Experiência nos diamantes impressiona venezuelanos

Fotografia: João Gomes

Fotografia: João Gomes

O vice-presidente do Banco Central da Venezuela, José Samalat Khan, manifestou na quinta-feira, em Saurimo, província da Lunda Sul, o interesse do seu país em partilhar a experiência de Angola na exploração e produção de diamantes.

O também presidente da cooperação mineira da Venezuela manifestou a pretensão no final de uma visita à Sociedade Mineira de Catoca, onde constatou o funcionamento, organização, formas de exploração e o nível de produção.
A comitiva do país sul-americano observou os progressos alcançados em Angola no domínio da exploração de diamantes, um minério também produzido na Venezuela, mas ainda em condições artesanais.
O presidente da Corporação Venezuelana de Minerais afirmou estar reconfortado com o que observou na Sociedade Mineira de Catoca e manifestou a esperança dos diamantes poderem figurar entre activos mais viáveis para diminuir as perdas orçamentais devidas à queda do preço do petróleo.
José Samalat Khan, que se fez acompanhar da embaixadora do seu país acreditada em Angola, Lourdes Martinez, considerou que o sector mineiro é um ramo importante para a diversificação da economia dos países ricos em recursos minerais, numa altura em que as nações cujas receitas são provenientes do petróleo enfrentam um momento económico e financeiro menos bom, resultante da baixa do preço da matéria-prima.
“Noventa por cento da nossa economia e das nossas receitas são provenientes do petróleo. Agora que o preço deste produto baixou no mercado internacional, nós precisamos de explorar outras áreas, para podermos diversificar a nossa economia e os diamantes são a nossa prioridade, por isso queremos muito cooperar com Angola, tendo em conta a sua experiência no sector”, disse.

Aumento de receitas

Para o responsável venezuelano, o sector mineiro pode contribuir para o aumento das receitas fiscais, a criação de emprego e a melhoria das condições sociais das populações. Por essa razão, a Venezuela quer partilhar a experiência de Angola na exploração e produção de diamantes.
“Somos um país rico em recursos minerais, sobretudo no sector diamantífero, mas ainda fazemos uma exploração artesanal, razão pela qual pretendemos que Angola nos ajude com a sua experiência, para que possamos fazer futuramente uma exploração industrial e, deste modo, impulsionarmos a diversificação da estrutura económica do nosso país”, realçou.
José Samalat Khan mostrou-se satisfeito com o nível de organização da Sociedade Mineira de Catoca (SMC) e com as respectivas condições de trabalho, referindo que o empreendimento deve ser bem aproveitado, tendo em conta o seu papel fundamental na diversificação da economia e criação de postos de trabalho. A delegação visitou a vila Sagrada Esperança Mwono Waha, as minas, o complexo de transporte de minério por tapetes rolantes, as centrais de tratamento, o centro de produção e a oficina.
A SMC é uma empresa de prospecção, exploração, recuperação e comercialização de diamantes criada por iniciativa do Governo para desenvolver o primeiro kimberlito nacional. O presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Diamantes (Endiama), Carlos Sumbula, revelou que o Governo da Venezuela pretende a ajuda de Angola na organização da sua produção artesanal de diamantes e também na prospecção, para a descoberta de reservas diamantíferas economicamente viáveis que podem ajudar na diversificação da economia.
Carlos Sumbula, que falava no final de um encontro com a delegação venezuelana chefiada por José Salamat Khan, referiu que o Governo de Caracas agradeceu a Angola pelo facto de ter intercedido a favor do levantamento das sanções do Processo de Kimberley  contra a Venezuela.
José Salamat Khan considerou positiva a disponibilidade da ENDIAMA para criar negócios conjuntos com a Corporação Venezuelana de Minerais, algo que pode resultar da assinatura de um acordo entre as duas companhias.
A Venezuela  é uma grande potência em recursos minerais, como diamante e ouro e, tal como Angola, precisa de diversificar a sua economia. Por isso, criou uma empresa estatal de exploração de diamantes.
“Existem relações estreitas entre a Endiama e a empresa venezuelana de diamantes que não são de hoje e a presença da delegação venezuelana em Angola ratifica a vontade de que a Venezuela pode cooperar com a concessionária angolana e que esta poderá participar no desenvolvimento económico do nosso seu país”, sublinhou.
José Salamat Khan apontou a necessidade da Venezuela deixar de depender do petróleo, uma matéria-prima que varia de preço consoante as circunstâncias políticas e económicas do mercado.

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