Angola e Brasil lideram comércio com a China

Fotografia: Francisco Bernardo

Fotografia: Francisco Bernardo

Angola e Brasil lideraram o comércio entre a China e os países de língua portuguesa em 2014.

Os dois países foram responsáveis por 123,97 mil milhões de dólares (12,5 triliões de kwanzas) ou 93 por cento do total  dos 132,58 milhões de dólares (13,5 triliões de kwanzas), que registou um acréscimo de 0,85 por cento em relação ao valor de 2013, informaram os Serviços de Alfândegas da China divulgados esta semana em Macau.
O valor resultou de importações por parte da China no montante de 86,43 mil milhões de dólares – menos 1,19 por cento do que em 2013 – e exportações chinesas para os oito países de língua portuguesa no valor de 46,14 mil milhões de dólares – mais 4,91 por cento.
De acordo com os Serviços de Alfândegas da China, o grande peso de matérias-primas, dos quais se destaca o petróleo, cujos preços desceram no mercado internacional, fez com que o ritmo de crescimento abrandasse no ano passado.
O Plano de Acção para a Cooperação Económica e Comercial (2014/2016), aprovado durante a terceira reunião ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, previa a adopção de “todas as medidas necessárias e propícias” para atingir até 2016 a meta de 160 mil milhões de dólares nas trocas comerciais no conjunto de países.
Com o Brasil, o principal parceiro comercial da China em termos mundiais, o comércio ascendeu a 86,90 mil milhões de dólares (menos 3,29 por cento), com vendas brasileiras no valor de 51,97 mil milhões de dólares (menos 3,15 por cento) e vendas chinesas no montante de 34,92 mil milhões de dólares (menos 3,49 por cento). Angola surge em segundo lugar com um comércio bilateral de 37,07 mil milhões de dólares (mais 3,23 por cento), que resultou de exportaçõesangolanas de 31,09 mil milhões de dólares (menos 2,67 por cento) e exportações chinesas de 5,97 mil milhões de dólares (mais 50,73 por cento).
No terceiro lugar, por ordem de importância, aparece Portugal, com trocas comerciais no valor de 4,8 mil milhões de dólares (mais 22,88 por cento), em que 3,13 mil milhões de dólares (mais 25,15 por cento) correspondem a vendas chinesas e 1,66 mil milhões de dólares a vendas portuguesas (mais 18,81 por cento). Moçambique encontra-se no quarto lugar com um comércio bilateral no montante de 3,62 mil milhões de dólares (mais 119,79 por cento), em que 1,96 mil milhões de dólares (mais 64,55 por cento) representam exportações chinesas e 1,65 mil milhões de dólares (mais 266,37 por cento) exportações moçambicanas.Os restantes países de língua portuguesa – Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – registaram um comércio com a China no valor global de 184 milhões de dólares.
O mais recente relatório do Conselho Empresarial do Brasil atribuiu a queda nas exportações brasileiras para o maior mercado na Ásia à “tendência de diminuição dos preços internacionais das principais matérias-primas, como o petróleo”.

Números sombrios

As exportações de soja – feijão, farelo e óleo – e de minério de ferro, que representam mais de dois terços das exportações brasileiras para a China, aumentaram em quantidade mas recuaram fortemente em valor.
“O padrão das exportações brasileiras para a China manteve-se igual, grosso modo, ao verificado nos anos anteriores, uma vez que as vendas para a China concentraram-se no envio de soja, minério de ferro e petróleo, que, somados, representam 79,8 por cento das vendas”, refere o relatório do Conselho Empresarial do Brasil. Apesar de um recuo nos totais de exportações chinesas (3,49 por cento) e importações (3,15 por cento), o Brasil continuou a ser, de longe, o mais importante parceiro comercial da China nos países de língua portuguesa, com um comércio bilateral superior a 89 mil milhões de dólares.

Menos importações

No caso angolano, as importações de matérias-primas a Angola recuaram 2,67 por cento, devido à descida do preço do petróleo, que constituiu o grosso das compras da China a Angola, sendo que as exportações chinesas aumentaram mais de 50 por cento.
A necessidade de alargamento da base comercial começou a ser antecipada na terceira reunião ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, com o lançamento do Centro de Serviços Comerciais para as Pequenas e Médias Empresas da China e dos Países de Língua Portuguesa, do Centro de Distribuição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa e do Centro de Convenções e Exposições para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Foi ainda lançado o Fundo da Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, uma iniciativa conjunta do Banco de Desenvolvimento da China e do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização de Macau (FDIC), com a primeira parcela no valor de 125 milhões de dólares.

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