Fomento da produção de carne
O Governo angolano quer reduzir até 2018 o volume de importações de carne bovina, produto que tem peso considerável no que se refere a exportação de divisas. Dados estatísticos indicam que o país importa anualmente acima de 100 mil toneladas de carne bovina, qualquer coisa como 500 milhões de dólares.
Ontem, durante uma sessão conjunta das comissões Económica e para Economia Real do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, esteve em análise um programa dirigido de produção de carne bovina, que visa potenciar produtores nacionais com um conjunto de acções que devem resultar no aumento da oferta local e na redução das exportações.
Depois de participar na reunião, o ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, falou à imprensa sobre as linhas de força do programa. “Trata-se de um instrumento através do qual procuraremos apoiar empresários pecuaristas com um conjunto de acções para que possam produzir carne de qualidade”, disse o ministro.
Entre as acções previstas, consta a implementação de programas profiláticos para controlar as doenças de animais, a criação de condições de abate, e, por via de concessão de créditos, o melhoramento das fazendas, para reprodução, recria e engorda de gado em explorações empresariais estruturadas. Segundo Afonso Pedro Canga, o programa começa a ser implementado este ano, em termos de concessão de créditos e infraestruturas, e estende-se até 2018. “É de esperar que vá contribuir significativamente para aumentar a oferta de carne nacional de qualidade no nosso mercado, além disso tem a componente do emprego, com a absorção de técnicos formados nessa área, na pecuária e veterinária, para que possam prestar serviço nas explorações agrícolas familiares e em programas públicos direccionados”, afirmou o ministro da Agricultura.
A reunião conjunta, a quarta nesse formato, serviu para avaliar a implementação de outros projectos de impacto económico, que se inserem no quadro da diversificação económica. Como o projecto Grandes Moagens de Angola, consórcio privado, por via do qual se pretende passar a produzir farinha de trigo.
Coube à ministra da Indústria fazer uma breve abordagem sobre o projecto através do qual Angola vai passar a produzir farinha de trigo, em quantidades suficientes para equilibrar o quadro de consumo interno. “Nós hoje não produzimos farinha de trigo, apesar de ser um produto fundamental para produção de pão, massas e de outros produtos, como biscoitos e bolachas”, disse. Bernarda Martins explicou que foi identificado um parceiro, um consórcio privado, com capacidade técnica e financeira para montagem de uma moageira, com o arranque das obras marcado para o mês de Maio. “A moageira vai ter capacidade para processar cerca de 1.200 toneladas de trigo por dia, da qual resultará 900 toneladas de farinha de trigo e 400 toneladas de farelo para ração”.
Do Ministério de Geologia e Minas, a reunião conjunta voltou a abordar a implementação do projecto de ferro nas regiões da Cerca, Cuanza Norte, e do Cutato, Cuando Cubango. O Programa dirigido para a extracção de minério de ferro vão gerar milhares de postos de trabalho. o ministro da Geologia e Minas, vão gerar milhares de postos de trabalho. O projecto Cerca, que se situa no Zenza do Itombe, envolve um investimento de 285 milhões de dólares nas duas fases (investigação e exploração), e vai criar cerca de 600 postos de trabalho.
A fase de exploração arranca entre 2016 e 2017, mas a prospecção começa já nos próximos dois meses. Já o projecto do Cutato vai implicar um investimento total de 798 milhões de dólares, e vai gerar cerca de 3500 empregos. Trata-se de um projecto integrado, onde será desenvolvida toda a cadeia de valor do ferro. O projecto envolve a plantação de cerca de 25 mil hectares de eucaliptos, já que tem como base o carvão vegetal. O projecto contempla a incineração do minério de ferro e produção de pequenas barras, que para já são comercializáveis e servem à indústria siderúrgica.
Ainda do Ministério da Geologia e Minas, foi discutido a proposta de constituição da Empresa Nacional de Agro-minerais, Agro-minas, Sociedade Anomima, bem como o projecto de Exploração de Fosfatos na região da Cácata, província de Cabinda, bem como o projecto de Exploração de Fosfatos na região de Lucunga, Zaire.
Durante a sessão foi apreciado o relatório de balanço da programação financeira do Tesouro do primeiro trimestre de 2015, o relatório de execução do Plano de Caixa do mês de Março de 2015 e a proposta de Plano de Caixa do mês de Maio. Também estiveram em destaque um relatório sobre a participação de Angola no Fundo Africano de Desenvolvimento (FAD) e a proposta do Plano Anual de Actividades do Sistema Estatístico Nacional.
Audiência
Antes da reunião, o Chefe de Estado recebeu em audiência uma delegação ministerial da Guiné Equatorial, mandatada pelo Presidente deste país, Teodoro Obiang Nguema. À saída da audiência, Valentin Ela Maye, vice-ministro da Economia, Planeamento e Investimentos Públicos, considerou proveitoso o encontro com o líder angolano na medida em que pôde falar sobre novas áreas de interesse comum.
Em declarações à imprensa, o emissário de Obiang Nguema disse ainda que o contacto regular entre os líderes dos dois países reflecte o bom estado da cooperação entre Luanda e Malabo, e o interesse mútuo em aprofundar e reforçar os laços de amizade.
Além de boas relações ao mais alto nível, os dois países partilham objectivos comuns em organizações internacionais, como a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Comissão do Golfo da Guiné (CGG) e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).