Línguas nacionais dão força à música
A cantora Lina Alexandre considerou, em Luanda, que “a utilização das línguas nacionais nas músicas dão mais força à nossa identidade cultural” e é uma forma de perpetuar e preservar os valores que caracterizam a Nação Angolana.
Em entrevista à Angop, Lina Alexandre enalteceu o disco “Mamangola” da cantora Gersy Pegado, lançado no fim-de-semana em Luanda, pelo facto de constituir um legado para o crescimento e valorização da rítmica nacional.
“Comparativamente aos tempos passados nota-se um grande interesse dos jovens músicos em usar as línguas nacionais, nas suas composições musicais, um hábito positivo, porque assim promovemos as nossas línguas e influenciamos as novas gerações em seguir aquilo que os mais velhos fizeram”, salientou.
A cantora reconheceu o esforço da nova geração de músicos em utilizar as línguas nacionais e os ritmos que caracterizam a música angolana, que representa a valorização e perpetuação da identidade cultural através das composições. Apelou à nova geração de cantores a desenvolverem as potencialidades culturais de Angola.
“ É para mim um grande orgulho, estar aqui presente no acto da apresentação de uma obra, na qual sentimos a presença de uma língua nacional acompanhada de uma rítmica que vai contribuir para o crescimento da nossa música”, disse.
Esta primeira obra a solo da Gercy Pegado mantém a identidade angolana, que demonstra o interesse e a responsabilidade de preservar a tradição. Lina Alexandre aproveitou a oportunidade para anunciar, ainda para este ano, o lançamento o seu álbum, no qual vai procurar manter a sua forma, com destaque para o uso das línguas nacionais e a rítmica.
Marcelina Huna Alexandre, nome de registo de Lina Alexandre, nasceu na província do Uíge, no dia 26 de Junho de 1964. Licenciada em sociologia na Alemanha, país onde viveu de 1989 a 2004, pertence a uma notável família de músicos, dos quais se destacam Cananito Alexandre, Adão Alexandre, Matondo Alexandre, irmãos da cantora, João Alexandre e Toya Alexandre, sobrinhos.
Lina Alexandre é detentora de um discurso musical que valoriza, no texto das suas canções, a abordagem de questões relacionadas com a emancipação da mulher, a crítica à exploração sexual de menores e a liberdade da mulher, enquanto preceito consubstanciado no respeito pela moral tradicional, e os princípios pedagógicos da filosofia dos costumes.Com o CD “Luzingo Malembe”, editado em 2000, Lina Alexandre inaugura a produção discográfica da sua carreira, surgindo, em 2008, o CD “Kilulieve”, termo em umbundu, que em português significa “Aqui na Terra”. Cantado em várias línguas desde o kikongo, a sua língua materna, ao kimbundu, kuanhama, umbundu, lingala e shuayili, “Kilulieve” inclui ainda canções em língua portuguesa e francesa.