Executivo segue ritmo das exportações

Fotografia: Jaimagens
As proporções da queda da produção e do preço internacional do petróleo não comprometem a execução do Orçamento Geral do Estado de 2014 (OGE), declarou sexta-feira, em Luanda, o ministro das Finanças.
Armando Manuel disse na apresentação do estudo da empresa de consultoria Delloite “Banca em Análise” que o OGE não fica comprometido, pois, apesar do défice estimado estar situado em quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB), houve um excedente orçamental de 0,3 no exercício anterior, quando se esperava um resultado deficitário.
O ministro afirmou que o Executivo acompanha o ritmo das exportações de crude para a gestão dos recursos previstos no OGE não sofrer quebras significativas. Armando Manuel considerou que o preço do petróleo é razoável, principalmente porque a média este ano até Agosto é de 105 dólares por barril. Esta situação, sublinhou, permitiu acumular importantes reservas que serviram para os períodos de quebra do preço do petróleo abaixo do patamar de referência fiscal.
As estimativas, prosseguiu, apontam para um crescimento económico este ano de perto de quatro por cento, suportado por uma evolução de 7,3 do sector não petrolífero. Esta estimativa das autoridades, salientou o ministro, coincide com as conclusões da recente missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que reconheceu os avanços da política macroeconómica angolana.
Armando Manuel também mencionou o FMI para dizer que a evolução da actividade não petrolífera influencia um crescimento económico de 5,9 por cento no próximo ano. O ministro das Finanças referiu dados da Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP) que revelam investimentos de 6,11 triliões de kwanzas nos últimos 13 anos, numa média anual de 470 mil milhões de kwanzas. Os fundos foram absorvidos pela reabilitação de infra-estruturas. Armando Manuel referiu que o cenário de incerteza conjugado com os desafios do crescimento faz com que o país precise de prestar mais atenção à valorização dos factores internos com que se pode contar para o processo da diversificação da economia e substituição das importações.
Vendas aos EUA
Armando Manuel afirmou que no período 2013-2014 ANGOLA registou um crescimento nos sectores da indústria, pescas, transportes e agricultura, mas que há incertezas sobre as exportações de petróleo e gás devido à recente decisão dos Estados Unidos em aumentar a produção de energia, decisão sustentada por razões geopolíticas relacionadas com o risco crescente da instabilidade política nos principais países produtores do Médio Oriente. “Anuncia-se uma mudança preocupante nos fluxos mundiais de petróleo bruto e no caso dos Estados Unidos consolidarem o estatuto de exportadores há uma inversão da oferta mundial”, referiu. O ministro salientou que “tudo isso deriva também da libertação das vendas antes absorvidas pelos Estados Unidos, o que dá lugar a um processo contínuo da baixa do preço do petróleo à luz da oferta e da procura”.
O ministro das Finanças referiu-se ao desempenho da banca, pediu que cada instituição assuma o papel com determinação na intermediação que inclua operações financeiras do Estado em domínios como o Orçamento Geral do Estado, gestão da dívida pública, preservação do nível das reservas do tesouro e das internacionais líquidas.
Armando Manuel disse ser “fundamental que a gestão das finanças públicas faça a sua parte e fique atenta ao cenário internacional” para não se colocarem em risco “os fundamentos da transparência e da responsabilidade fiscal que conduziu à solidez das contas fiscais, monetárias e cambiais” aos longo de mais de uma década.