Mais energia eléctrica

Fotografia: Dombele Bernardo

Fotografia: Dombele Bernardo

Angola vai quintuplicar a capacidade de produção de energia até ao ano de 2017, com  a realização dos projectos no domínio da produção, ampliação da barragem de Cambambe, de 180 para  960 megawatts, a construção da barragem de Laúca, com 2067 megawatts, e a barragem central de ciclo combinado do Soyo em 750 megawatts, afirmou, ontem, em Luanda, o ministro  da Energia e Águas.

João Baptista Borges, que falava na abertura do 18º Congresso da Associação das Sociedades de  Electricidade de África (ASEA), sublinhou que a realização dos projectos visa promover o bem-estar social e o desenvolvimento económico.
As fortes transformações, acrescentou, estabelecem as principais orientações estratégicas para o sector, em especial nos subsectores da energia e do petróleo e gás, redefinindo o modelo institucional. No quadro da reestruturação, o Ministério da Energia e Águas definiu as políticas e estratégias para o Instituto Regulador do Sector Eléctrico (IRSE) e a Agência Reguladora de Energia Atómica (AREA), e se reservará as competências em matéria de regulação.
Outrossim anunciou a criação de três novas empresas públicas e suas responsabilidades, nomeadamente a PRODEL (Empresa Pública de Produção de Electricidade), RNT (Rede Nacional de Electricidade) e a ENDE (Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade). O ministro disse que cada empresa vai ficar com a responsabilidade da gestão das áreas de produção, do transporte de energia e da distribuição de energia, respectivamente. No domínio dos transportes, até 2015, vão ser construídos em Angola mais de 2.500 quilómetros de linhas e várias subestações, assim como as interligações internacionais. Para a área de distribuição, está em curso a reabilitação e expansão das redes de distribuição, e a electrificação de mais de 600.000 consumidores, até 2014, que se vai  alargar para 1.500.000 até 2025.
O Executivo angolano acaba de aprovar as políticas de utilização das energias renováveis, um instrumento que vai servir para acelerar o desenvolvimento nessa área e diversificar a matriz energética.
A utilização da energia renovável vai contribuir para acelerar o desenvolvimento das energias renováveis e diversificação da matriz energética, esperando que a contribuição das novas energias renováveis seja de oito por cento, até  2025, e possam contribuir para a passagem dos actuais 33 por cento de taxa de electrificação  para os  60 por cento nesse período. No âmbito da internacionalização, Angola está a trabalhar no sentido de interligar as suas redes internas, com vista a realizar a interconexão com a República Democrática do Congo (RDC), no norte, com a Zâmbia, no leste, e, no Sul, com a Namíbia.
João Baptista Borges informou que, segundo as Nações Unidas, 1,2 mil milhões da população mundial não têm acesso à electricidade, 87 por cento dos quais vive no sul da Ásia e na África Subsaariana, apesar de possuírem enormes recursos naturais.
O continente africano é o que possui a menor taxa de electrificação. O sector eléctrico, na maioria dos países africanos, enferma de problemas de baixas taxas de cobertura, de tarifas que não reflectem os custos de produção e deficiências das redes eléctricas, que resultam em constantes cortes de energia devido à falta de manutenção.
Os dados das Nações Unidas referem também que se assiste no continente africano a elevadas perdas técnicas e comerciais, que atingem, em alguns casos, mais de 20 por cento, a fuga de técnicos para outras áreas devido a baixos salários, a lenta penetração das tecnologia modernas, como os contadores de pré-pagamento e a fraca utilização das energias renováveis.
No meio rural e não só, para satisfazer as suas necessidades energéticas básicas, a população recorre ao uso da parafina, velas, lenha e outro tipo de biomassa que, além de ser extremamente caro, contribui para a destruição do ambiente e a danificação da saúde.
Dados do Banco Mundial indicam que em 2010 o consumo de electricidade per capita da África Subsaariana era de 552 quilowatts, no Médio Oriente e África do Norte de 2.600 quilowatts e na América Latina de 1.900 quilowatts. Angola assumiu desde ontem a presidência da ASEA, para um período de três anos, substituindo a Argélia. À margem do encontro foi inaugurada a primeira Feira da Electricidade.

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