Ajuda à RCA é urgente

Fotografia: Francisco Bernardo

Fotografia: Francisco Bernardo

Os Presidentes de Angola, Chade e Congo fizeram ontem um apelo à Organização das Nações Unidas para incrementar a ajuda humanitária às pessoas afectadas pela crise na República Centro Africana e defenderam o envio, “o mais depressa possível” de forças de manutenção de paz para aquele país devastado por uma vaga de violência inter-religiosa há mais de um ano.

Idriss Déby Itno, actual presidente da Comunidade Económica da África Central, e Denis Sassou Nguesso, mediador da CEEAC para a RCA, juntaram as suas vozes num apelo à Comunidade Internacional para que dedique uma “atenção especial” ao povo centro-africano para o processo de transição em curso poder terminar com eleições livres e democráticas, o restabelecimento da ordem constitucional e com a consolidação da paz e a reconciliação nacional.

O Presidente José Eduardo dos Santos referiu-se aos entendimentos entre o Governo de Angola e as autoridades de transição da RCA, com vista a ajudar a repor a administração pública, o sistema de defesa, segurança e ordem pública e outras instituições do Estado.

O presidente em exercício da Conferência Internacional da Região  dos Grandes Lagos expressou o desejo de ver os países da CEEAC concertarem esforços para ajudar a RCA a superar os seus problemas nestes domínios.

Fórum em Bangui

O Chefe de Estado angolano saudou a iniciativa do Governo de Transição centro-africano de promover um fórum abrangente sobre a reconciliação nacional e pediu que a CEEAC ajude o projecto com base na ideia de que o “diálogo, a negociação e a inclusão política e social são a melhor via para a procura de soluções para o fim dos conflitos.”

“Os caminhos que devemos trilhar para se ultrapassarem as contradições existentes são os da paz, da unidade nacional, da reconciliação, do direito à diferença, da justiça e do desenvolvimento económico e social inclusivo”, defendeu José Eduardo dos Santos.

A cimeira tripartida Angola, Chade e Congo foi uma iniciativa do Chefe de Estado angolano, presidente em exercício da Conferência Internacional sobre os Grandes Lagos, para uma reflexão “profunda e directa” sobre as causas dos problemas e da instabilidade que afectam a região central de África e para definir as bases da procura de soluções duradouras.

O Presidente do Chade e líder em exercício da CEEAC elogiou o seu homólogo angolano pela iniciativa de promover a cimeira em Luanda, referindo que os últimos desenvolvimentos na RCA impõem uma actuação concertada na busca de uma solução duradoura. “Temos de agir em conjunto e em sinergia para a paz permanente e a segurança na RCA.

É por isso que me congratulo e aplaudo os esforços do meu querido irmão e amigo José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, pela sua sensibilidade em relação à situação do povo centro-africano. Temos mesmo de trabalhar juntos face às ocorrências mais recentes no terreno”, disse Idriss Déby Itno.

Pensem no futuro

Idriss Déby Itno disse que os centro-africanos devem pensar no futuro e pôr de lado as suas diferenças e querelas estéreis. “Reitero a nossa solidariedade e apoio à República Centro Africana, mas chamo a atenção aos irmãos e irmãs centro-africanos para que tomem consciência da situação do país e do abismo em que mergulharam”, frisou o Chefe de Estado do Chade.

O Presidente congolês também considerou  oportuna a iniciativa do Chefe de Estado angolano, salientando que os resultados da concertação vão servir quer para a CEEAC quer para o Grupo Internacional de Contacto sobre a República Centro Africana, que se vai reunir em Addis Abeba, dentro de um mês.

Denis Sassou Nguesso referiu-se à cimeira tripartida entre Angola, o Chade e o Congo como uma oportunidade para conjugação e partilha de ideias que vão levar a que os esforços desenvolvidos permitam a restauração da paz, segurança, unidade nacional e estabilidade na República Centro Africana.

Violência e vingança

Apesar das iniciativas internas da comunidade internacional para travar a onda de violência na RCA e acudir as pessoas afectadas pela crise, a situação no país continua tensa.

Recentemente um ataque a uma igreja em Bangui fez centenas de vítimas, entre as quais pessoas deslocadas e um padre. Também em Bangui, três jovens muçulmanos foram mortos por indivíduos suspeitos de pertencerem à milícia cristã antibalaka. Os jovens pretendiam assistir a uma partida de futebol. Além disso foram destruídas várias mesquitas na capital centro-africana.

Em Abril último, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de cerca de 12 mil “capacetes azuis” para a RCA. A resolução, apresentada pela França, autoriza o destacamento de cerca de dez mil militares e 1.800 agentes da polícia para a RCA.

Os cerca de 12 mil “capacetes azuis” vão formar a MINUSCA (Missão Multidimensional Integrada de Estabilização da ONU para a RCA). Actualmente no território centro-africano estão dois mil militares franceses e seis mil elementos da força internacional da União Africana (MISCA).

A transferência de autoridade entre a MINUSCA e a MISCA, que vai representar o estabelecimento efectivo dos “capacetes azuis” está fixada para 15 de Setembro, e o mandato inicial desta nova missão está previsto até 30 de Abril de 2015.

O Governo de Transição da RCA, liderado por Catherine Samba-Panza, tem insistido para a Comunidade Internacional actuar de forma concertada e para reforçar o contingente militar no terreno para garantir a segurança dos centro-africanos. A força africana é composta por tropas chadianas, gabonesas e camaronesas.

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