Vice-Presidente em Bandung

Fotografia: Rogério Tuti

Fotografia: Rogério Tuti

O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, participou, ontem, na cidade de Bandung, nas celebrações do 60º aniversário da Conferência Ásia-África, que representam o culminar de todas as actividades.

Ontem, 22 Chefes de Estado e de Governo de 91 países asiáticos e africanos, ministros das Relações Exteriores e observadores, depois da cimeira em Jacarta, reuniram no Edifício Merdeka, no centro da cidade de Bandung, Java Ocidental.
As comemorações foram marcadas por dois grandes momentos: a assinatura da Mensagem de Bandung e a caminhada dos Chefes de Estado e de Governo. Houve também intervenções dos líderes.
A assinatura da Mensagem de Bandung foi feita simbolicamente pelo Presidente da Indonésia, Joko Widodo, pelo Presidente da China, Xi Jinping, que representou a Ásia e pelo rei da Suazilândia Mswati III, como representante de África.
A Mensagem de Bandung é um dos três documentos produzidos nas reuniões realizadas. Os outros dois são o reforço da Nova Parceria Estratégica Ásia-África e a Declaração de Apoio à Palestina.
A Declaração de apoio à Palestina tem oito pontos, entre os quais o apoio à sua independência, condenação à ocupação israelita, apoio à reconstrução de Gaza e o incentivo à realização do pedido da Palestina à adesão às Nações Unidas.

Caminhada histórica

Outro momento marcante foi o retorno à caminhada de há 60 anos que os líderes fizeram na hora exacta e na forma exacta. A histórica caminhada com os “mesmos dez minutos” começou no histórico hotel Savoy Homann, a escassos metros do edifício Merdeka, onde os líderes africanos e asiáticos participaram na conferência, há 60 anos.
O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, caminhou juntamente com os líderes da China, da Coreia do Norte, da Indonésia, Vietname, Mianmar, Timor-Leste, do Zimbabwe e o rei da Suazilândia, que mostraram que o espírito dos primeiros Chefes de Estado africanos e asiáticos expresso a 24 de Abril de 1955, é ainda hoje relevante. Após a caminhada, o administrador municipal da cidade, Emil Kang, leu os Dez Princípios de Bandung.

Apoio à Palestina

O Presidente Robert Mugabe e os outros líderes que estiveram em Bandung voltaram a reiterar a necessidade de apoio à independência da Palestina, pedindo a solidariedade dos países asiáticos e africanos para trabalharem juntos neste desafio político. “O povo da Palestina está a sofrer. Por isso, esperamos o apoio e solidariedade da Ásia, mas também de África”, disse Mugabe em Bandung.
Mugabe, actualmente Presidente da União Africana (UA), entende que a solidariedade e a globalização da Ásia-África pode superar o domínio dos países mais poderosos do mundo, afirmando que o apoio dos continentes à causa palestina, é capaz de superar os problemas lá existentes.

Chave do desenvolvimento

O Presidente indonésio, Joko Widodo, apelou aos países da Ásia e África a cooperarem em todos os sectores, porque a cooperação é a chave para o desenvolvimento e prosperidade.
“Devemos transformar as nossas aspirações em realidade, através do estabelecimento de cooperação em condições de igualdade com outros países irmãos”, disse, sublinhando a necessidade de tornar o país livre da pobreza. “Vamos revigorar o espírito de Bandung e dos líderes do passado e melhorar a compreensão mútua, promover a paz no mundo e lutar pela independência da Palestina”, disse o líder da nação que tem 250 milhões de habitantes.

Estreitar laços

O Presidente de Myanmar, Thein Sein, disse que a cimeira da Ásia e África é útil para os dois continentes e, também, para todo o mundo. Por isso, defendeu que a cooperação não deve ser construída apenas nos dois continentes, mas para o mundo. “A relação entre Ásia e África está activa desde há muito. Agora é fundamental que ela represente forte razão para desenvolver a cooperação económica”, sublinhou, acrescentando que está aberta uma oportunidade que pode ser usada como plataforma para fortalecer os laços e a relação entre os cidadãos dos países da Ásia e África.

Agradecimento a Angola

O Presidente de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, agradeceu em Jacarta o apoio prestado por Angola na presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que o país assume desde Julho do ano passado.
Taur Matan Ruak manifestou o reconhecimento do seu país depois de um encontro quinta-feira com o Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, à margem da Cimeira Ásia-África, no quadro das celebrações dos 60 anos da Conferência de Bandung, que ontem terminou. Taur Matan Ruak disse aos jornalistas que aproveitou o encontro com Manuel Vicente para reforçar as relações de cooperação entre os dois países, que qualificou como “muitíssimo boas”, sobretudo no domínio económico, no qual Timor-Leste pretende ver reforçada a parceria estratégica na indústria petrolífera.
À margem da Cimeira, os ministros das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, de Timor-Leste, Hernâni Coelho, da Guiné-Bissau, Mário Lopes Rosa, e de Moçambique, Oldemiro Baloi, decidiram realizar um trabalho de consulta sobre os aspectos da mobilidade no espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O chefe da diplomacia de Timor-Leste, país com a presidência bienal da CPLP desde Julho de 2014, referiu que os quatro ministros falaram igualmente sobre a criação de um consórcio na área da energia, que foi proposto pelos Chefes de Estado e de Governo em 2014, assunto que deve ser abordado numa próxima reunião dos ministros dos países da CPLP responsáveis por essa pasta.
“Timor-Leste vai fazer circular uma proposta para a data da reunião do Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros da CPLP, que deve ter lugar em Julho”, acrescentou Hernâni Coelho, que lembrou que nem todos os membros da CPLP estiveram representados na reunião informal de meia hora em Jacarta.
No encontro foram também feitas propostas sobre o secretariado da CPLP em Timor-Leste, nomeadamente sobre o tipo de actividades que deviam ser desenvolvidas, disse Hernâni Coelho.
Timor-Leste vai sugerir aos restantes membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa a criação de uma equipa exclusiva para preparar um documento sobre o que deve ser realizado no âmbito da visão estratégica da organização e que serve depois de recomendação para o Conselho de Ministros, segundo Hernâni Coelho.

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