Estado vende cinco fábricas por USD 16 milhões

Presidente da ZEE, António Henriques da Silva FOTO: ROSARIO DOS SANTOS

Presidente da ZEE, António Henriques da Silva
FOTO: ROSARIO DOS SANTOS

09 Setembro de 2019 | 17h03 – Actualizado em 09 Setembro de 2019 | 18h00

Dezasseis milhões de dólares norte-americanos (AKz 5,4 mil milhões) é o valor que o Estado angolano arrecadou, menos USD 64 milhões do previsto, com a privatização integral de cinco unidades industriais instaladas na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda/Bengo, inoperantes há 10 anos.

A projecção inicial era arrecadar 80 milhões de dólares norte-americanos (14,6 mil milhões de kwanzas), mas o mercado acabou por ditar o valor final das aquisições.

As unidades foram vendidas no quadro do processo de privatização de activos do Estado, que chegou a investir nas cinco unidades 30 milhões de dólares, de acordo com dados avançados hoje pelo conselho de administração do Instituto de Gestão de Activos e Participação do Estado (IGAPE).

Trata-se da privatização da Carton, Indugidet, Juntex, Univitro e Coberlen, alienadas pelo Instituto de Gestão de Activos e Participação do Estado (IGAPE), que fez a entrega nesta segunda-feira das primeiras chaves aos novos proprietários, após assinatura dos contratos de aquisição.

Nos termos do contrato assinado hoje, as empresas compradoras têm um prazo de 30 dias a contar da data de assinatura para a transferência para a conta única do tesouro os valores que correspondem à aquisição de cada unidade industrial.

A cerimónia foi orientada pelo presidente do conselho de administração do IGAPE, Valter Barros, e testemunhada pelo presidente da Zona Económica Especial (ZEE), Henriques da Silva, representantes da Sonangol e investidores.

A Carton, unidade para embalagens de caixas, foi adquirida pela empresa Angolissar, por 100 milhões e 220 mil kwanzas, contra a proposta inicial do IGAPE, de três mil milhões, 26 milhões, 326 mil e 177 kwanzas.

A Indugidet, fábrica de produtos de higiene e detergentes, foi comprada pela empresa Azoria, no valor de três mil milhões, 337 milhões e 200 mil kwanzas contra seis mil milhões, 82 milhões 193  mil  e 503  kwanzas  em termos de preço de  referência.

Já a indústria de argamassa para assentamento e revestimento de paredes, a Juntex foi vendida a 225 milhões de kwanzas à empresa Ecoindustry, dos mil milhões 121 milhões 54 mil e 249 kwanzas propostos.

A Univitro, a única em funcionamento do total das cinco, foi alienada à empresa Zeepack a 555 milhões, contra dois mil milhões, 689 milhões, 453 mil e 498 kwanzas.

A  Zeepack também pagou a compra da Coberlen, unidade para fabrico de cobertores, tendo investido para sua aquisição 295 milhões de kwanzas, contra mil milhões 685, milhões 477 mil e 221, como preço de referência.

Para a segunda fase deste processo de privatizações estão previstas outras 25 unidades industriais da Zona Económica Especial (ZEE) Luanda/Bengo, de um total de 52 unidades instaladas.

Valter Barros, gestor do IGAPE, referiu na ocasião que as unidades foram avaliadas há muito tempo e as condições em que foram avaliadas na altura não são as mesmas de hoje.

“Quando lançamos o concurso colocamos o preço de referência resultante desta avaliação, que foi feita já há cincos. O mercado acabou por ditar as ofertas dos preços que recebemos dos investidores”, justificou.

Para o responsável, se forem privatizadas e entrarem em funcionamento entre 45 a 50 unidades, será um “grande” ganho para o Estado angolano em termos de oferta de postos de emprego, sendo o principal objectivo deste processo.

Levantamento exaustivo é necessário

Os novos proprietários das fábricas admitiram ser necessário um levantamento “exaustivo” do estado dos equipamentos instalados nas unidades fabris, tendo em conta o período em que se encontram inoperantes.

“Temos que ver se as máquinas funcionam e só depois disso podemos falar sobre a data do arranque da  fábrica, mas espero ainda este ano dar início”, disse Carlos Nelson Giovetti representante da empresa AZORIA, que adquiriu a Indugidet, fábrica de produtos de  higiene, detergentes, por mais de três mil milhões de kwanzas, contra os seis mil milhões propostos pelo IGAPE.

O representante da empresa Ecoindustry, que adquiriu a Juntex, outra unidade fabril que esteve inoperante por muito tempo, também tem o mesmo posicionamento que consiste em fazer primeiro um levantamento exaustivo do património da fábrica.

De acordo com o seu representante, Paulo Jorge Vieira dos Santos, a  empresa pode investir quase o mesmo valor da compra do espaço, 225 milhões de kwanzas.

Mohamed Ali Fadel, representante da empresa Angolissar, que alienou a Carton, referiu que passos serão dados para que este imóvel abra, em breve, apontando o estado dos equipamentos como sendo um dos impasses que pode condicionar a abertura.

“Pelo trabalho preliminar já feito, parte do material pode ser aproveitado, mas a maior parte deve ser adquirido”, avançou Mohamed Ali Fadel.

A  ZEE é um espaço dotado de benefícios fiscais e vantagens competitivas, uma propriedade do Estado com 21 reservas, sendo sete industriais, seis para agricultura e oito para actividade de exploração mineira.

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