Menos importação reduz fertilizantes

Fotografia: Paulo Mulaza

Fotografia: Paulo Mulaza

Os atrasos que se registam na importação de fertilizantes, devido à crise cambial no país, podem condicionar a produção agrícola dos grandes produtores nacionais e reduzir o aumento dos produtos no mercado consumidor, alertou em Luanda o sócio-gerente da “Quinta Amiese”, Joel Plugiiese.

Joel Plugiiese alertou durante o seminário, que decorreu até quinta-feira, sobre “Gestão do Agronegócio”, promovido pela Escola de Direcção e Negócios (ASM) em parceria com o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA).
O empresário apelou para uma maior intervenção das autoridades na importação de fertilizantes agrícolas, pois a manter-se a situação como está pode condicionar a produção de bens em grande escala, que é o maior objectivo do Executivo neste período de diversificação da economia. O profissional agrícola reconhece que o actual momento de baixa do petróleo e as restrições de divisas está na base do problema, mas acredita que um maior empenho das autoridades permitirá reverter o quadro.
A “Quinta Amiese”, que produz 36 variedades de leguminosas numa dimensão de 400 hectares na província de Benguela, enfrenta dificuldades inerentes à falta de quadros em agronomia. “Ainda existe um número pouco significativo de engenheiros agrónomos, o que condiciona a qualidade da produção. Espero que o incentivo do Executivo motive os jovens a ingressarem neste curso”, apontou.
O representante da empresa “Agroinsumos”, Sansão Manuel, afirmou que a companhia que comercializa fertilizantes e ferramentas agrícolas apenas distribui os consumíveis nas províncias da Huíla e de Benguela. A restrição na comercialização destes produtos para outras províncias do país deve-se ao facto de existirem dificuldades na importação dos bens. “Estamos a tentar ajudar as fazendas com a comercialização de fertilizantes, mas não tem sido fácil em função de algumas dificuldades na importação”, reclamou Manuel. O administrador da “Agro Líder”, João Macedo, garantiu que a formação promovida pela Escola de Direcção e Negócios (ASM) proporcionou maior partilha de conhecimentos e permitiu que os profissionais do campo aprendessem a obter sucesso nas suas produções. As acções de formação em gestão de agronegócios garantiu um maior conhecimento aos produtores e uma melhor actuação na distribuição e comercialização dos produtos no mercado consumidor, reconheceu Macedo.
Vivaldo Roberto, responsável da Fazenda “Quinta dos Pomares”, sugere a abertura de linhas que facilitem a aquisição de insumos agrícolas para facilitar a produção dos grandes produtores. “Devem existir políticas que facilitem a produção dos empresários nacionais para assim podermos cumprir com as orientações do Executivo”, disse Roberto.

Projectos do BDA

O presidente do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), Manuel da Costa Neto, lembrou que Executivo está a apoiar o desenvolvimento sustentado e diversificado dos sectores da economia nacional não petrolífera. “Em 2014, o Estado angolano aprovou um Plano Estratégico do BDA que visa a capacitação técnica e profissional dos empresários nacionais”, referiu, explicando que a sua instituição decidiu estabelecer parcerias com órgãos de formação profissional, como o Instituto Nacional para as Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), para alcançar este objectivo.
O BDA financiou 544 projectos agrícolas em 43 mil milhões de kwanzas. O director da Escola de Direcção de Negócios (ASM), José  Wanassi, explicou que a instituição de formação de alta direcção vai realizar a formação com a participação de professores de uma escola de Agronegócios de Espanha.
A administradora do Banco Privado Atlântico, Odyle Cardoso, informou que existem linhas de crédito que permitem aos clientes a concretização dos seus mais variados projectos de médio e longo prazo. “Com o crédito de investimento facilitamos os empresários adquirir bens agrícolas para a concretização dos seus projectos empresariais”, referiu Odyle. A administradora realçou que o programa de crédito obedece a um pagamento de reembolso num período de carência definido com base na finalidade do crédito, especificada no projecto.
O seminário de formação, que decorreu até quinta-feira, sobre “Gestão do Agronegócio”, foi promovido pela Escola de Direcção e Negócios (ASM) em parceria com o Banco de Desenvolvimento de Angola. Os grandes líderes agrícolas e gestores da banca nacional frequentam a formação ministrada por professores argentinos. A ASM, que promove a formação, dedica-se à capacitação de líderes empresariais com os mais elevados padrões de exigência.

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