Angola tem participação activa na procura da paz

Fotografia: Santos Pedro
O secretário de Estado das Relações Exteriores, Manuel Augusto, afirmou ontem, em Luanda, que o país quer, através das Nações Unidas, participar activamente na soluções de conflitos no mundo e em particular em África.
Manuel Augusto, que falava numa palestra sobre a Candidatura de Angola a membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, dirigida a diplomatas e estudantes de Relações Internacionais, disse que Angola vai transmitir a sua experiência na procura de soluções negociadas e sustentáveis para a resolução de conflitos através do diálogo aberto como forma de alcançar o consenso.
Caso seja eleito, disse Manuel Augusto, o país vai defender uma posição coerente e fiel aos princípios da Carta das Nações Unidas. O secretário de Estado das Relações Exteriores reforçou ainda que a posição de Angola nas Nações Unidas assenta em quatro pilares principais, paz e segurança, prevenção e resolução de conflitos, missões de manutenção e consolidação da paz, missões humanitárias e a defesa da posição africana nas Nações Unidas.
Manuel Augusto sustentou que Angola considera a paz e a segurança premissas fundamentais para o desenvolvimento da democracia e promoção e respeito dos direitos humanos.
Manuel Augusto lembrou que Angola já foi membro do Conselho de Segurança e a actual candidatura é apresentada num momento em que o país vive um clima de paz e estabilidade política decorrente de um processo de reconciliação nacional.
Partilhar experiências
O secretário de Estado das Relações Internacionais referiu que Angola quer partilhar a sua experiência com a comunidade internacional e que o país está a reforçar o compromisso com as Nações Unidas com a sua presença e participação activa nos trabalhos da organização, contribuindo para os propósitos consagrados na Carta das Nações Unidas.
“Angola entende que beneficiou muito do apoio da comunidade internacional durante o conflito armado e considera que é altura de retribuir uma parte daquilo que recebeu e partilhar a experiência particularmente a nível da resolução de conflitos”, sublinhou Manuel Augusto.
Nos últimos anos Angola ocupou posições e tarefas à frente de vários órgãos do sistema das Nações Unidas, como vice-presidente da Assembleia Geral, membro do Conselho de Segurança, primeiro-presidente da Comissão de Consolidação da Paz, membro do Conselho de Direitos Humanos, presidente da zona de paz do Atlântico Sul, membro da administração do PNUD, entre outros cargos, informou o secretário de Estado das Relações Exteriores.
Falta de quadros
Manuel Augusto anunciou que o Ministério das Relações Exteriores está a desenvolver uma campanha para assegurar o maior número de votos, explicando que o lugar atribuído a África foi apoiado pelos países africanos. Entretanto, lembrou que, apesar disso, o país precisa de ser votado para poder ser eleito com um terço dos votos.
“Pretendemos que as Nações Unidas e o Conselho de Segurança escutem mais as vozes regionais para poder prevenir conflitos “, realçou o secretário de Estado.Durante a palestra, que decorreu no Instituto de Relações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, Manuel Augusto manifestou preocupação com a falta de quadros angolanos nos sistemas das Nações Unidas.
“Angola tem défice de quadros. Hoje ainda não temos uma presença significativa no sistema das Nações Unidas”, disse adiantando, que o Ministério das Relações Exteriores está a trabalhar no sentido de criar condições para que possa ter o mais breve possível diplomatas a vários níveis no sistema das Nações Unidas.
O secretário de Estado realçou que Angola tem a honra de assumir hoje a Presidência da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos e dá prioridade à garantia do respeito e plena salvaguarda dos Direitos Humanos, o reforço dos laços de boa vizinhança e da soberania dos Estados integrantes, por forma a não permitir que os respectivos territórios sejam utilizados para a realização de acções hostis contra outros estados na sub-região.
“A Paz, segurança e estabilidade em África é um compromisso cuja materialização é inadiável”, defendeu. Como membro de pleno direito da ONU e da União Africana, Angola condena com veemência todas as tentativas de interferência nos assuntos internos dos Estados e reitera o pleno respeito pela ordem constitucional.