Angola na Cimeira do Clima
O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, está desde ontem em Paris, onde participa na 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que arrancou mesmo ontem e termina a 11 de Dezembro.
Manuel Vicente, que participa no evento em representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, chefia a delegação angolana à Conferência, que analisa a questão da mobilização de fundos para enfrentar as alterações climáticas e a necessidade de se alcançar o Novo Acordo Mundial do Clima, cujo fim passa pela redução na emissão de gases de efeito estufa no período de 2020 a 2050. O objectivo é não permitir o aumento da temperatura média global acima dos dois graus centígrados (2ºC).
Na conferência, Angola defende a criação de metas a longo prazo, acções concretas de adaptação, clareza nos compromissos financeiros, compromissos evolutivos de cinco anos, estratégias e acções de mitigação, estabelecimento de mecanismos sobre perdas e danos, transparência nas acções de adaptação e mitigação, bem como o alargamento das áreas de capacitação.
Impacto planetário
Espera-se a participação, na conferência de Paris, de 147 Chefes de Estado e de Governo e um total de 40 mil participantes, entre políticos, membros da sociedade civil e de organizações multilaterais e ambientais. O embaixador de Angola em França, Miguel da Costa, sublinhou que “tendo em conta esse número de pessoas, Paris será durante este período, palco de acontecimentos políticos e diplomáticos de impacto planetário”. “Trata-se do maior evento diplomático realizado pela França e uma das maiores cimeiras sobre clima jamais realizada na história”, notou, sublinhando que a “grande tarefa vai ser convencer a Índia, um dos maiores poluidores actualmente, a observar o Novo Acordo Mundial do Clima”.
Se se quer salvar a Humanidade, reforçou, este acordo deve começar a vigorar já e dar frutos a partir de 2020. “Um dos objectivos desse encontro é também criar condições de adaptação das nossas sociedades às perturbações climáticas já existentes, num esforço que deve ter em conta as necessidades e capacidades de cada país”, realçou, afirmando que a conferência pretende alcançar, pela primeira vez, um acordo universal e obrigatório para lutar eficazmente contra as alterações climáticas e reforçar a transição das economias a um nível de baixo carbono.
Antes do início da COP21, os países fizeram um acordo prévio que consiste na apresentação de relatórios sobre a sua evolução quanto a redução de emissões. O embaixador Miguel da Costa reconheceu que este “é um grande exercício e uma grande novidade no contexto das negociações internacionais sobre o clima”, em que todos os países têm o dever de publicar, antes da conferência, tudo o que fizeram a nível interno para que possam assumir uma posição no evento. “Não sabemos se todos procederam assim”, referiu o diplomata, para quem Angola empenhou-se muito para a realização desta conferência.
Angola e França
O embaixador considerou que as relações de cooperação entre Angola e a França são “excelentes”, lembrando que a visita do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, à França, em Abril do ano passado, e a visita do Presidente François Hollande a Angola, em Julho deste ano, é uma demonstração do diálogo ao mais alto nível existente entre os dois países.
“Estamos numa nova página da nossa cooperação com a França e temos acordos assinados na área do ensino superior, na área da facilitação de vistos, transporte aéreo e nas áreas de energia e água, construção civil e telecomunicações”, frisou.
O diplomata destacou que na área dos Transportes, a Air France opera três vezes por semana para Angola e espera-se que a companhia angolana TAAG faça o mesmo. “Existem empresas francesas a construírem pontes no país e temos também acordos a nível das telecomunicações e no sector das águas existem empresas francesas a trabalhar com a Epal, fruto do acordo existente”, salientou.
Quanto ao investimento, Miguel da Costa lembrou que existem 70 empresas francesas a operar no país, mas sublinhou que o seu objectivo vai ser o de convencer mais empresas a investirem em Angola e apoiar os empresários nacionais que quiserem investir em França. “O sentido do acordo é de reciprocidade. Se os franceses podem investir em Angola, os angolanos podem de igual modo investir em França, se tiverem capacidade de o fazer. Continuamos a apelar que os franceses invistam no nosso país”, referiu.
Em relação aos ataques que vitimaram mais de uma centena de pessoas em Paris, o embaixador Miguel Costa lembrou que a comunidade angolana está a cumprir rigorosamente as instruções baixadas pelas autoridades francesas.