Angola e Turquia negoceiam supressão de vistos

Fotografia: Paulo Mulaza
Angola e Turquia negoceiam um memorando de entendimento para consultas políticas e um acordo de supressão de vistos nos passaportes diplomáticos, anunciou ontem em Luanda a secretária de Estado para a Cooperação, Ângela Bragança.
A responsável, que falou à imprensa no final de um encontro com o embaixador da Turquia em Angola, Ihsan Kiziltan, indicou que os dois países pretendem igualmente criar uma comissão bilateral Angola-Turquia para tratar de interesses comuns.
Esta comissão vai permitir igualmente aos dois países identificarem as áreas de intervenção. “A Turquia tem uma forte experiência no domínio da produção do aço, do turismo, comércio e serviços. Achamos que há uma boa base para a cooperação”, referiu.
Angola está aberta ao investimento privado e recentemente o Conselho de Ministros aprovou um modelo de acordo de promoção e protecção recíproca de investimentos. Angola quer uma cooperação diversificada, que não seja ditada apenas pelo comércio, mas que possa trazer experiências para que o país possa transformar as suas próprias matérias-primas. Ângela Bragança disse ter abordado também com o diplomata turco o reforço da cooperação bilateral.
Cooperação activa
Angola e Turquia estabeleceram relações diplomáticas em 1980, mas só agora é que começa a haver maior dinamismo, com a instalação da missão diplomática da Turquia. Angola pretende desenvolver com a Turquia uma cooperação activa. Entre os dois países existe já um acordo geral no domínio comercial, que regula o quadro global de cooperação.
Foram também assinados acordos no domínio dos transportes aéreos. Está para breve a ligação Luanda-Istambul. Os dois países cooperam ainda no domínio militar. O embaixador turco disse que analisou com a secretária de Estado questões bilaterais e a situação política nos dois países e a nível internacional.
O diplomata disse que Angola e Turquia têm boas relações políticas e diplomáticas e por isso pretendem cooperar em vários sectores. A Turquia considera que Angola tem uma importância muito relevante.
Na terça-feira, o embaixador turco foi recebido em audiência pelo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos. com quem abordou questões políticas e económicas, assim como a cooperação no domínio parlamentar.
Sobre as relações bilaterais, referiu que estas se baseiam na parceria que a Turquia tem com os países africanos, mas sublinhou que, para Ancara, Angola é prioritária.
“A Turquia é um parceiro estratégico para a União Africana e, nesse contexto, damos maior importância a Angola. Angola e Turquia são actores nas regiões a que pertencem, por isso as relações têm estado a crescer em vários domínios”, referiu o diplomata turco.
De acordo com o embaixador, os empresários turcos estão interessados em investir em Angola, por isso espera que os angolanos também invistam na Turquia.”Sabemos que Angola quer diversificar a sua economia e as indústrias e as companhias turcas podem ajudar nesse sentido”, disse, sublinhando que os dois países têm contactos na área da Marinha de Guerra.
Lembrou que, nos últimos meses, uma delegação da Marinha turca visitou o Porto de Luanda.
Cimeira da CPLP
A secretária de Estado para a Cooperação aproveitou a oportunidade para falar da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Angola prepara a Cimeira da CPLP, que se realiza no mês de Julho em Díli, Timor-Leste.
Durante a reunião da União Africana, que se realiza em breve na Guiné Equatorial, os ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa reúnem-se para concertar posições. A intenção de Angola é fazer com que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa seja uma comunidade expressiva, com influência nas questões globais.
A secretária de Estado para a Cooperação falou também da realização de uma Cimeira para proclamação do Fórum dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Angola pretende influenciar positivamente os países membros para que estes dois fóruns, Comunidade de Países de Língua Portuguesa e PALOP, possam exercer influência a nível mundial para o diálogo, concertação política e estabilidade.