Angola recupera e alarga parque industrial

A transformação do local de produtos do campo e a fabricação, a nível interno, de determinados bens, artigos e móveis são estratégias do Executivo para substituir as importações e tornar o país auto-suficiente e ou independente em certas matérias.
Aliás, a Agenda 2030 do Milénio aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável, constituídos por 17 objectivos concretos, sobretudo nos domínios social, económico e ambiental, para a eliminação de todas as formas de pobreza.
Eis que o Governo angolano propôs-se, conforme o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN-2018/2022), em construir infra-estruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação, como parte dos ODS.
Com isso, pretende-se, acima de tudo, promover-se o crescimento económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos, factores concorrentes para o desenvolvimento e crescimento do país.
Entretanto, em 2021, Angola ganhou um número considerável de unidades fabris em diversas províncias, com particular ênfase para Luanda, num processo iniciado em 2002, com o advento da paz, e grandemente impulsionado pelo sector privado.
Assim, a capital do país viu nascer, entre outras, só na Zona Económica Especial (ZEE Luanda/Bengo) várias infra-estruturas afins, das quais 20 prontas para iniciarem operações, em breve, 11 em fase de reestruturação e 12 em construção.
No total, a ZEE contabiliza 132 empresas, estando 16 em privatização e 80 em pleno funcionamento, a produzirem chapas de zinco, plásticos, material de construção, de electricidade, de electrodomésticos, montagem de motorizadas, colchão e mais.
Por exemplo estão em via de alienação, Angolacabos (Indústria de Cabos de Fibra Óptica), Angotur (Torneiras), Betonar (artefactos de Betão), Bombágua (Bombas de Água), BTMT (Aparelhagem de Baixa e Média tensão).
Constam também do leque de fábricas a privatizar, a Indulouças (Indústria de Louças Sanitárias), Indumassas (Massas Alimentares), Indupame (Pavilhões Metálicos), Induplastic (Plásticos), Indutubo (Tubos de HDPE) e INFER (Ferragens).
De igual modo, a Matelétrica (Indústria de Materiais Eléctricos de Baixa Tensão) e Ninhoflex (Indústria de Colchões), num processo conduzido pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), com conclusão prevista para este ano.
Segundo apurou a ANGOP, o lote inclui ainda a Fundinar (Fundição de Ligas Metálicas), Inducabos (Cabos Eléctricos) e Indugalv (Indústria de Galvanoplastia), como parte da terceira vaga do processo de alienação, por concurso público.
Nessa mesma ZEE, em 2020, outras cinco unidades fabris iniciaram as suas actividades, com realce para a YONI-BEM – Comércio e Indústria, que produz massa alimentar, farinha de trigo, fuba de milho e ração animal. Conta com 350 postos de trabalho.
O grupo Quinta de Jugais-Angola abriu a fábrica de Charcutaria, cozidos, enchidos e azeites, enquanto a carpintaria Emadel-grupo, está a produzir mobiliários, com 80 técnicos qualificados, após investimento de mais de 5 milhões de dólares.
A empresa indiana arrancou com a produção de enchidos como salsicha e mortadela, com 46 técnicos exclusivamente angolanos. Já o grupo angolano BFRAN inaugurou a fábrica de vestuários, orçada em cerca de 5 080 000 000,00 de kwanzas.
No Pólo Industrial de Viana (PIV), no KM 38, entraram também em funcionamento unidades, com destaque para uma de produção de sacos de ráfia, tida como a maior da África Subsariana, do Grupo IMEX, num investimento de 10 milhões dólares.
Esta fábrica, implementada em 8 mil metros quadrados, está a produzir 250 mil sacos por dia, objectivando exportar, a curto prazo.
As referidas embalagens suportam diferentes capacidades, entre 10 quilogramas (Kg), (15 Kg), (20 Kg), (25Kg), (50Kg) e (150 Kg), e podem ser usadas para fins diversos como para o transporte de carvão, farinha de trigo, arroz, vegetais e feijão.
A fábrica produz também sacos laminados impressos, denominados “BOPP”, para detergentes, cimento, leno para batatas e cebolas, tendo criado mais de 200 novos postos de trabalho, sendo 190 a nacionais e 10 a expatriados.
Ainda no PIV, está a operar em regime experimental, desde Setembro, uma fábrica de mini-tractores e diversos acessórios, como anexo da montadora de tractores situada na ZEE, num investimento de USD cerca de 50 milhões, dos Emirados Árabes Unidos.
Enquanto isso, no município do Cazenga, foi reinaugurada a fábrica Textang II, que com 150 funcionários está a produzir 250 mil metros de tecidos por mês. Quando preencher os dois turnos (740 trabalhadores) vai atingir 900 mil metros/mês.
Por sua vez, no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Caála (província do Huambo) foi inaugurada uma fábrica de processamento de trigo, com capacidade de 120 tonelada por dia, como resultado de um financiamento do Banco de Desenvolvimento Angola.
Em Benguela, no primeiro trimestre do ano passado, o Presidente da República, João Lourenço, inaugurou fábrica “África Têxtil”, num investimento de 480 milhões de dólares, do grupo zimbabweano “BAOBAB COTTON”, empregando 130 trabalhadores.
Para esta província do corredor Sul de Angola está previsto, por outro lado, o início da construção de três novas unidades fabris, a partir deste ano, no complexo industrial do Grupo Carrinho, localizado na zona da Taca.
Segundo o director executivo da Carrinho Indústria, Décio Catarro, a empresa projectou construir uma refinaria de açúcar, uma fábrica de glicose e uma outra de extracção de soja, para iniciarem operações em 2023.
Na província do Cuanza Norte, município do Dondo, foi reaberta a fábrica têxtil Ex-Satec, com capacidade para 200 mil camisolas e 150 mil camisas por mês, na sua primeira linha de produção, e 500 mil metros de tecidos Jeans/mês na segunda fileira.
A inauguração da agora denominda “Comandante Bula”, depois de 25 anos de paralisação, é resultado de um financiamento japonês de mais de 340 milhões de dólares.
No Centro de Angola, realce para a abertura da primeira fábrica de produção de garrafas, na província do Bié, denominada “Água do Bié”, com capacidade de produzir duas mil garrafas de 500 mililitros, e mais de 50 bidões de 18 litros por hora.
A unidade fabril, propriedade da empresa chinesa Kosse e filhos, teve um custo total de 127 milhões, 119 mil 666 kwanzas e 15 cêntimos, e vai também processar e engarrafar água mineral.
A mesma comporta quatro secções, nomeadamente laboratório para análise da qualidade, área de tratamento, produção e armazenamento.
Enquanto isso, o Cuanza-Sul prepara-se para ganhar uma fábrica de fertilizantes com capacidade para produzir 200 mil toneladas por ano, com vista a suprir as dificuldades deste insumo a nível da região e fomentar a agricultura.
Mesmo em período pandémico da Covid-19, onze unidades fabris, das quais uma fábrica de corte e polimento de mármore e granito, uma de gelo, seis padarias (uma no município do Tômbwa), uma moageira, uma pastelaria e uma carpintaria entraram em funcionamento, na província do Namibe, em 2020.
Além de reforçaram o parque industrial da província, geraram pelo menos 416 novos postos de trabalho (405 homens e 11 mulheres), naquele ano, sendo 248 resultantes da implementação do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
A Lunda-Norte, por sua vez, ganhou, no ano passado, uma fábrica de gases medicinais para a resolução definitiva do problema de ruptura de stock de oxigénio nas unidades sanitárias, principalmente durante a pandemia da Covid-19.
Já na Lunda Sul, o Chefe de Estado angolano, João Lourenço inaugurou o Pólo de Desenvolvimento Diamantífero de Saurimo, que congrega uma série de empresas relacionadas à economia mineralógica, com foco na cadeia de valor dos diamantes.
O mesmo contempla três fábricas de lapidação de diamantes, já concluídas, nomeadamente a “Kothari”, a “Stardiam” e a “Kapu Gems”, sendo esta última propriedade de homens de negócios da Índia.
Todas essas fábricas, além de gerarem oportunidades de empregos e alavancarem a economia, estão a acelerar o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição de Importações (PRODESI), a fomentar a produção nacional e as fileiras exportadoras em sectores não petrolíferos.