Kulonga conquista prémios
O colectivo de teatro Kulonga conquistou cinco troféus na quinta edição do Festival Internacional de Teatro de Ubá, no Estado de Minas Gerais, no Brasil, na primeira participação de um grupo estrangeiro na iniciativa.
O espectáculo “Loucura de Barriga Vazia” do colectivo angolano ficou em terceiro lugar no festival, por acumular as categorias de Melhor Texto e Melhor Espectáculo de Drama.
A angolana Letícia Kambovo foi eleita a Melhor Actriz de Drama e por conseguinte Melhor Actriz do Festival Internacional de Teatro de Ubá de 2015, que terminou domingo, no palco do SESI Teatro Ubá, em Belo Horizonte.
O grupo Kulonga só foi superado pela companhia Cerne, do Rio de Janeiro, que ficou com o troféu de Melhor Espectáculo pela peça “Ainda Aqui” e pelo grupo Espaço Núcleo, de São Paulo, com a peça “Trono Sujo de Sangue” (segundo classificado). Os três colectivos superaram a concorrência de 23 grupos brasileiros.
O director do Kulonga disse que a conquista dos troféus é resultado de trabalho árduo e de investigação desde os primeiros passos da dramaturgia em Angola.
Afonso Dinis “Amankwa”, que também é o autor, encenador e personagem principal do drama, referiu que a intensa luta dos grupos nacionais é levada em consideração porque “a ideia da criação da peça teve como base a paixão que muitos angolanos demonstram ter pelo teatro”.
Fruto das conquistas, afirmou, o Kulonga foi convidado a participar, este ano e no próximo, em vários festivais de teatro no Brasil e no México.
O grupo regressa ao país na sexta-feira e recebeu estatuetas denominadas Troféu Dionísio, mitológica figura grega cujo culto deu origem ao teatro, e certificados.
O tema da peça
A peça, levada à cena em 50 minutos, retrata a vida de um actor que se sente incompreendido pela mulher e pela sociedade. Afonso Dinis “Amankwá”, que também é autor e encenador, desempenha o papel do jovem dividido entre o amor pela mulher, interpretado por Letícia Kambovo, e a paixão pelo teatro. Na peça, a mulher quer que o marido abandone o sonho de ser actor, porque o teatro não dá dinheiro.
O espectáculo foi montado com o objectivo de mostrar ao público as dificuldades vividas pelos artistas em Angola, em especial os do teatro. “Viver da arte ainda requer sacrifícios, ainda não se ganha o suficiente para poder sustentar a sua família e esta é uma realidade desconhecida por muitos”, disse Afonso Dinis “Amankwá”. A peça é apresentada também no Festival de Verão de Maputo, em Junho.
Fundado há 17 anos, o grupo de teatro Kulonga venceu o Prémio Cidade de Luanda em 2002. Afonso Dinis “Amankwá” foi considerado o melhor actor do Festival de Teatro do Cazenga, realizado em 2012.