Indústria nacional tem potencial
Os expositores da segunda edição do Salão da Indústria Angolana (EXPOINDÚSTRIA 2015), que terminou ontem no recinto do World Trade Center, no Pólo de Desenvolvimento Industrial de Viana, consideram que os produtos apresentados no evento constituem prova suficiente da capacidade transformadora da indústria nacional.
O director-geral adjunto da Biocom, Luís Bagorro Júnior, apontou a sua empresa como um dos “bons exemplos” daquilo que já se produz no país em grandes quantidades e com qualidade para o consumo humano.
“A Biocom sente-se orgulhosa por fazer parte do desenvolvimento do país com a produção e comercialização do açúcar Kapanda, da electricidade e ser pioneira na produção do Etanol”, disse o director-geral adjunto da Biocom, empresa que possui uma área de mais de 81 mil hectares no município de Cacuso, em Malanje, para a produção agrícola de cana-de-açúcar e uma área industrial para produção do açúcar, etanol e energia.
Com uma mão-de-obra composta por 1.400 trabalhadores, dos quais 180 expatriados, a Biocom, de acordo com dados revelados por Luís Bagorro Júnior, atingiu, em Setembro, 24.770 toneladas de açúcar cristal branco, 10.243 metros cúbicos de etanol e 70.000 MWh de energia eléctrica, sendo que mais 33.000 MWh vão ser produzidos até Março de 2016.
“O açúcar produzido na empresa é destinado ao mercado interno, a energia é abastecida na rede Nacional de Transporte de Electricidade e o etanol hidratado é fornecido à indústria de bebidas e produtos de limpeza industrial”, referiu.
Já o director Jurídico e de Recursos Humanos da empresa Indústria, Comércio e Construção (ICC), Edilson Pascoal, disse que a indústria nacional tem vindo a registar grandes avanços, mas que ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir os níveis desejados por todos no sentido de reduzir significativamente as importações.
“A indústria tem tudo para ser de facto o motor da mudança em Angola. Agora só temos que trabalhar”, afirmou.
A ICC, no mercado angolano há 12 anos, conta com 400 trabalhadores que têm produzido diariamente nas suas três fábricas cerca de cinco mil unidades de tinta, seis mil de chapas de zinco e dez mil colchões.
“A actual crise torna-nos cada vez mais fortes e temos sido fortes em manter mais postos de trabalho e expandir o nosso negócio. Estamos presentes em Luanda e Benguela e temos um projecto em carteira para a província de Cabinda”, disse Edilson Pascoal.
Bebidas e lacticínios
A indústria de bebidas e refrigerantes é considerada como das que mais cresce no país. A Refriango, empresa criada há dez anos com capitais angolano e português, é um dos exemplos da qualidade da indústria nacional, tendo mesmo já ganho várias medalhas de ouro no concurso internacional Monde Sellection, na Europa.
O coordenador de Comunicação da Refriango, Eufránio Júlio, sublinhou que o objectivo é inovar sempre para manter ou aumentar a qualidade dos produtos, criar oportunidades de trabalho para a mão-de-obra nacional e contribuir para a diversificação da economia do país.
A empresa conta actualmente com duas fábricas em Luanda e no Huambo, cinco mil trabalhadores, 16 variedades de produtos que são produzidos em grande escala no mercado nacional e faz a sua comercialização em mais de dez países, como Moçambique, África do Sul, República Democrática do Congo, Nigéria e Portugal.
“Com a inauguração da fábrica do Huambo, criamos mais de mil novos postos de trabalho para jovens, lançamos os projectos “Super Cuia”, que aposta nas crianças praticantes de desporto nas escolas e comunidades, o “Dar Visão ao Futuro”, que apoia internatos e orfanatos com bens alimentares, vestuário, música, protecção, entre outros”, disse Eufránio Júlio.
A indústria de produção de lacticínios começa a ganhar força no país em 1994, com a criação da Lactiangol, empresa que possui vários fornecedores de matérias-primas que lhe permitem tratar e embalar os produtos que depois são lançados no mercado nacional.
O director provincial da Lactiangol, Vicente Chocolate, disse que a criação da empresa foi uma aposta ganha, na medida em que nos 22 anos de existência conseguiu manter a sua produção de lacticínios e criou novos derivados produzidos em grande escala no país.
“A Lactiangol produz semanalmente grandes quantidades de derivados de leite, como manteiga, queijo, sobremesas lácteas e trinta mil litros de leite por dia que são distribuídos a nível nacional”, disse.
Vicente Chocolate reconhece que o país precisa aumentar os níveis de produção, por isso defende mais financiamentos para os agricultores e produtores de leite, para que possam fornecer maiores quantidades de leite para as indústrias de lacticínios, no sentido de satisfazer a procura.