Missão angolana está em Genebra

Fotografia: Santos Pedro
Uma delegação angolana chefiada pelo ministro da Assistência e Reinserção Social, João Baptista Kussumua, participa desde ontem na 65ª sessão do Comité Executivo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que decorre no Palácio das Nações, em Genebra (Suíça).
A sessão, na qual o ministro João Baptista Kussumua interveio, teve início com um Segmento de Alto Nível sobre o tema “Fortalecimento da Cooperação Internacional, a Solidariedade, as Capacidades locais e Acção Humanitária em prol dos Refugiados em África”. O objectivo deste segmento é incentivar o apoio da comunidade internacional para fazer face às crises de deslocados no continente africano, assim como as emergências e situações prolongadas, que têm forçado um elevado número de pessoas a abandonar as suas casas em busca de segurança.
Kussumua participou ainda ontem num evento paralelo sobre o tema “50 anos de exílio: encerramento do capítulo dos refugiados angolanos”.
Nos registos do ACNUR, 2014 fica inscrito como o ano em que o número de pessoas forçadas a abandonar as suas casas em todo o mundo atingiu, pela primeira vez depois da Segunda Guerra Mundial, os 50 milhões. O facto de metade das quais serem crianças, torna ainda mais trágico e triste o recorde. Cerca de 3,5 milhões de refugiados (38 por cento do total mundial) encontram-se em África e a situação pode atingir proporções alarmantes. Segundo previsões, a cifra pode fixar-se em 11 milhões, ainda este ano, entre apátridas e refugiados.
A situação afigura-se inquietante, pois a população de refugiados aumenta rapidamente numa altura em que o continente se confronta com graves problemas que impedem o seu crescimento económico, agravada pela diminuição de recursos externos, a ameaça do vírus ébola e outras doenças.
Para o continente africano, o repatriamento voluntário é uma solução preferida, assim como a integração local e a reinstalação dos refugiados, sempre que possíveis, são soluções duradouras. O ACNUR deve prosseguir o seu trabalho em soluções sustentáveis, procurando encontrar um equilíbrio entre as urgentes e situações prolongadas. Manifesta-se, entretanto, preocupado pelas reduções propostas no orçamento para 2015 na ordem de 11,9 por cento para África do Oeste, 15,2 por cento para o Este e Corno de África, e 6,7 por cento para África Central e Região dos Grandes Lagos.
Durante a Sessão é feita uma actualização sobre as operações do ACNUR em África, devendo o Comité Executivo fazer referência a uma reunião tripartida realizada em Julho deste ano em Luanda, entre o ACNUR, Angola e República do Congo. Nesta reunião ficou acordado o lançamento de uma operação de repatriamento voluntário de cerca de 30 mil ex-refugiados angolanos que se encontram na República Democrática do Congo.