Memorial realiza festival “Conexões, Letras e Artes”
Com objectivo de congregar vários actores culturais, no âmbito das comemorações do centenário de Agostinho Neto, foi aberto esta quinta-feira, em Luanda, o festival multicultural “Conexões, Letras e Artes”.
A abertura do evento, que decorrerá na Praça da República do Memorial António Agostinho Neto, até 19 de Junho, foi prestigiada com a presença de Maria Eugénia Neto, viúva do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.
No local estão 60 expositores, que oferecem aos visitantes várias atracções desde a venda de livros, peças artesanais, bijutarias africanas, roupas, proporcionando uma interacção entre autores e leitores, envolvendo o teatro, a música e o cinema.
Durante o momento, ficou ainda patente o lançamento da 3ª edição do livro “POEMAS”, de autoria de Agostinho Neto.
A primeira edição foi as bancas em 1961, sob a chancela da casa dos estudantes do império e a segunda pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.
Na sua intervenção, a Presidente da Comissão Administrativa da cidade de Luanda, Maria Antónia Nelumba, considerou António Agostinho Neto um representante da literatura angolana e um homem de cultura, uma vez que o seu discurso poético gira em torno da nostalgia, bem como da valorização dos aspectos culturais de Angola.
“A par das suas várias abordagens, uma que mais sobressai nos seus poemas é a Esperança”, referiu.
Neste sentido, sublinha ser impossível falar da literatura angolana sem referenciar o poeta maior e a melhor forma de celebrar o centenário do seu nascimento, passa por enaltecer a sua dimensão política, humanista e literária, bem como o seu papel incontornável na história de Angola.
Segundo Maria António Nelumba o festival multicultural “Conexões, Letras e Artes” vai contribuir para a promoção da literatura e das artes nos mais diversos domínios, sendo esta uma preocupação de todos os fazedores de cultura.
“A cultura é parte do que somos, nela está o que regula a nossa convivência e a nossa comunicação em sociedade”, sublinhou.
Por sua vez, o Presidente do Conselho de Administração do Memorial António Agostinho Neto, António Fonseca, referiu que o festival procura proporcionar uma interacção com a comunidade, oferecendo momentos de lazer e ao mesmo tempo de educação estética e formação artística.
Durante o primeiro dia, realizou-se ainda à “Tenda das Letras”, onde o escritor António Quino, fez uma abordagem sobre a perspectiva poética da esperança em Agostinho Neto e António Nobre em um estudo comparado.
A encerrar o palco foi preenchido por poesia e trova com o poeta dos pés descalços, bem como a exibição dos músicos Acácio Bambes, Duo Canhoto, Ângelo Reis e Trio Kings.
António Agostinho Neto nasceu a 17 de Setembro de 1922, em Kaxicane (Icolo e Bengo), e faleceu a 10 de Setembro de 1979.
Como primeiro Presidente de Angola, proclamou a independência do país do então jugo colonial português, a 11 de Novembro de 1975.
Foi membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA), tendo escrito várias obras, com destaque para “Quatro Poemas de Agostinho Neto”, em 1957, “Sagrada Esperança”, 1974, e “A Renúncia Impossível”, em 1982.