Angola pode recuperar lugar mundial
Angola tem condições para recuperar o seu lugar entre os maiores produtores mundiais de café, com a revitalização do sector, reconheceu, em Luanda, o director-geral da Organização Interafricana do Café (OIAC).
Frederick Kawuama lembrou que Angola foi um dos maiores produtores de café antes da independência e, por isso, “tem uma grande possibilidade de revitalizar esta cultura nos próximos anos”. O director da OIAC salientou que Angola tem a experiência necessária para o efeito e, por ser longa, está em condições de voltar a ser uma grande potência no sector.
A visita de Frederick Kawuama surge na sequência de assumpção, por Angola, da presidência da Organização Interafricana do Café, em Novembro de 2014, na capital do Uganda, Campala, no decurso da 54.ª Assembleia Geral Anual deste fórum que congrega os países produtores de café do continente.
Antes da independência, em 1975, Angola era um dos principais produtores mundiais com quatro milhões de sacas ou 240 mil toneladas de café, mas a guerra destruiu quase na totalidade as plantações de café.
Os maiores produtores mundiais de café na campanha de 2014-2015 foram, por ordem decrescente, o Brasil, com 45,3 milhões de sacas, o Vietname com 27,5 milhões, e a Colômbia com 12,5 milhões de sacas de 60 quilogramas.
A actual produção de café no país, estimada em 12 mil toneladas, é assegurada por cerca de 50 mil produtores, dos quais 98 por cento praticam a agricultura familiar. A extensão de Angola e os diferentes ambientes climáticos existentes propiciam a produção de café comercial do tipo robusta e arábica. Actualmente, cerca de 400 mil hectares de terra estão disponíveis e à espera de investimentos nacionais e estrangeiros. Estudos realizados recentemente indicam que a médio prazo a produção de café pode atingir as 50 mil toneladas por ano, desde que se invista no ramo.
Apesar das dificuldades que o sector regista nas regiões de produção do café, hoje já se assiste ao surgimento de uma nova geração de produtores, constituída maioritariamente por jovens, o que contribui para o aumento gradual das áreas de cultivo e consequentemente para o volume do “bago vermelho”.
A comercialização do café, uma actividade que requer meios de transporte e sacos de juta, é ainda feita no país com alguns constrangimentos, devido ao difícil aceso às zonas de produção. Esta situação, segundo o director da Empresa Regional de Abastecimento ao Sector Cafeícola (Procafé), Romualdo dos Santos, tem influenciado negativamente o aumento da produção.
Desde a época colonial, as principais províncias produtoras de café em Angola são o Uíge, o Cuanza Norte e o Cuanza Sul.