Falta de produção textil torna Angola maior consumidor de fardo

MESA REDONDA SOBRE A PROBLEMÁTICA DO FARDO EM ANGOLA FOTO: NELSON MALAMBA

MESA REDONDA SOBRE A PROBLEMÁTICA DO FARDO EM ANGOLA
FOTO: NELSON MALAMBA

10 Março de 2020 | 19h21 – Actualizado em 10 Março de 2020 | 19h50

Angola tornou-se no maior consumidor de roupa usada (fardo) europeia e americana por falta de produção de têxteis no país, disse hoje, terça-feira, no município de Viana, em Luanda, o Director-Geral do Instituto de Desenvolvimento Industrial, Adérito Van-Dúnem.

Adérito Van-Dúnem fez estas considerações durante a abertura da Primeira Mesa Redonda sobre a questão da roupa de segunda mão (fardo) em Angola, numa organização da Associação de Defesa do Consumidor (ADECOR) realizada na Casa da Juventude.

De acordo com Adérito Van-Dúnem, em princípio o fardo veio para suprir a necessidade de vestuário da população mais carenciada, beneficiando de isenções aduaneiras e que pela sua informalidade não contribuía nem para a criação de empregos nem para a arrecadação de receita fiscal para o Estado.

O Director-Geral do Instituto de Desenvolvimento Industrial  disse que hoje o seu objecto foi  desvirtuado para a prática comercial, passando a importação de roupa de segunda mão (fardo) ser uma actividade comercial e não para distribuição gratuita ou doação.

Realçou que nos últimos anos, a China entrou na concorrência do negócio de roupa usada com preços mais competitivos, o que diminuiu a importação do fardo europeu e americano.

Disse, por outro lado, que o mercado do fardo atingiu todas as classes da sociedade, mesmo pessoas mais abastadas  compram o fardo provenientes tanto da Europa, América como da China.

“Angola importa roupa nova no valor cerca de USD 170 milhões e roupa usada estimada em 65 milhões de dólares,   recursos que poderiam ser poupados, se as indústrias têxteis do país estivessem a funcionar em pleno’’, salientou.

Precisou ainda, que em função disso, o governo investiu milhões de USD na reabilitação e modernização de três unidades industriais que se encontravam paralisadas.

Trata-se da Textang II, África Têxtil e Satec, em função da estratégia de relançamento da indústria têxtil e da fileira do algodão, unidades que servirão para dinamizar a indústria têxtil em Angola e possibilitar o relançamento do consumo nacional em detrimento do importado.

Enquanto isso, o Secretário-geral da Associação de Defesa do Consumidor, Marcelino Caminha, informou que o objectivo da Mesa Redonda é  discutir as formas de contribuir para a produção nacional e reduzir o índice de importação.

O Secretario Geral da ADECOR alertou, igualmente, para que as pessoas não comprem produtos em recintos comerciais que não aceitem devolução.

Frisou que durante o segundo semestre de 2019 até Fevereiro deste ano a ADECOR recebeu 257 reclamações dos consumidores.

 Durante a Mesa Redonda foram apresentados temas como a ‘’Situação legal na importação de produtos usados em Angola e o Papel da inspecção-Geral do Comercio na Fiscalização da Fiscalização de Produtos Usados em Angola’’.

A actividade está inserida no 58º aniversário do Dia Mundial do Consumidor a assinalar-se a 15 de Março.

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