Estratégia no combate ao consumo de drogas

Fotografia: Dombele Bernardo

Fotografia: Dombele Bernardo

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Rui Mangueira, defendeu ontem, em Luanda, a participação de todos os sectores da sociedade no combate ao consumo excessivo de álcool e drogas.

Rui Mangueira disse que o consumo de álcool e drogas no país é preocupante e deve ser encarado com muita atenção. “Está comprovado que a erradicação da droga assenta numa estratégia multidisciplinar de prevenção, redução de riscos e tratamento de toxicodependentes, sobretudo em relação aos jovens”, disse o ministro na abertura da conferência internacional sobre o consumo de álcool e drogas.
Rui Mangueira defende novas formas de educação no trabalho preventivo contra o consumo excessivo de álcool e drogas, como forma de reforçar a segurança nacional, a dignidade das pessoas e desenvolver a auto-estima na juventude.
Na conferência, que decorre até amanhã sob o lema “Por uma Angola sã, livremo-nos das drogas e da toxicodependência”, numa promoção da Fundação Eduardo dos Santos (FESA), o ministro defende a continuidade do programa e acções de inserção de jovens no sistema de ensino, nos centros de formação profissionais e no mercado de trabalho e o aumento dos serviços de saúde, de justiça e o apoio familiar.
Estas acções, disse o ministro, ajudam a desencorajar o consumo e tráfico de drogas. “Devemos aumentar o espaço de debate para que toda a sociedade seja chamada a participar”, disse, destacando o envolvimento das famílias e das escolas no processo.
Rui Mangueira defendeu o aumento de centros de tratamento de alcoólatras e toxicodependentes, onde a sociedade civil pode participar através de assistentes sociais. O ministro lembrou que o Executivo desenvolve o Plano Nacional de Luta Anti-Drogas, através do Instituto Nacional de Luta Anti-Droga, tutelado pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.
Através da intervenção de organismos estatais e privados, a instituição desenvolve acções locais de combate ao consumo excessivo de álcool e drogas. Está em preparação uma proposta de Lei contra o alcoolismo, outra que vai regulamentar o uso do dopping no desporto e a actualização da Lei Contra as Drogas. Na conferência, que termina amanhã no Palácio dos Congressos, participam membros dos órgãos auxiliares do Titular do Poder Executivo, deputados, representantes dos partidos políticos, das igrejas, Organizações Não Governamentais e estudantes.

Saúde mental

Ontem, ao dissertar sobre “Epidemiologia do alcoolismo, situação em Angola”, o secretário de Estado da Saúde, Carlos  Masseca, disse que estão em curso acções para  melhorar os serviços de saúde mental em diferentes níveis. Carlos Masseca referiu que o consumo excessivo de álcool aumenta o risco de a pessoa apanhar cerca de 200 tipos de doenças. O secretário de Estado apontou a cirrose hepática e alguns tipos de cancro como as principais doenças que afectam as pessoas que fazem uso abusivo de bebidas alcoólicas. Estas pessoas são vulneráveis a doenças infecciosas, como a tuberculose e a pneumonia, que levam à morte.
Carlos Masseca disse que o álcool, o tabaco, a má alimentação e a falta de exercícios físicos contribuem para o aumento de doenças crónicas. Masseca referiu ainda que o consumo excessivo de álcool está na base dos elevados índices de acidentes de viação.

Debate diversificado

A conferência está repartida em três painéis. No primeiro, realizado ontem, foram debatidos temas como “Epidemiologia do alcoolismo: situação no mundo”, proferido pelo italiano Mauro Ceccanti, “Epidemiologia do álcool: situação em Angola”, pelo secretário de Estado da Saúde, Carlos Masseca, e “Patologias relacionadas com o consumo de álcool”, igualmente por Mauro Ceccanti. Ainda ontem os participantes abordaram os “Distúrbios alcoólicos fetais”, “Tratamento multinacional e comportamental cognitivo e toxicodependente” e “Alcool treck tretment”.
Para hoje estão agendados os temas do segundo painel, onde se destacam temas como “Co-morbilidade do alcoolismo e distúrbios psiquiátricos”, pelo italiano Svitali Mário, “A responsabilidade comum e partilhada, um desafio no combate às drogas”, pelo angolano Sucami André, “O álcool do ponto de vista económico, Indicadores a usar e a sua monitorização”, pela italiana Sabrina Madia, “Campanha de marketing e publicidade em Angola”, por Manuel da Conceição, da FESA.
Amanhã, último dia desta conferência organizada pela Fundação Eduardo dos Santos, acontecem debates sobre  “Actividade de enfrentamento no combate ao tráfico de drogas em Angola”, bem como a apresentação das experiências do Brasil, Moçambique e Portugal sobre esta matéria, muito actual entre os vários Estados.

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