Cidade de Luanda no roteiro do Jazz
O novo espaço de promoção de música jazz, “The Jazz Intimacy”, divulga esta semana a lista dos músicos nacionais e dos temas em debate sobre a história do jazz que vão preencher a programação semestral, após a abertura com um concerto de Irina Vasconcelos e sua banda.
Durante uma hora e meia de actuação, entre blues e swings, Irina Vasconcelos interpretou no fim-de-semana “Loud for you”, “Sinais”, “Belina”, “Dilema”, da sua autoria e de outros compositores e bandas como “Louie” e “Whats a woman”, da Vaya, “Wicked game”, de Chris Isaak, “Sweetesttaboo” e “Smothoperator” de Sade.
Em palco, Irina foi acompanhada por Jô (bateria), KD (baixo), e Yarque (guitarra), numa produção artística de Orlando Capitão. Satisfeito com a actuação da cantora convidada, o responsável do espaço, Francisco Mateta, disse ao Jornal de Angola que Irina Vasconcelos “deu-nos a honra de inaugurar esta casa aberta para os músicos angolanos, cuja linha melódica assenta no jazz, e que a abertura com ela é um grande sinal que teremos bom jazz, bons artistas, tal como Filipe Mukenga que nos prestigia com a sua presença, sinal que teremos sempre qualidade”.
Filipe Mukenga que fez no local a venda e sessão de autógrafo do seu mais recente trabalho biográfico, “Vida, Poesia e Canções”, reconheceu ser boa iniciativa por que expande a música fora do centro da cidade de Luanda. Afirmado que o público acaba por ser selectivo de forma natural, porque se trata de um género musical que não é de fácil preferência, e reconheceu que o seu trabalho pode ser divulgado também no espaço recém inaugurado, “por que parte das minhas composições têm como base a música jazz”.
Paula Dombolo que viu pela primeira vez Irina Vasconcelos em palco afirmou: “Eu amo a Irina. Nunca tinha visto ela, por isso era difícil relacioná-la com o jazz, e toda sua teatralização enquanto cantora, estou mesmo apaixonada”.
Considerou o espaço agradável, embora Paula Dombolo tenha afirmado ser pequeno para acolher muita gente que gosta de jazz. Mas, adiantou que tem um pouco de tudo para diversão, estar com a família de forma mais íntima e interagir com os músicos.
“Acredito que aqui é possível ouvir jazz e relaxar simultaneamente, o público tem como ficar mais a vontade ao contrário dos concertos realizados em hotéis ou noutros espaços mais conservadores”.
Ouvir com frequência músicos nacionais é a preferência e apelo apresentado à direcção do espaço pela apreciadora Paula Dombolo, formada em Artes Plásticas, na especialidade de cerâmica, pelo então Instituto Nacional de Formação Artística (INFA), afecto ao Ministério da Cultura. A brasileira Madalena Brandão, que fez-se acompanhar da cidadão portuguesa Filipa Correia, disse que ouvir Irina Vasconcelos foi uma experiência fantástica. “Vou voltar ao “The Jazz Intimacy”. Contou que o concerto marcou-a muito. “Eu amei”, foi o primeiro desde que está em Angola e muito descontraído.
Filipa Correia corrobora a mesma opinião ao afirmar que, embora não conheça muito sobre o universo da música jazz, foi emocionante porque o concerto decorreu num ambiente informal. “Isso mudou completamente a minha análise sobre o jazz, contrária do que vi em Lisboa, era muito sério, ninguém podia conversar, ou levantar, aqui não há essa formalidade.”
David de Carvalho afirmou: “O jazz não é a minha praia, não sou muito amante desse género musical”. E acrescentou que a sua presença naquele espaço foi mais para testemunhar e encorajar o amigo que decidiu promover a música de origem afro-americana, fruto de um projecto que acompanha há várias décadas, “é a concretização de um sonho que Chico Mateta sempre idealizou”.
Com a concretização do sonho do amigo, David de Carvalho acredita que vai ser coberta mais uma lacuna de promoção musical na capital.