Banco Mundial mantém perspectivas de crescimento de Angola

O Banco Mundial (BM) mantém as perspectivas de crescimento económico de Angola com um aumento de 2,7% pontos percentuais, neste ano de 2022, impulsionado pelo elevado preço do barril de petróleo e o bom desempenho no sector não petrolífero.

No seu último, “Pulse Africa’s”, uma análise bianual das perspectivas macro-económicas regionais a curto prazo (sub-região da África Ocidental e Central), divulgado esta quarta-feira, a partir de Washington, EUA, o Banco Mundial espera que Angola e Nigéria continuem a sua dinâmica de crescimento neste ano.

Para a Nigéria, o BM espera que a sua economia cresça 0,2 pontos percentuais, também influenciado pelo elevado preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Mas, a análise observa que a recuperação continua a ser desigual, incompleta e está a acontecer a taxas de velocidade variadas em toda a região.

Das três maiores economias da região – Angola, Nigéria e África do Sul – espera-se que o crescimento na África do Sul diminua 2,8 pontos percentuais em 2022, arrastado por persistentes constrangimentos estruturais.

De acordo com relatório entregue à ANGOP, os países ricos em recursos, especialmente os seus sectores extractivos, verão um melhor desempenho económico devido à guerra na Ucrânia, enquanto os países não ricos em recursos experimentarão uma desaceleração na actividade económica.

Excluindo Angola, Nigéria e África do Sul, ainda de acordo com o documento, o crescimento regional está projectado em 4,1% em 2022, e 4,9 por cento em 2023.

Segundo a análise, a sub-região da África Oriental e Austral mostram uma recuperação sustentada da recessão, de 4,1 %, em 2021, para 3,1%, em 2022 e, poderá estabelecer em cerca de 3,8 por cento em 2024.

Para a Zâmbia e a RDC espera-se, que beneficiem do aumento dos preços dos metais a curto e médio prazo e ganhem com a transição para longe dos combustíveis fósseis a longo prazo.

Prevê-se, de igual modo, que o Rwanda e as Seicheles registem o maior declínio em 2022, com uma redução de 4,1%, e 3,3% respectivamente.

No geral, prevê-se que a sub-região da África Ocidental e Central cresça 4,2 % em 2022, e 4,6 %, em 2023.

Excluindo a Nigéria, a sub-região deverá crescer a 4,8% em 2022, e 5,6% em 2023.

A trajectória de crescimento para os Camarões, que tem uma economia algo diversificada, mostra um desempenho robusto sustentado, atingindo 4,4%,em 2024.

A economia ganesa deverá acelerar em 2022, crescendo 5,5%, abrandando depois gradualmente para 5%, em 2024, abaixo do crescimento pré-pandémico de 7%.

‘Quando a economia da África Subsaariana luta para recuperar da recessão de 2020 induzida pela pandemia de Covid-19, a região enfrenta agora novos desafios de crescimento económico, agravados pela invasão russa da Ucrânia’, lê-se no documento.

Este Pulse Africa’s do Banco Mundial estima o crescimento em 3,6% em 2022, contra 4% em 2021, uma vez que a região continua a lidar com novas variantes da Covid-19, inflação global, rupturas de abastecimento e choques climáticos.

Acrescenta-se aos desafios de crescimento da região, o aumento dos preços globais dos produtos de base, que estão a aumentar a um ritmo mais rápido desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

Como principais exportadores mundiais de produtos alimentares básicos, a Rússia – o maior exportador mundial de fertilizantes – e a Ucrânia representam uma parte substancial das importações de trigo, milho e óleo de sementes, todo o crescimento previsto pode ser travado se o conflito persistir.

Embora as economias subsarianas também possam ser afectadas pelo aperto das condições globais e pela redução dos fluxos financeiros estrangeiros para a região, a análise observa que os elevados preços dos combustíveis e dos alimentos se traduzirão numa inflação mais elevada nos países africanos, prejudicando os cidadãos pobres e vulneráveis, especialmente os que vivem em áreas urbanas.

Um ponto de preocupação, da análise feita, é a maior probabilidade de conflitos civis como resultado da inflação alimentada por alimentos e energia, particularmente neste ambiente actual de instabilidade política acrescida.

Para o economista-chefe do Banco Mundial para a África citado no documento, Albert Zeufack, uma vez que os países africanos enfrentam contínuas incertezas, rupturas de abastecimento e aumento dos preços dos alimentos e fertilizantes, a política comercial pode potencialmente desempenhar um papel fundamental ao assegurar o livre fluxo de alimentos através das fronteiras em toda a região.

Num espaço fiscal limitado, acrescenta, os decisores políticos devem procurar soluções inovadoras, tais como a redução ou o aceno dos direitos de importação sobre os alimentos básicos temporariamente para proporcionar alívio aos seus cidadãos.

O relatório salienta também a importância de expandir os programas de protecção social para além das redes de segurança para reforçar a resistência económica e a capacidade de resposta a choques, particularmente para as famílias pobres e vulneráveis.

As recomendações incluem o desenvolvimento de programas de segurança social, poupança e mercado de trabalho que contribuam para a resiliência económica, protegendo os trabalhadores informais urbanos e ajudando a população a investir na sua saúde e educação.

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