Metro vai promover crescimento da economia nacional

LINHA DO METRO COMEÇA A SER CONSTRUÍDA ESTE ANO
FOTO: FRANCISCO MIÚDO
19 Março de 2020 | 18h32 – Actualizado em 20 Março de 2020 | 16h04
A melhoria da mobilidade urbana, a criação de emprego, o aumento da contribuição fiscal e a qualidade de vida são apenas alguns benefícios que o Metro de Superfície de Luanda poderá proporcionar à economia angolana e, particularmente, aos habitantes.
A redução da circulação de automóveis, como explicou à Angop o engenheiro civil Abílio Cabeto, será uma consequência do metro, pois que este, pela rapidez, comodidade, baixa de preço dos bilhetes de passagem e capacidade de transporte de milhões de passageiros num dia, provocará uma maior procura dos serviços.
Abílio Cabeto apontou também como vantagem a inclusão das pessoas com mais de 50 anos, excluídas pela corrida ao transporte provocada pela carência.
Com o metro, explicou, os cidadãos não precisarão de acordar demasiado cedo para ir ao serviço, correr risco de ser assaltado e evitar os taxistas que, em situações de chuva, fazem vias curtas.
“De um modo geral, poderá haver uma vida menos estressante”, concluiu.
Na mesma senda, o engenheiro Angelino Quissonde afirmou que o metro de superfície vai trazer um impacto positivo no bolso do cidadão, com redução dos custos de transportação, assim como melhoria na qualidade dos serviços públicos e privados.
No domínio ambiental, o técnico considerou que o efeito será a baixa poluição automóvel, tendo em conta a redução do número de veículos de circulação, por influência do Metro.
“Será um facto bastante fundamental para a economia do país, pois hoje por hoje transportar uma mercadoria de carro em Luanda, devido ao engarrafamento, é quase uma missão impossível”, disse.
O engenheiro acredita que, com o Metro, as pessoas chegarão mais animadas, motivadas e felizes ao local de trabalho e vão poder programar melhor a sua vida e ter o tempo como um recurso irrenovável.
Os empresários vão poder cumprir os horários de entrega, porque os trabalhadores terão como ser pontuais”. O sair muito cedo de casa, percorrer longas distâncias, passar muito tempo no trânsito são situações que, segundo o entrevistado, serão ultrapassadas, assim como o stress, a frustração e o cansaço provocados no percurso casa trabalho e vice-versa.
Sobre o assunto, o arquitecto Américo Silva disse que o metro teria um impacto muito grande, devido às enormes dificuldades que se vive relativamente à circulação na malha urbana que define a cidade de Luanda.
Referindo-se às rotas previstas (Porto de Luanda a Cacuaco, Avenida Fidel Castro Ruz-Benfica, Porto de Luanda-Largo da Independência e Cidade do Kilamba-1º de Maio), Américo Silva afirmou que, para se iniciar, podem ser viáveis e mais tarde fazer-se as devidas correcções, atendendo ao contínuo crescimento da cidade de Luanda.
Para o economista Estêvão Eutímio, o Metro de Superfície, sendo um meio de transporte de massas, o seu funcionamento propicia maior circulação de pessoas e bens.
O aumento de circulação de pessoas e bens viabilizará o aumento das transacções comerciais entre os agentes económicos.
A sociedade sentirá, igualmente, a mitigação de um dos grandes problemas que afectam a província de Luanda, que é o transporte, na medida em que existe uma insignificância de serviços de transportes, por um lado, e, por outro, existe uma pobre rede viária.
Com o Metro, avança o interlocutor, poderão reduzir-se os grandes congestionamentos de trânsito, permitindo o aumento da produção com a redução do tempo que as pessoas fiquem paradas no trânsito.
Quanto à execução da obra, Abílio Cabeto referiu que, para a implementação de um projecto, existe um documento elaborado e aprovado pelas partes envolvidas, que se chama “Termo de Abertura do Projecto (TAP)”, serve como referência para o processo de escolha e priorização do mesmo e contém, dentre outros, requisitos do cliente, limitações do projecto ou das partes envolvidas, prazo de execução, riscos identificados ou contingência e a meta de custo ou preço”, detalhou o especialista.
Realçou que o foco deve ser o valor principal necessário para o cliente executar o projecto. Uma vez que, para a implementação do projecto serão desalojadas algumas famílias, o arquitecto Américo Silva disse acreditar que o Governo e os parceiros terão condições para realojar ou indemnizar as famílias que forem abrangidas.
Já o engenheiro Angelino Quissonde afirmou que toda e qualquer intervenção do Metro vai envolver expropriações, demolições e outro tipo de actividade relacionadas. Para tal, acrescentou, deve-se mobilizar, antes, a cada vez mais, a população, pois há zonas históricas onde toda uma vivência com valor cultural, comercial e histórico precisa de ser respeitado e negociado, embora os interesses nacionais estejam acima.
“Naturalmente que hoje não é possível implementar-se em Luanda um projecto com essa dimensão sem incorrer à desalojamentos”, disse o economista Estêvão Eutímio, salientando que a cidade cresceu de forma desorientada sem deixar espaço para a construção de infra-estruturas.
Relativamente aos custos, informou que o projecto de construção deve considerar a despesa de desalojamento e realojamento e, como tal, o financiador deverá incluir todas as despesas prováveis.
“Contudo, importa referir que, na conjuntura actual, o Governo não tem estrutura para autofinanciar este projecto. Haverá necessidade de captar financiamento para o projecto”.
Na mesma ordem de ideias, o economista Mondlane Cruz afirmou que, se a ideia é pensar na modernidade da cidade de Luanda, haverá hipóteses de destruição de alguns bairros periféricos. Temos de pensar em modernizar a cidade de Luanda, está desarticulada por completo”. Em relação ao realojamento das pessoas, referiu que deve estar contemplado no plano de investimento.
Investidores do Metro de Luanda
A companhia alemã Siemens Mobility é a escolhida para construir, a partir deste ano, o “Metro de Superfície de Luanda”, no âmbito de uma Parceria Público-Privada. A 7 de Fevereiro deste ano, o director-executivo da Siemens Mobility, Michael Peter, e o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo de Abreu, assinaram, em Luanda, um memorando de entendimento que certifica a parceria.
Angola terá uma participação minoritária no projecto, que ronda os 30 por cento, cabendo à outra parte (70%). A linha do Metro de Superfície, que consta das prioridades do Executivo angolano, vai ter uma extensão de 149 quilómetros.
Além do Metro de Superfície, o Plano Director de Luanda, já aprovado pelo Executivo, prevê, também, dois sistemas de Metro de Superfície, designadamente o Bus Rapid Transit (BRT) e o Veículo Rápido sobre Trilhos (carris), abreviadamente VLT.
O primeiro é utilizado para sistemas de transporte urbano com autocarros, que são alvo de consideráveis melhorias na infra-estrutura, nos veículos e nas medidas operacionais que resultam em qualidade de serviço mais atractiva.