mandato, consta a promoção e dinamização da cooperação económica, financeira e empresarial a nível dos PALOP, incentivar a troca de experiências e promover a cooperação entre os diferentes sectores do Estado e a sociedade civil. A (CE-PALOP) vai trabalhar em parceria com a Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP) para criar um ambiente favorável aos negócios.