Angola e China sem vistos

Cidadãos dos dois países podem ter um prazo definido por acordo para circular entre os dois países de forma livre  Fotografia: Contreiras Pipa | Edições Novembro

Cidadãos dos dois países podem ter um prazo definido por acordo para circular entre os dois países de forma livre
Fotografia: Contreiras Pipa | Edições Novembro

Os governos de Angola e da China vão rubricar, em Lu­anda, no próximo domingo, um acordo de facilitação de vistos em passaportes ordinários.

O acordo visa agilizar os mecanismos de concessão de vistos, sobretudo para empresários, académicos e investigadores de diferentes áreas do conhecimento, desportistas de alta competição, agentes culturais e cidadãos com necessidade de tratamento médico.
Os dois países já assinaram um acordo de supressão de vistos em passaportes diplomáticos e de serviço, ainda em vigor. Angola e China assinaram, em 2010, uma parceria estratégica e estão a celebrar 35 anos de relações diplomáticas.
Os termos do acordo de supressão de vistos em passaportes ordinários devem ser anunciados no final das conversações e da assinatura do instrumento jurídico de cooperação neste domínio, segundo fonte do Ministério das Relações Exteriores ao Jornal de Angola.
Wang Yi deve ser recebido pelo Presidente da República, João Lourenço, em audiência, no Palácio da Cidade Alta, para abordar a cooperação bilateral, tendo em vista o seu reforço, anunciou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado de imprensa.
Durante a visita do ministro chinês, equipas ministeriais dos dois países mantêm conversações oficiais dirigidas pelo ministro das Re­lações Exteriores, Manuel Augusto, e pelo homólogo chinês Wang Yi.
Em Outubro último, a atracção de mais investimento privado chinês para o mercado angolano nos sectores da agricultura, indústria, recursos humanos e da saúde esteve no foco do encontro entre o Presidente da República, João Lourenço, e o embaixador daquele país em Angola, Cui Aimin. Segundo Cui Aimin, a audiência concedida pelo Presidente da República serviu igualmente para analisar o estado da cooperação bilateral no domínio financeiro.
O diplomata chinês manifestou o interesse da parte chinesa em impulsionar a parceria existente entre os dois Estados.
No quadro da cooperação bilateral, o Governo chinês disponibilizou várias linhas de crédito a Angola através de seus bancos estatais de investimento. A primeira linha de crédito oficial chinesa para Angola data de 2002 e serviu para financiar o programa de reconstrução nacional iniciado depois da conquista definitiva da paz.

Balanço da cooperação

Em Setembro último, o balanço da cooperação entre Angola e a China em 2017 atingia o valor de mais de 10 mil milhões de dólares em financiamento a novos projectos.
O volume de negócios resultou  de  vários projectos ligados à construção de  infra-estruturas com grande importância para o bem-estar do povo angolano, no­meadamente  a conclusão do Centro de Demonstração  de Tecnologias Agrícolas  e o Instituto de Relações In­ternacionais, a formação, entre outros.

Câmara de comércio
Em Agosto do ano passado, empresários angolanos e chineses juntaram-se, em Luanda, para estudarem estratégias e retirar do contacto proveitos de cooperação entre ambos os países, num encontro que abordou os “caminhos para a participação do empresariado privado angolano nos projectos, linhas de crédito e fundo de investimento chinês em Angola”.
O Conselho Estratégico, criado pela Câmara de Co­mércio Angola-China, definiu os caminhos que o sector privado pode seguir, para tirar proveito da cooperação entre os dois países, enquanto a China se mantém como um país com grandes investimentos no continente africano, sendo Angola um dos beneficiários, com três por cento desse financiamento .
A reunião abordou, com profundidade, as parcerias mais vantajosas, tendo em atenção que a China já investe em Angola desde 2003, essencialmente nas áreas das infra-estruturas e rodoviárias, onde já procedeu a um empréstimo no valor de 94 mil milhões de dólares.
O presidente da Câmara de Comércio Angola-China, Arnaldo Calado, justificou na ocasião que a reunião entre os empresários de ambos países aconteceu porque o Banco da China entrou no sistema financeiro angolano, procurando ultrapassar o momento menos bom da economia.
Arnaldo Calado disse que a Câmara recebe diariamente uma média de 20 propostas para financiamento, mas prefere-se primar pela qualidade dos projectos na fase de negociações.
O responsável acrescentou que o órgão possui vários projectos de investimento, nas áreas do minério, agricultura, construção civil, saúde, educação e indústria.
“Hoje mesmo surgiu uma proposta com fundos chineses, para a constituição de uma universidade com foco no turismo, na língua oficial chinesa – mandarim, e na sua cultura”, referiu.

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