Angola anuncia na ONU os caminhos para África

Fotografia: Santos Pedro

Fotografia: Santos Pedro

O ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, afirmou, em Nova Iorque, ser crucial a contribuição das organizações regionais e sub-regionais para a manutenção da paz e a segurança internacional, sustentando que a gravidade e o número de conflitos armados no mundo obrigam a recorrer “a todos os meios disponíveis”.

Georges Chikoti discursou ontem no “Debate Temático sobre Fortalecimento da Cooperação entre as Nações Unidas e as Organizações Regionais e Sub-Regionais”, em representação do Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, Presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
O ministro das Relações Exteriores disse que Angola trabalha em estreita colaboração com os países da região e parceiros relevantes na procura de soluções pacíficas para os conflitos na Região dos Grandes Lagos, com vista à estabilização, pacificação e  desenvolvimento económico sustentado.
A Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, sublinhou Georges Chikoti, está a reforçar a cooperação regional e internacional para identificar e neutralizar “os líderes das forças negativas” que operam na região, que caracterizou uma das mais voláteis e com alguns dos conflitos armados mais mortais do mundo.
“Hoje, é encorajador ver a região dar passos firmes em direcção à paz e estabilidade, graças, em parte, à acção concertada e ao compromisso dos líderes regionais e dos parceiros internacionais para transformar a região num espaço de paz e prosperidade”, enfatizou o ministro, que esteve acompanhado pelo representante permanente de Angola junto da ONU, embaixador Ismael Gaspar Martins.
A Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos estabeleceu, com as Nações Unidas e outros parceiros relevantes, um quadro de cooperação em áreas importantes de interesse comum, como a paz e segurança, prevenção de conflitos e de genocídios, resposta à violência sexual relacionada com conflitos, exploração ilegal dos recursos naturais e direitos humanos e desenvolvimento.
Georges Chikoti ressaltou que o Acordo-Quadro para a Paz, Segurança e Cooperação na República Democrática do Congo e na Região, assinado há dois anos, tem alcançado progressos, com realce para a derrota do movimento rebelde M23.

Preocupação com Burundi

O ministro das Relações Exteriores manifestou a “profunda preocupação” de Angola com os actuais relatos de violência no Burundi, à beira das eleições gerais no país, e apelou a todas as partes que se abstenham de quaisquer actos de violência, respeitem o Estado de direito e solucionem o litígio decorrente das eleições em conformidade com as leis do país.
Sobre a República Centro Africana, Georges Chikoti frisou que apesar de muitos desafios, há sinais crescentes de esperança e congratulou-se com a realização do Fórum Bangui, a decorrer de 4 a 11 de Maio, e que junta à mesma mesa os principais partidos  para discutirem o futuro político do país.
O ministro, que reiterou a prioridade na solução de conflitos armados por meios pacíficos, apontou algumas sugestões para fortalecer a cooperação entre a ONU e as organizações regionais e sub-regionais, com destaque para a necessidade de aumentar a mobilização de recursos, a fim de apoiar a implementação das acções acordadas ou mandatos nas áreas de prevenção de conflitos, mediação, pacificação e construção da paz mundial.
Embora reconheça que o Conselho de Segurança tem a responsabilidade primária pela manutenção da paz e da segurança internacionais, Georges Chikoti disse que as organizações regionais e sub-regionais devem liderar qualquer situação de conflito armado ou processo de paz, dada a sua experiência especial e uma melhor compreensão dos desafios e dinâmica da região. “A cooperação entre as Nações Unidas e as organizações regionais e sub-regionais devem permanecer no topo da nossa colaboração, a fim de melhorar os três pilares da ONU, nomeadamente, paz e segurança, direitos humanos e desenvolvimento, neste ano em que se comemora o 70.º aniversário da fundação da Organização”, concluiu o ministro das Relações Exteriores.

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