Angola defende produção especial

Fotografia: Kindala Manuel

Fotografia: Kindala Manuel

O ministro dos Petróleos, José Botelho de Vasconcelos, defendeu ontem em Moscovo a extracção e produção de gás não convencional, numa altura em que muitos países participantes do 14º Fórum Internacional de Energia entendem que a solução para a independência energética passa pelo recurso à produção do petróleo e gás não convencional.

Botelho de Vasconcelos, que discursava na sessão plenária do Fórum Internacional de Energia sobre o tema “Petróleo e gás não convencionais”, considerou a questão actual mas, de certa forma, “controversa”, porque se, por um lado, representa o caminho para a independência energética de alguns países, por outro, “suscita alguns questionamentos no que respeita aos elevados custos e consideráveis riscos ambientais associados à sua extracção”.

O ministro referiu que os custos elevados, os riscos ambientais e a extracção representam a razão pelas quais a produção de hidrocarbonetos não convencionais é ainda limitada, numa altura em que a produção de gás de xisto só ganhou realce depois do desenvolvimento das recentes técnicas de extracção, como perfuração horizontal e a fracturação hidráulica.

“Os hidrocarbonetos não convencionais são uma nova fronteira exploratória que possibilita a viabilização e incorporação de novos recursos para manutenção da cadeia de produção petrolífera no mundo”, frisou.

Em relação à produção de gás de xisto, salientou, os Estados Unidos assumem a liderança, “o que levou Angola a redireccionar a sua exportação de LNG para o mercado asiático”.

O país registou um decréscimo anual das suas exportações de petróleo ao mercado americano em virtude da sua auto-suficiência energética, que resulta das grandes reservas de gás e petróleo não convencionais descobertas recentemente naquele país.

Um dos grandes obstáculos à exploração de hidrocarbonetos não convencionais reside nos danos ambientais que podem causar, pois são constituídos por petróleo pesado e gás natural retidos em rochas de baixa permeabilidade, que podem provocar “contaminação dos lençóis freáticos, contaminação do ar, migração dos produtos químicos e gases envolvidos na fracturação para superfície” e é muito oneroso.

No caso de Angola, o ministro disse não existirem ainda estudos para avaliação do potencial de recursos de petróleo e gás não convencionais. Quanto à produção de petróleo convencional, o país está numa posição “relativamente confortável”.

Em relação ao gás natural, Botelho de Vasconcelos disse que as reservas são ainda insuficientes para a satisfação das necessidades energéticas do país.

“Este quadro energético deficitário remete-nos para a condução de estudos e a avaliação das reservas nacionais de gás natural convencional que devem ser complementados com outros estudos de avaliação de potencial de existência de gás natural não convencional e seus efeitos ambientais”, salientou.

FacebookTwitterGoogle+