Ajuda de Angola a caminho do Fogo
Contentores de 40 pés com alimentos e materiais de construção foram quinta-feira carregados no navio Rio Mbridge da Marinha de Guerra Angolana, em Luanda, destinados a Cabo Verde, para apoiar as vítimas da erupção do vulcão na Ilha do Fogo.
De acordo com a Angop, o navio com a ajuda humanitária deve chegar a Cabo Verde na próxima semana. Angola está a apoiar as vítimas da erupção do vulcão na Ilha do Fogo com equipamentos e meios materiais, bens alimentares, uma contribuição de 700 milhões de kwanzas (sete milhões de dólares).
O Governo, por decisão do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, disponibilizou dois aviões do tipo NA 72 e DASH-8 para levar a ajuda aos sinistrados.
A ajuda prevê apoio logístico e humanitário de 1.200 toneladas, a ser transportada por via marítima e aérea. O primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, revelou que os estragos provocados pela erupção do vulcão do Fogo já ultrapassam os 62, 25 milhões de dólares.
José Maria, que visitou a ilha do Fogo três dias após o início da erupção, a 23 de Novembro passado, disse que teve “uma sensação de grande perda”. Os danos materiais são enormes, “a Chã das Caldeiras estava a ser lentamente destruída pelas lavas e as pessoas estavam muito fragilizadas do ponto de vista emocional”, disse o chefe do Governo cabo-verdiano, sublinhando que saiu do Fogo com o “coração partido”.
Sobre a forma como os habitantes da ilha do Fogo estão a reagir à situação, José Maria Neves disse que as pessoas estavam convictas de que o vulcão, que consideravam “um amigo”, não ia provocar grandes estragos, mas com o evoluir dos acontecimentos viram que estavam a perder tudo. Dados divulgados pelo Ministério do Ambiente, Habitação e Ordenamento do Território de Cabo Verde dão conta de que já foram destruídas 229 habitações, 160 cisternas, cinco pensões, um hotel, duas igrejas e uma área agrícola ainda não quantificada.
Quanto ao percurso das lavas, os dados recolhidos indicam que percorreram a distância de nove quilómetros de 23 de Novembro a 9 de Dezembro.
Além da destruição de habitações, terrenos agrícolas e de pastagens, a torrente de lava já obrigou ao realojamento de 1500 habitantes de Chã das Caldeiras, na sua maioria agricultores e criadores de gado, em centros de acolhimento em zonas distantes do vulcão.
O Governo são-tomense manifestou a sua “solidariedade para com o Governo e o povo cabo-verdianos” e decidiu criar uma conta bancária de solidariedade para apoiar as vítimas do vulcão. O Governo da Guiné-Bissau, apesar da crise que o país vive, enviou a Cabo Verde 75 mil dólares.