Conversações oficiais com Cabo Verde

Fotografia: Angop
Delegações de Angola e Cabo Verde realizam hoje conversações oficiais para tratar de acordos de facilitação de vistos, reconhecimento recíproco das cartas de condução, fim da dupla tributação, evasão fiscal e protecção recíproca de investimentos.
O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, chegou ontem á capital do país, no final da tarde, e é recebido hoje pelo Presidente José Eduardo dos Santos, antes das conversações oficiais entre as duas delegações, que têm lugar no Palácio Presidencial.
Ontem, à sua chegada, José Maria Neves defendeu que as relações entre Angola e Cabo Verde atinjam um novo patamar, reforçando-as, sobretudo, na vertente económico-empresarial.
“Desde as suas independências (em 1975), essas relações são muito produtivas e têm contribuído para o desenvolvimento dos dois países.”
O chefe do Governo cabo-verdiano defendeu ainda uma cooperação entre os dois países mutuamente vantajosa.
“Precisamos de uma perspectiva de ganhos mútuos, reforçar as relações económico-empresariais e, sobretudo, fazer com que haja mais investimentos angolanos, no âmbito da internacionalização das empresas angolanas”, disse.
José Maria Neves apontou a hotelaria e turismo, os transportes aéreo e marítimo e o agronegócio como as áreas em que os dois países podem reforçar a cooperação, mas afirmou que existem ainda outras áreas possíveis para esse relacionamento, no quadro do processo de transformação de Cabo Verde para uma plataforma logística e de serviços na região do Atlântico.
José Maria Neves comentou o projecto de criação da Câmara de Comércio Angola-Cabo Verde, afirmando que as empresas dos dois países devem encontrar um melhor mecanismo para estabelecer parcerias.
Para ele, o mais importante é criar as condições para que haja mais trocas de investimentos de empresas angolanas em Cabo Verde.
“Em Cabo Verde estão já o banco BAI, a Unitel e a Sonangol, bem como empresários na área de hotelaria”, sublinhou o primeiro-ministro cabo-verdiano, insistindo em que se deve incrementar esse investimento e dar um novo impulso às relações económico-empresariais.
O ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, Jorge Borges, que chegou segunda-feira a Luanda para preparar a visita de José Maria Neves, defendeu a criação de um corredor de cooperação entre os dois países, no sentido de promover e facilitar as relações entre o sector empresarial privado de ambos os Estados.
Jorge Borges referiu que, neste momento, a aposta é trazer para o centro das atenções o sector privado, visto que alguns empresários angolanos já têm investimentos em Cabo Verde na área da banca, finanças e combustíveis.
Defendeu a potencialização das trocas comerciais entre os dois Estados e governos, para facilitar a cooperação entre os empresários dos dois países e aumentar os negócios conjuntos.
O chefe da diplomacia cabo-verdiana disse que o objectivo principal da visita de Estado de José Maria Neves é trabalhar no sentido de potenciar o fluxo das relações e da cooperação entre os dois países, como acontece no sector político e diplomático.
Jorge Borges destacou a importância dos investimentos do sector privado angolano no mercado cabo-verdiano, numa altura em que Cabo Verde está num processo de privatização de certas áreas.
Apontou as dos transportes, turismo, combustíveis, ambiente, entre outras ainda não exploradas.