Angola/ONU: Relações são excelentes
O coordenador residente do Sistema das Nações Unidas em Angola, Paolo Balladelli, considerou, esta terça-feira, em Luanda, excelentes as relações entre a organização e o Estado angolano.
Ao intervir no espaço Grande Entrevista, da Televisão Pública de Angola (TPA), Balladelli disse existir um quadro de cooperação trabalhado conjuntamente com o Governo angolano e os seus parceiros, alinhado com as prioridades do Plano Nacional de Desenvolvimento.
Conforme o diplomata da ONU, no quadro dessa cooperação, foram identificadas áreas prioritárias, uma das quais a mobilização de recursos para fomentar a agricultura e a pesca.
Pretende-se, com a aposta nesses dois sectores, permitir o acesso das famílias e das pequenas empresas angolanas à produtividade e ao comércio, por via do crédito bancário. Paolo Balladelli, que está em final de mandato, disse contarem, nessa tarefa, com a parceria dos bancos Mundial e Africano de Desenvolvimento, para a mobilização da economia nacional, nos municípios e nas comunidades.
No domínio interno, considerou haver um forte compromisso do Governo com o combate à corrupção e a outras práticas nocivas à sociedade.
Solicitou o apoio dos parceiros internacionais para acelerar essa tarefa, sublinhando que o PNUD já está a trabalhar com as autoridades angolanas nesta vertente, mas a pretensão da ONU é instalar no país, ainda este ano, um Escritório de Luta Contra os Crimes de Drogas.
A presença desse novo órgão, avançou, pode ser um factor transcendental para apoiar a luta contra a corrupção, que se intensificou a partir de 2017, resultando na detenção e investigação de várias figuras ligadas ao aparelho do Estado.
Paolo Balladelli ressaltou, também, os progressos de Angola na defesa e promoção dos direitos sociais, civis e políticos. Recordou que Angola ratificou, recentemente, três tratados internacionais (não especificados) e fez os esforços necessários para os implementar.
“Para mim, um indicador muito claro do interesse de Angola é todo trabalho que está a fazer no âmbito dos direitos sociais, civis e políticos, onde, muitas vezes, a relação entre o país e a ONU ficam um pouco fracas”, expressou Balladelli, que trabalhou no país durante nove anos e três meses.
Todavia, o oficial das Nações Unidas disse haver ainda muito trabalho para que os direitos humanos possam se materializar em todas as vertentes neste país africano.
Noutro domínio, reconheceu os esforços do Estado na criação de infra-estruturas sociais e económicas, mas considerou necessário que se invista mais no capital humano, tendo em vista os desafios do desenvolvimento sustentado e da diversificação da economia.
Quanto à administração do Estado, encorajou as autoridades angolanas a acelerarem a estratégia de desburocratização, diminuindo os tempos de implementação de processos administrativos.
Em relação às autarquias, Balladelli disse augurar que aconteçam de forma rápida, por serem uma forma de empoderar as províncias e os municípios na gestão dos recursos, criando maior aproximação entre a população e os gestores públicos.
O diplomata deu nota positiva ao Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e dos investimentos feitos pelas agências da ONU no Sul do país, para contrapor os efeitos das mudanças climáticas.
A esse respeito, anunciou que estão a gerir um projecto de emergência, nas províncias do Cunene, Huíla, Cuando Cubando e Namibe, avaliado em 10 milhões de dólares.
Em relação à entrada de Angola no Conselho das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos, salientando que a missão tem sido positiva, pelo facto de o país ter experiência, por causa da guerra civil e da recente crise económica.
Enalteceu, por outro lado, o papel de Angola na mediação de conflitos, particularmente na Região dos Grandes Lagos, onde afirma ter feito “grande trabalho” para a busca da paz.
Todavia, encorajou Angola a fazer um esforço interno para ter mais angolanos nas organizações internacionais, por, a seu ver, ser muito reduzida.