Angola apoia refugiados congoleses

LUNDA NORTE: REFUGIADOS NO CAMPO DO LÓVUA
FOTO: HÉLDER DIAS
20 Agosto de 2019 | 16h54 – Actualizado em 20 Agosto de 2019 | 17h17
Há exactos dois anos (2017), a República de Angola estendeu as mãos a 35 mil refugiados da República Democrática do Congo (RDC), acolhidos na província da Lunda Norte, devido à violência extrema e generalizada causada por tensões políticas no seu país.
A entrada em território angolano representou o reacender da esperança e o começo de um novo sonho de que, longe da violência, a vida dos refugiados seria menos dura.
O reasseentamento exigiu esforço extra das autoridades angolanas, que acolheram, sem reservas, 23 mil e 684 congoleses democráticos no Campo de Refugiados do Lóvua.
Outros 11 mil e 316 foram distribuídos em várias comunidades locais, sob supervisão do ACNUR.
Em 2018, registou-se o primeiro repatriamento voluntário espontâneo, com mais de oito mil refugiados a regressarem com seus próprios meios ao país de origem.
Em solo angolano continuaram outros 23 mil e 684 refugiados, aguardando a criação de condições para o retorno à RDC, com garantias do ACNUR de que, a partir de Setembro próximo, o regresso a casa seria realidade.
Tudo parecia sob controle do ACNUR e das autoridades angolanas, apesar das queixas dos refugiados de que as condições sociais básicas, no campo, estavam a degradar-se.
Na madrugada do dia 18 de Agosto, uma decisão inesperada contrariou o programa de repatriamento voluntário e mudou a rotina no Campo de Refugiados do Lóvua.
Um total de 18 mil e 800 refugiados, dos 23 mil e 684, decidiram, unilateralmente, abandonar o Centro do Lóvua, localizado a 90 quilómetros da cidade do Dundo.
Desse leque, 600 são mulheres em estado de gestação (grávidas) e 10 mil 161 crianças.
Tal como em 2017, mais uma vez as autoridades angolanas voltaram a mobilizar-se, para estender as mãos aos refugiados, procurando demove-los da intenção de marchar.
Para tal, deslocou-se ao Campo do Lóvua uma delegação de alto nível, encabeçada pelo ministro da Defesa Nacional, Salviano Cerqueira, que reuniu com as autoridades da Lunda Norte e com responsáveis do ACNUR, em busca de um plano de emergência.
Face à irredutível decisão dos refugiados, o Governo angolano assegurou, em tempo recorde, apoios necessários para o regresso e mobilizou meios materiais indispensáveis.
Foram cedidos três camiões para o transporte dos 18 mil e 800 refugiados, bens alimentares, seis ambulâncias, camiões cisternas para o abastecimento de água durante o percurso e mais de 80 efectivos para garantir a segurança dos refugiados.
É com esses meios que pelo menos 150 refugiados foram evacuados, ate segunda-feira (19), para a província do Kassai Central, através da fronteira do Tchicolondo, município do Cambulo, num percurso de cerca de 200 quilómetros.
O processo é paulatino e, segundo as autoridades angolanas, levará pelo menos 45 dias.
Para que não falte o essencial, o Governo de Angola já prevê, para os próximos dias, a disponibilização de mais 16 camiões das Forças Armadas Angolanas (FAA), para permitir o repatriamento seguro e tranquilo dos refugiados.
Com vista a acompanhar o processo e criar novas estratégias, é aguardada nas próximas horas uma delegação ministerial da República Democrática do Congo, para inteirar-se dos esforços conseguidos pelas autoridades angolanas e pelo ACNUR.