Mercado angolano dos mais atractivos

Fotografia: JAIMAGENS
Angola, Tanzânia e Moçambique são actualmente países mais atractivos para os investidores do sector do petróleo e gás do que a África do Sul, considera a consultora Business Monitor International (BMI).
“Cada vez mais vemos Angola, Tanzânia e Moçambique como países com ambientes de investimento mais favoráveis que a África do Sul\”, lê-se no relatório Gas & Oil Insight de Julho, no qual se exemplifica que “a ExxonMobil está activa quer em Angola, quer na Tanzânia, onde existem reservas provadas de petróleo e gás, e pode investir fortemente em grandes projectos, enquanto a Total também está envolvida em grandes projectos em Angola, e recentemente anunciou uma decisão final de investimento no projecto de Kaombo\”.
A degradação do ambiente de negócios na África do Sul tem a ver com a aprovação, em Março deste ano, de um conjunto de alterações à lei que regula a actividade de exploração de petróleo e gás que, de acordo com a BMI, penaliza os investidores, tornando as condições de investimento menos apetecíveis.
“Tal como prevíamos, as grandes companhias de petróleo e gás estão a retrair-se nos investimentos na África do Sul, numa reação à aprovação das alterações à lei do petróleo\”, lê-se no relatório, que acrescenta esperar \”um progresso muito lento nos sectores do petróleo e gás na África do Sul, apesar da forte prospecção, a não ser que as condições da nova lei sejam clarificadas\”. Em causa está, entre outras razões, a possibilidade de o Estado aumentar a participação nos consórcios até 80 por cento.
A consultora Business Monitor (BMI) lançou na semana passada um outro relatório denominado “Oil & Gas Insight”, no qual indica que Angola pode ultrapassar a barreira dos dois milhões de barris de petróleo por dia, já no próximo ano, mas vai ter de esperar até 2018 para suplantar a produção da Nigéria, actual líder na produção de crude em África.
“Acreditamos que o número de projectos de exploração de petróleo em curso e o continuado sucesso na exploração vai permitir a Angola desafiar a Nigéria pelo primeiro lugar na produção de petróleo\”, lê-se no documento, que aponta o desinvestimento das grandes companhias petrolíferas na Nigéria e os sucessivos adiamentos na aplicação da nova Lei do Petróleo como as principais razões para o abrandamento na produção petrolífera na maior economia africana.
De acordo com esta publicação, a produção de Angola, depois de uma estagnação nos últimos anos, vai conhecer uma aceleração consistente até 2023, ano em que a produção deve ficar próxima dos três milhões de barris por dia, muito à custa destas novas descobertas no pré-sal.
O Executivo tem o objectivo de atingir uma produção diária de dois milhões de barris de petróleo, com a entrada em operação de novos campos de produção e tendo em conta as reservas previstas, de mais de sete mil milhões de barris.
Apesar disso, há vários meses que a produção tem apresentado quedas sucessivas, tendo o volume de petróleo exportado em Maio último – com base no cálculo das receitas fiscais – correspondido a uma produção diária de pouco mais de 1,46 milhões de barris por dia.
Nos últimos seis meses, Angola produziu cerca de 1,65 milhões de barris de petróleo por dia, situação que tem sido explicada oficialmente com problemas de manutenção e roturas em alguns campos.
As receitas fiscais com a exportação de petróleo de Angola desceram para 9,4 mil milhões de euros (1,275 triliões de kwanzas) nos primeiros cinco meses do ano, menos 1,7 mil milhões (227 mil milhões de kwanzas) face a igual período de 2013, de acordo com dados do Ministério das Finanças.
O crude representa 97 por cento das exportações e 80 por cento da receita fiscal, mas a indústria petrolífera emprega apenas um por cento da população.