Banco alemão avalia condições para financiamento
Uma delegação do Banco Alemão KFW e outra da Fundação Peace Park trabalham desde ontem no Cuando Cubango para, junto das autoridades provinciais, estudar mecanismos para financiar as acções prioritárias inseridas no projecto turístico transfronteiriço Okavango/Zambeze.
Durante cinco dias, a comitiva do banco KFW, principal doador do projecto, trabalha nos municípios do Cuito Cuanavale, Mavinga, Rivungo e Dirico, localidades que cobrem 87 mil quilómetros quadrados do território do Cuando Cubango, onde avalia os avanços no processo de desminagem, construção de infra-estruturas hoteleiras, vias de acesso e conservação sustentável da fauna e da flora.
O representante da KFW, Niles Meyer, disse durante um encontro com o vice-governador para o sector económico, Ernesto Kiteculo, que a visita serve para identificar o tipo de ajuda a Angola necessária para ter o suporte financeiro da sua instituição e colocar o Cuando Cubango ao mesmo nível do Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe, mais avançados nesta matéria.
Niles Meyer destacou que todos os anos, o banco KFW disponibiliza mais de 300 milhões de euros de crédito no mundo para projectos de conservação da biodiversidade e construção de infra-estruturas privadas. A ideia é financiar Angola para que o projecto Okavango/Zambeze seja uma realidade e possa contribuir para a melhoria das condições de vida das comunidades que vivem no perímetro do projecto.
O coordenador do projecto Okavango/Zambeze na componente angolana, Miguel Mário Ndawanapo, afirmou que a visita da delegação alemã vai transformar todo um conjunto de iniciativas que está em papéis num facto real, seja de financiamento ou assistência.
A crise criada pela baixa do preço do barril do petróleo no mercado internacional exige que se aposte noutros sectores, com realce para a hotelaria e turismo, de modo a desenvolver-se esforços para sustentação do Orçamento Geral do Estado e diversificação da economia.
O plano de acções para o projecto no país e em particular no Cuando Cubango passa ainda pela organização dos parques nacionais do Luiana (Rivungo) e do Luengue (Mavinga), construção de infra-estruturas sociais, formação de quadros, entre outros serviços de apoio.
Combate à caça furtiva
Ernesto Kiteculo afirmou que a visita da delegação alemã dá maior dinâmica para a aplicação do projecto em Angola, com incidência no Cuando Cubango, que tem uma fauna e flora invejável. “Angola precisa do intercâmbio e experiência de outros países membros e não só, para que se possa transformar estes recursos naturais para a diversificação da economia e a melhoria das condições de vida dos angolanos”, disse o governador em exercício.
Ao mesmo tempo, lamentou o facto de se registar ainda uma presença intensa de caçadores furtivos nas áreas afectas ao projecto, principalmente de zambianos que abatem indiscriminadamente elefantes no parque nacional do Luiana para o comércio de marfim. Razão pela qual o Governo Provincial está a envidar esforços, através dos fiscais do ambiente, para o combate cerrado desta prática negativa.A província do Cuando Cubango divide 685 quilómetros de fronteira terrestre e fluvial com a Namíbia e 226 quilómetros com a Zâmbia, sendo este último país o que mais tem preocupado as autoridades devido à falta de um controlo rigoroso para impedir a entrada de caçadores furtivos.
O vice-governador revelou que mais de 70 por cento, dos 87 mil quilómetros quadrados da área afecta ao projecto Okavango/Zambeze, na componente angolana, já foram desminados, o que garante segurança e condições para a aplicação de projectos sociais. O projecto turístico transfronteiriço e de conservação natural Okavango/Zambeze abrange países da África Austral.