Espanha e Angola analisam relações
Delegações de Angola e Espanha discutem hoje, em Madrid, o estado das relações políticas, económicas e de cooperação entre os dois países, no quadro da primeira reunião de consultas bilaterais.
Chefiadas pelos respectivos secretários de Estado das Relações Exteriores, as delegações avaliam possíveis linhas de coordenação e colaboração no Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão de que os dois países fazem parte no biénio 2015/ 2016.
Manuel Augusto e Ignacio Ybañez avaliam os acordos e convénios sectoriais em vias de negociação, assuntos de carácter consular que afectam as viagens e visitas de empresários, a possível colaboração entre missões diplomáticas de ambos os países, além de analisar a evolução dos acontecimentos nos Grandes Lagos e a liderança angolana nos processos de pacificação na região.
A reunião, que termina amanhã, tem como objectivo avaliar a cooperação à luz do Memorando de Entendimento sobre consultas bilaterais assinado em Dezembro de 2012, pelos ministros das Relações Exteriores dos dois países.
O ministro da Indústria, Energia e Turismo de Espanha, José Manuel Soria, teve encontros em Luanda, no mês de Fevereiro, com os responsáveis máximos dos sectores da Energia e Águas, Telecomunicações, Petróleos, Indústria, Minas e Turismo, e foi também recebido pelo Vice-Presidente da República. Em declarações ao Jornal de Angola, a embaixadora de Espanha, Julia Olmo, afirmou que os dois países estão a preparar memorandos de entendimento para impulsionar investimentos nas áreas da Energia e Águas, Telecomunicações, Petróleos, Indústria, Minas e Turismo. Julia Olmo afirmou que as negociações estão mais avançadas no sector do Turismo. Angola pode fazer do Turismo uma grande fonte de financiamento do Orçamento Geral do Estado. A primeira proposta, elaborada pela parte espanhola, já foi entregue ao Ministério do Turismo de Angola, e uma das prioridades recai para a formação. A Espanha quer transmitir a sua experiência de desenvolvimento do sector a Angola. No ano passado, aquele país recebeu mais de 65 milhões de turistas e foi o segundo maior destino no mundo.
“Há uma média de consumo de mil euros. É só multiplicar por 65 milhões para ver o tamanho das receitas, sem falar de toda a indústria relacionada, como as companhias de aviação, restauração e outras”, disse. “Começámos a fazer um país de turismo no final dos anos 60 e melhorámos muito. Antes tínhamos apenas turismo de sol e praia. Hoje, conseguimos diversificar e temos turismo empresarial, de saúde, de férias, cultural, inclusive muitos estudantes aprendem a língua”, disse a embaixadora espanhola.
A diplomata afirmou que também existem avanços no sector das Minas. Na próxima semana, chega a Angola uma delegação da HUNOSA, a maior empresa espanhola do sector mineiro, que vai trabalhar com a Ferrangol na identificação de algumas áreas de trabalho conjunto. Outro destaque do sector é a participação espanhola no Plano Nacional de Geologia (PLANAGEO). O consórcio formado pela Impulso Industrial Alternativo, Instituto Geológico e Mineiro de Espanha e o Laboratório Nacional de Energia e Geologia de Portugal é responsável pela pesquisa para determinar o potencial mineiro da região sul e sudeste, que abrange as províncias do Namibe, Huíla, Cunene, Benguela, Huambo, Bié, parte do Cuando Cubango e parte do Cuanza Sul, numa extensão territorial de quase 470 mil quilómetros quadrados. A pesquisa vai também determinar o aquífero existente no deserto, o que pode permitir a prática da agricultura nesta e noutras zonas consideradas áridas.
A embaixadora espera também, ainda este ano, o início da aplicação do Acordo de Protecção Recíproca de Investimentos, rubricado em 2007, para dar mais tranquilidade e confiança aos investidores dos dois países.
Outro aspecto que pode melhorar os negócios em Angola, segundo a diplomata, é a facilidade nos vistos. As trocas comerciais entre os dois países estão estimadas em três mil milhões de dólares, favoráveis a Angola, devido às remessas de petróleo. O valor já representa 15 por cento superior ao ano passado. As exportações para Espanha ocupam o segundo lugar, apenas superadas pela China, com 6,2 por cento.