Huambo produz feno-silagem para abastecer país

FOTO: JÚLIO VILINGA

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Um projecto de produção de feno-silagem, para a alimentação de bovinos, caprinos e ovinos, está a ser desenvolvido nas margens do rio Kunhongâmua, no município da Caála, província do Huambo.

O projecto resulta de uma iniciativa privada e está a ser desenvolvido há dois anos. O proprietário pretende fazer chegar o feno a todas as províncias. Prioridade recai para as que mais sentem os efeitos nefastos da falta de pasto para o gado na estação seca.

José Rafael Alberto dos Anjos diz que se trata do único projecto do género em Angola e que o mesmo tem como meta a diminuição das importações do produto de alimentação animal.

Segundo o produtor, o feno-silagem difere do normal. Este último é pouco nutritivo, por ser apenas capim seco, enquanto o primeiro é mais nutritivo, por ser capim meio seco e embalado.

Para a aquisição de maquinaria, aplicou 600 mil dólares norte-americanos. Por enquanto, trabalham na produção 15 cidadãos, cifra que poderá aumentar, conforme a aceitação do produto no mercado.

Feno-silagem é um capim meio seco e embalado, que serve de alimento para os ruminantes, utilizado com frequência nas fazendas leiteiras e produtoras de carne, por ser rico em proteínas e hidratos de carbono.

É utilizado, primariamente, devido à sua capacidade nutritiva, sendo uma fermentação anaeróbica dos açúcares solúveis em água e sua conversão em ácido láctico, diminuição da água na folha, inibindo a fermentação microbiana.

Depois de produzido, é administrado aos animais a partir do décimo quinto dia, possuindo um prazo de conservação de 18 meses, quando bem conservado dentro das regras exigidas, para não criar efeitos colaterais nos animais.

Processo de produção

Uma vez preparado o solo, segue-se a fase da sementeira do capim. Passados 45 dias, depois de lançada a semente de capim ao solo, é feito o primeiro corte para posterior início do processo do emurchecimento ou pré-secagem.

Em cada mês corta-se o capim uma vez, mas este corte não deve ser feito muito rente ao solo, preferencialmente a 15 centímetros do solo, evitando-se impurezas (folhas e hastes mortas, solo) no material ensilado.

Depois do corte, o produto é embalado em rolos de 500 a 600 quilogramas, cada um vendido ao preço de 50 mil kwanzas.

O projecto de produção do feno-silagem está a ser desenvolvido numa superfície de 50 hectares, onde, em 2015, foram cortadas 1.224 toneladas, além de 576 de feno (capim seco, que também serve de alimente aos ruminantes).

José Rafael Alberto dos Anjos explicou que as silagens são utilizadas devido à facilidade para colheita e baixa perda de nutrientes durante o processo de produção.

De acordo com especialistas, 600 quilogramas de feno-silagem são suficientes para alimentar 50 bois. A produção não é muito onerosa, apesar de exigir fertilizantes e máquinas apropriadas.

Apesar de o projecto ser recente (apenas dois anos de implementação), o produto já está a chegar em cinco províncias, além, obviamente, da província do Huambo.

O proprietário, José Rafael Alberto dos Anjos, disse que a produção tem sido comprada pelos criadores de gado do Bié, Cuando-Cubango, Cunene, Cuanza-Sul e Benguela.

Para 2017, os planos apontam para a duplicação da produção, de 1224 toneladas para 2500. A internacionalização do produto também está em carteira, a começar pela Namíbia, para onde deverá ser escoado o feno-silagem ainda este ano.

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