Gestão privada da África Têxtil permite ao Estado arrecadar receitas

Presidente da República, João Lourenço, fala no Hospital baia farta Foto: Pedro Parente

Presidente da República, João Lourenço, fala no Hospital Baía Farta
Foto: Pedro Parente

Ao falar à imprensa, no final da cerimónia de reabertura da fábrica, paralisada há vários anos, o Chefe de Estado disse que a nova gestora da unidade tem a possibilidade de, durante alguns anos, explorar não só a África Têxtil, como a fábrica do Dondo.

“Todo o investimento a fazer, daqui para frente, em termos de matéria-prima e outro tipo de investimentos, serão feitos pela entidade gestora. O Estado deixa de ter despesas”, frisou.
O Presidente, acompanhado da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, esclareceu que o critério de admissão de pessoal para a fábrica é da responsabilidade da nova entidade gestora, não podendo, por isso, ser imposto pelo Estado. “A entidade empregadora tem os seus critérios e, em função disso, vamos deixar que tenha liberdade de os seleccionar, de forma que possa tirar o maior rendimento possível desta grande unidade fabril”, realçou.

João Lourenço informou que as divisas a serem usadas para a compra  da matéria-prima serão, numa primeira fase, do próprio investidor, mas sublinhou que devem ser adquiridas no país. O sistema bancário angolano vai vender divisas à África Têxtil, tal como o faz com as outras indústrias a operar no país, garantiu.
Admitiu que todas as condições necessárias para o pleno funcionamento da fábrica ainda não estão reunidas, mas garantiu que as criadas até ao momento permitem arrancar com o projecto. “O próprio investidor também, ainda, não fez todo o investimento que deve fazer nesta unidade para arrancar”, referiu João Lourenço, acrescentando que se está, ainda, na fase de formação e admissão do pessoal.

O Titular do Poder Executivo afirmou que o Estado e o investidor privado devem concluir as responsabilidades que lhes cabe neste processo. Essa orientação, realçou, é extensiva às unidades fabris de Luanda e do Dondo. “Tudo o que tiver que se fazer, será feito. Quer seja da responsabilidade do Estado, quer do investidor”, garantiu João Lourenço, destacando que a iniciativa vai gerar vários postos de trabalho para jovens.
O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, disse que a unidade fabril está ligada à rede de electricidade. Antes de passar para a gestão do grupo zimbabweano Baobab Cotton Group (BCG), vencedora do concurso público, a África Têxtil era gerida pela empresa Alassola.

Audiências

Depois de testemunhar a reabertura da África Têxtil, o Presidente da República recebeu, em audiências separadas, à porta fechada, no Palácio do Governo da Província, os representantes de empresários locais, líderes religiosos e membros da sociedade civil.
A visita do Chefe de Estado à Benguela ficou marcada pela manifestação de carinho demonstrada por populares. Muitas pessoas reuniram-se à entrada da porta principal da África Têxtil para o saudar.

À saída da unidade fabril, João Lourenço não entrou de imediato na viatura. Dirigiu-se às pessoas para saudá-las e só depois abandonou o local. O Presidente regressou, ainda ontem, a Luanda.

Sociedade civil financia infra-estrutura do hospital

As infra-estruturas do novo Hospital Municipal da Baía Farta, província de Benguela, foram financiadas por um grupo de empresários locais, cabendo ao Estado gerir e apetrechá-la . O Presidente João Lourenço visitou, ontem, o local para agradecer este “nobre gesto”.
“Em 1983, quando fui nomeado para Comissário Provincial de Benguela, percebi que o espírito de solidariedade é de tal ordem forte que o aeroporto da cidade foi construído com a comparticipação dos cidadãos. Todos carregaram, pelo menos, uma pedra. Mais do que visitar o novo hospital, vim agradecer, pessoalmente, este nobre gesto”, frisou.

O novo Hospital Municipal da Baía Farta terá capacidade para 150 camas (a unidade ainda em funcionamento conta apenas com 30) e vários serviços especializados (hemoterapia, medicina interna, pediatria, ortopedia e morgue, entre outros). O município conta com 339 funcionários no sector da saúde. Outros 70 profissionais já admitidos vão começar a ser formados nos próximos dias. O novo hospital está quase todo equipado e deve entrar em funcionamento dentro de um mês.

“Não é exactamente uma Parceria Público-Privada porque é uma iniciativa sem fins lucrativos, aqui o objectivo é social. Também é uma demonstração do bom relacionamento entre o Executivo e a classe empresarial”, destacou João Lourenço.

Em representação dos empresários que financiaram o novo hospital, Adérito Areias, conhecido investidor benguelense, aproveitou a ocasião para sugerir algumas medidas para impulsionar a actividade económica na região.
Entre os vários sectores com potencial de desenvolvimento (agricultura, pescas, construção e prestação de serviços), o empresário apontou a necessidade de reforço do financiamento e do apoio público às cooperativas agrícolas.
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