China consolida parceria com Angola
A China consolida cada vez mais o lugar de principal parceiro estratégico de Angola, numa altura em que o país recorre a financiamento externo para reduzir o défice de 7,6 por cento no Orçamento Geral do Estado provocado pela queda do preço do petróleo no mercado internacional.
Os dados oficiais mais recentes das exportações petrolíferas do país, recentemente divulgados, indicam que a China comprou mais de 116 milhões de barris de petróleo no ano passado, quatro vezes mais do que o segundo maior consumidor, a Índia.
De acordo com a Economist Intelligence Unit, estes dados mostram a “importância da relação de Angola com a China”, até por se tratar de um fornecimento energético e por isso estratégico, a par de uma perda de importância das trocas com os Estados Unidos, que compraram apenas sete milhões de barris a Angola em 2014.
Os dados, indica a Economist Intelligence Unit, evidenciam a “mudança para os mercados asiáticos” como clientes de Angola.
“Numa altura em que o país se debate com falta de receitas devido à persistente baixa do preço do petróleo, que, os parceiros emergentes, e em particular a China, assumem cada vez mais importância enquanto financiadores”, ressalta a Economist Intelligence Unit.
Em entrevista recente ao jornal “Financial Times”, o ministro da Economia, Abrahão Gourgel, apontou a China como um dos parceiros preferenciais para novas linhas de financiamento, depois de a Sonangol ter obtido um crédito de dois mil milhões de dólares da banca chinesa. “Os principais objectivos da política externa de Angola são a consolidação das relações com parceiros estratégicos-chave”, como Portugal e a China, e “a diversificação do acesso ao financiamento internacional”, afirma a Economist Intelligence Unit num dos mais recentes relatórios sobre a economia angolana.
“Angola continua a aumentar as linhas de crédito e financiamento disponibilizadas pelos seus parceiros, sobretudo China e Brasil”, a par de concretizar a emissão de dívida através de euro-obrigações, entre mil milhões e dois mil milhões de dólares, adianta a Economist Intelligence Unit, que refere que, dadas as actuais dificuldades da economia brasileira, a probabilidade de o apoio vir daquele país é mais remota, pelo que a importância de Pequim como fonte de financiamento é ainda maior.
No caso de Moçambique, os especialistas esperam um reforço dos laços com países emergentes, e em particular da China como fonte de liquidez.
“O investimento do Brasil, Índia, Austrália e China vai fortalecer os laços com estes países (Angola e Moçambique)”, e no caso chinês emerge também “um grande financiador para o Estado moçambicano”, refere a Economist Intelligence Unit.
“As grandes reservas de gás de Moçambique vão atrair mais investidores estrangeiros, especialmente entre os países asiáticos importadores de gás em grande escala”, conclui a Economist Intelligence Unit.